José Roberto de Magalhães Teixeira, conhecido como Grama,
nasceu em Andradas – MG, no dia 18 de junho de 1937. Era filho de Adalberto
Magalhães Teixeira e de Iracema Cruz de Magalhães. Foi casado com Teresa
Cristina Tavares Magalhães, com quem teve três filhos.
Cursou odontologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, entre 1957 e 1961, tornando-se cirurgião-dentista. Teve destacada participação na política estudantil e dirigiu o centro acadêmico 25 de Outubro, durante o período universitário. Também neste período, dirigiu o diretório central de estudantes (DCE) da PUC.
Em 1966, Magalhães Teixeira ingressou no Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), um partido político que fazia oposição ao Regime Militar instaurado
no país entre 1964.
Três anos depois foi eleito vereador em Campinas pelo MDB,
e exerceu o mandato entre os anos de 1968 e 1973. Neste último ano, tornou-se
diretor do Departamento de Educação, Física, Esportes e Recreação da Prefeitura
Municipal de Campinas, onde permaneceu até 1976. Ainda nesse ano, elegeu-se
vice-prefeito de Campinas pelo MDB, na chapa liderada pelo deputado Francisco
Amaral.
Iniciou seu mandato no ínicio de 1977 e, durante seis anos
de seu mandato, assumiria a administração interinamente entre 1979 e 1981.
Durante os dois primeiros anos do governo de Chico Amaral, Magalhães Teixeira
acumulou a vice-prefeitura com a pasta da cultura. Em novembro de 1978, elegeu-se
suplente de senador pelo MDB para a legislatura 1979-1987.
Seu descontentamento com o estilo adotado por Orestes
Quércia à condução do MDB paulista , Magalhães Teixeira liderou, em 1979, uma
chapa de oposição que preencheu 30 % das vagas do diretório municipal do
partido. Em novembro de 1979, com o fim do bipartidarismo e a consequente
reorganização do quadro partidário, ele filiou-se ao Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), uma agremiação sucessora do MDB, porém as brigas
com Quércia continuaram no novo partido.
Entre 1981 e 1982, presidiu a Fundação José Pedro de
Oliveira, até que em novembro deste último ano disputou a prefeitura de
Campinas pelo MDB, concorrendo com o vereador José Paulo Naccaratto,
ex-integrante da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de apoio do
regime militar, apoiado por Orestes
Quércia. Magalhães Teixeira venceu a eleição e assumiu o cargo em março de
1983.
Durante seu mandato, participou do Seminário Internacional sobre Administração Municipal da Fundação Konrad Adenauer, na República Federal da Alemanha (RFA), em 1983. Teve seu mandato prorrogado até 1988, para não haver coincidência das eleições para prefeituras e governos estaduais no pleito de novembro de 1986.
Em seu primeiro mandato foi avaliado como o prefeito mais bem
avaliado do Brasil, e tornou-o reconhecido como símbolo da ruptura com as
velhas lideranças partidárias.
Seu desentendimento com a figura de Quércia
intensificou-se na campanha para o governo de São Paulo em novembro de 1986,
quando Magalhães Teixeira apoiou o empresário Antônio Ermírio de Moraes,
candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No entanto, Quércia venceu
as eleições daquele ano.
Em meados de 1988, Magalhães Teixeira foi um dos fundadores do Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB), agremiação criada por dissidentes do PMDB, naquele anos tornou-se vice-presidente estadual do PSDB.
Em outubro de 1990, ele concorreu à vaga de
deputado federal pelo PSDB, sendo eleito com a quinta maior votação do estado.
Empossado em fevereiro de 1991, foi membro titular da Comissão de Ciência e
Tecnologia e Comunicação e Informática, e membro da comissão parlamentar
destinada a oferecer à mesa estudos e sugestões, objetivando o aperfeiçoamento
dos trabalhos administrativos e legislativos da Câmara em 1991.
Em 29 de setembro de 1992, na sessão da Câmara que
promoveu a votação da abertura do processo de impeachment do presidente
Fernando Collor, sua votação foi favorável. Collor era acusado de crime de
responsabilidade por ligações com um esquema de corrupção liderado pelo
ex-tesoureiro de sua campanha
presidencial, Paulo César Farias.
Magalhães Teixeira permaneceu no cargo de deputado
federal por apenas dois anos, pois em outubro de 1992, elegeu-se novamente para
a prefeitura de Campinas, no primeiro turno, recebendo o total de 61% dos votos
válidos. Com isso, renunciou ao mandato da Câmara, tendo como substituto José
Aníbal.
Em janeiro de 1993, Magalhães Teixeira assumiu mais uma
vez a prefeitura de Campinas, e durante sua gestão foi adotada, pela primeira
vez em uma cidade brasileira, um
programa de garantia de renda mínima para complementar os vencimentos de
famílias pobres. Pelo projeto, implementado a partir de fevereiro de 1995,
a administração municipal comprometia-se a pagar um subsídio mensal às famílias
consideradas extremamente carentes, residentes de Campinas no mínimo há dois
anos e com filhos frequentemente a escola. Essa iniciativa contou com o apoio
do senador petista Eduardo Suplicy, um dos introdutores da discussão sobre o
programa no Brasil, e serviu de exemplo a outras cidades brasileiras.
Naquele novo mandato, ele implantou uma linha telefônica
para comunicação direta entre comunidade e prefeitura, para que fossem deixadas
sugestões ou críticas para o prefeito. Houve a inclusão de flúor na água
tratada que chegava às residências, a fim de melhorara a saúde bucal da
população.
Magalhães Teixeira foi coordenador, no interior do estado
de São Paulo, da campanha vitoriosa à
presidêcia do país do amigo desde os anos 60, Fernando Henrique Cardoso.
Em novembro de 1995, Magalhães Teixeira foi diagnosticado
de câncer de fígado. Ainda assim, recusou a possibilidade de afastar-se do
cargo, e passou a orientar a prefeitura
de Campinas de sua casa, contando com um conselho de governo e com o vice-prefeito Edivaldo Orsi (PSDB) para
cuidar das questões administrativas rotineiras.
Uma personalidade simples e carismática, como muitos os
definiram. José Roberto Magalhães Teixeira exibia uma liderança natural e tinha
vocação para trabalhar em prol da cidade. Ele tratava a população com muita
empatia, não era demagogo, nem populista, mas uma pessoa que gostava de
Campinas e seus habitantes. Ficou marcado por olhar a causa dos menos
favorecidos, suas necessidades, e exergou as dificuldades que a desigualdade
social geram, sobretudo para o progresso de pessoas situadas no limite da
pobreza, sem colocar em ponto de igualdade o bem sucedido e o miserável a partir do
ponto de partida do esforço próprio, mas reconhecendo que há outras variáveis
que definem a condição do indivíduo, e por isso, partilhando da ideia de que uma
renda mínima é necessário para que o indivíduo carente possa se reerguer, e
buscar melhores oportunidades em um mundo onde as boas oportunidades são tão
restritas.(Opinião do autor do artigo)
Era querido pela população e admirado
pelos colegas do partido, além de respeitado por adversários políticos.
Magalhães Teixeira morreu no dia 29 de fevereiro de 1996.
Dentre as inúmeras homenagens que o prefeito Magalhães
Teixeira recebeu em Campinas, seu nome imortaliza uma rodovia, também conhecida
como Anel Viário Magalhães Teixeira.
Fonte:
ALEXANDRE CAMPANHOLA