Dizem que estudou de mais e muito pensou no futuro. Foi então que lhe fugiu a razão, e começou a andar pelas ruas todo elegante, sempre de terno e gravata, bem penteado, suportando uma caixa de engraxate nas costas e conversando com seu amigo invisível.
Vivia aos pés dos outros, caprichando para dar brilho aos sapatos castigados, já que sua vida era um mistério obscuro. Pagavam-lhe por seu trabalho, como se fizesse alguma diferença.
Sempre no final do dia, sentava-se na plataforma do ponto onde esperava seu ônibus, e rasgava cédula por cédula de reais de sua realidade, pois do contrário, ninguém o entenderia.
Crônicas de Campinas
Alexandre Campanhola
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