Bernardino
de Campos Júnior nasceu em Pouso Alegre, Minas Gerais, no dia 6 de setembro de
1841. Era filho de Bernardino José de Campos , juiz de direito da cidade, e de
Felisbina Rosa Gonzáles de Campos. Fez os estudos secundários no Colégio Júlio
em São Paulo.
Cursou
Direito na Faculdade do Largo São Francisco, entre os anos de 1858 e 1863. Nesta
universidade havia uma grande efervescência das ideias republicanas e
abolicionistas, e foi onde estudaram personalidades como Júlio de Castilhos,
Assis Brasil, Barros Cassal e Alcides Lima., identificados com a causa
antimonárquica.
Um
ano após sua formatura, Bernardino de Campos, devido ao assassinato de seu pai,
iniciou sua carreira de lutas forenses como advogado de acusação. Em 1865, ele
casou-se em Campinas com Francisca de Barros Duarte, e no ano seguinte, abriu
uma banca de advogado em Amparo, onde fixou residência.
Na
cidade de Amparo, Bernardino de Campos foi eleito várias vezes ao cargo de
vereador. Também se dedicou ao cargo de jornalista e, ao lado de Quintino
Bocaiúva, dirigiu o jornal republicano O País, consolidando sua participação no
movimento pelo fim do trabalho escravo no Brasil. Integrou o grupo paulista dos
caifases, responsáveis por ações de fugas de escravos e pela proteção jurídica
aos líderes abolicionistas.
Em
1873, Bernardino de Campos participou da Convenção de Itu, quando foi fundado o
Partido Republicano Paulista (PRP), agremiação pela qual se elegeu deputado
provincial, em 1877. Participaram da fundação do partido grandes nomes da
política paulista como Manuel Ferraz de Campos Sales e Prudente José de Morais
e Barros.
Em
1881, ao lado de Peixoto Gomide, Muniz de Sousa e Antônio Bittencourt, ele
fundou o Jornal Época. No ano seguinte, tornou-se membro da comissão permanente
do PRP. Foi signatário do Manifesto de 24 de Maio, em 1888, assinando o
documento que pregava a revolução contra o regime monárquico e que causou forte
impacto na conjuntura política nacional.
Instaurada
a República no Brasil, em 1889, Bernardino de Campos foi indicado para
participar da junta governativa de São Paulo. Em 1891, foi eleito deputado
constituinte e no decorrer de seu mandato manifestou oposição ao governo
provisório do marechal Deodoro da Fonseca, e apoio a sua substituição por
Floriano Peixoto.
Em
1892, Bernardino de Campos tornou-se presidente da Câmara dos Deputados, e em
seguida, chegou a ser indicado pelo Barão de Lucena, para ocupar uma cadeira no
Supremo Tribunal Federal, mas recusou a oferta para se candidatar ao governo de
São Paulo. Eleito nas urnas em 18 de agosto foi empossado no dia 23 do mesmo
mês, sucedendo José Alves de Cerqueira César.
À
frente o executivo paulista, teve de enfrentar a grave epidemia de febre
amarela que se estendeu da região de Santos até o município de Campinas,
mobilizando uma vultosa equipe de engenheiros e médicos especializados em
doenças tropicais.
Ainda,
como líder no governo de São Paulo, teve de intervir tanto na Revolta da Armada
quanto na Revolução Federalista, contribuindo com o governo federal com
suprimentos, recursos financeiros a até socorros para a cidade da Lapa, no
Paraná, que se encontrava sitiada pelas tropas rebeldes. Seu apoio às forças
federais foi fundamental para a derrota dos federalistas que ameaçavam a jovem
república brasileira. Estando em visita
ao Forte Augusto no momento em que um navio rebelde atirava sobre a cidade de
Santos, Bernardino de Campos foi aconselhado por um de seus ajudantes de ordens
a abaixar-se, e respondeu com uma frase que ficou célebre: "São Paulo
não se abaixa!"
À
medida que o tempo passava, Bernardino de Campos via aumentar seu prestígio
político. Quando deixou a presidência de São Paulo, em 1896, foi eleito para o
Senado Federal, mas após quatro meses, renunciou para substituir Rodrigues
Alves no Ministério da Fazenda.
Como
Ministro da Fazenda, ele deparou-se com uma forte inflação e uma queda no preço
do café no mercado internacional, configurando a primeira crise de
superpordução do principal produto de exportação do Brasil naquela época.
Também havia uma instabilidade política causada pelas forças contrárias ao novo
regime. A gestão de Bernardino de Campos foi marcada pela tentativa de
restabelecer o equilíbrio das contas nacionais e reorganização do Tesouro
Nacional. Foi substituído por Joaquim Murtinho no ministério, decisão tomada
pelo presidente Campos Sales, que incumbiu o substituto, titular do Ministério
da Indústria, Viação e Obras Públicas, para articular com os credores
internacionais um plano para a salvação das finanças da república.
Voltou
ao Senado de 1900 a 1902 por São Paulo, ocupando a presidência da casa.
Integrou a comissão sobre o código Civil presidida por Rui Barbosa.
De
1902 a 1904, esteve presente novamente no governo de São Paulo, enfrentando uma
nova epidemia de febre amarela que se abateu sobre o Porto de Santos. Durante
sua gestão foi inaugurado o Museu do Ipiranga e foi melhorado o abastecimento
de água na capital paulista. Em 30 de
abril de 1904, renunciou ao governo de São Paulo por causa de um glaucoma, e
foi buscar tratamento na Europa.
Após
sua volta ao Brasil, Bernardino de Campos foi cogitado pelo Partido Republicano
para substituir Rodrigues Alves na presidência da república, e ele responde:
"Eu não sou candidato a cousa alguma. Nunca, em toda a minha vida , o fui.
Fizeram-me candidato. Estava na Europa cuidando da saúde e não pensava,
absolutamente, na sucessão presidencial. Se o partido adotou a minha
candidatura, eu vivo com o meu partido". E, coerente consigo mesmo,
renuncia a essa candidatura em agosto de 1905, afirmando que "não podia
consentir se pusesse como obra de ambição o que somente era do patriotismo e
amor". Um acordo entre líderes optou pela eleição do candidato de Minas
Gerais Afonso Pena.
Em
1905, voltou à Europa para o tratamento de um familiar. Neste período, perdeu a
visão de seu único olho saudável, e regressou ao Brasil completamente cego.
Em
1909, foi lançada a candidatura do marechal Hermes Rodrigues da Fonseca à
sucessão de Affonso Augusto Moreira Penna e o nome de Bernardino de Campos
volta a ser lembrado, na famosa carta em que Rui Barbosa condena a candidatura
militarista. Mas o nome que empolga o antimilitarismo é o do próprio Rui
Barbosa, a cuja campanha Bernardino se entrega de corpo e alma. Mesmo cego, foi
aclamado presidente de honra de grande convenção do PRP por proposta de Pedro
Moacir, em 22 de agosto de 1909, quando a candidatura de Rui Barbosa se
oficializa.
Ainda
em 1914, esteve na Europa para acompanhar os estudos dos filhos e o tratamento
médico da esposa. Neste período o início da Primeira Guerra Mundial impôs
dificuldades ao seu regresso ao Brasil, ocorrido em 14 de outubro.
Recebeu
o título de general honorário do Exército Brasileiro. Também exerceu a
atividade de consultor jurídico da São Paulo Light e da Estrada de Ferro
Sorocabana.
Bernardino
de Campos faleceu em São Paulo, no dia 18 de janeiro de 1915.
Os
seus últimos momentos foram assim descritos por Cândido Mota Filho: "O
automóvel fechado que o leva dá voltas pelo centro, dificultosamente, em
virtude do movimento, que era intenso. Bernardino de Campos tem a feição
transtornada. O secretário, que o acompanha, percebe a extensão do seu
sofrimento. Ao passar o carro pelo Largo de São Francisco, bem em frente à
Academia de Direito, Bernardino de Campos tem um estremecimento brusco e deixa
cair a cabeça sobre o peito. Estava morto. O relógio da Faculdade, que ele
amara tanto, acusava 15 horas. O automóvel vai mais depressa em procura de
socorro médico e chega ao escritório do Dr. Murtinho Nobre. Não adianta mais
nada".
Nas
esquinas com a Barão de Jaguara, amigos se encontram para aquele delicioso bate
papo depois do almoço. Na Livraria Pergaminho, a vendedora observa o movimento
no Café Regina, as pessoas que observam o monumento de Carlos Gomes, como se o
dia a dia fosse uma linda crônica de uma Campinas que o tempo não desfez.
Ainda
resiste firme o belo prédio do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas,
e toda a riqueza artística, cultural e histórica que ele guarda consigo,
enquanto a renovada Avenida Francisco Glicério exibe sua grandeza e movimento.
À medida que se adentra a Rua Bernadino de Campos é isto que reflete melhor o
que é o centro campineiro, movimento e agitação.
Em
alguns trechos, os paralelepípedos deixam esta rua ainda mais charmosa.
Em
sua forma estreita, calçadas, pessoas e carros procuram espaço, enquanto são
observados por antigos prédios, símbolos de uma outra época, que nunca será
esquecida.
De
repente, a agitação e o movimento intensificam-se ainda mais. Pessoas disputam
espaço com os carros, por todo lado os camelôs concorrem com as lojas de
pequeno porte pela atenção do transeunte. Também entram na disputa as lojas de
móveis usados. O comércio dedicado à baixa renda, à ilusão das marcas inautênticas,
ao consumismo alternativo, mostra sua força.
Mas,
em sua continuidade que se afasta do centro efervescente, tudo vai se acalmando.
Os carros em movimento agora são carros estacionados. Carros e carros
estacionados seguem o curso desta rua até seu início.
Esta
é a Rua Bernadino de Campos, grandiosa como foi o homem que a nomeia, e
tornou-se com isso, imortal na memória campineira.
Ela tem seu início no limite da
Rua Lidgerwood e se estende até a Rua Barão de Jaguara.
Possui
1,1 mil metros de extensão e ainda guarda uma aparência antiga por ser estreita
em algumas quadras e conservar os paralelepípedos como calçamento.
O
nome Bernardino de Campos foi proposto pelos vereadores de Campinas para nomear
a via em 1895, em substituição a denominação Rua América, sugerida em 1882.
Antes, era conhecida como “Rua da Cadeia”, por causa da velha prisão localizada
na via. Bernardino de Campos ainda era vivo, quando seu nome foi dado à rua.
Na
Rua Bernardino de Campos está presente o prédio do Centro de Ciências, Letras e
Artes de Campinas (CCLA), uma entidade particular, sem fins lucrativos, fundada
em 1901 por um grupo de cientistas, artistas e intelectuais que decidiram criar
uma instituição onde pudessem se reunir para estudo e produção de atividades
científicas e artísticas. O local conta com uma biblioteca com mais de 150 mil
volumes, pinacoteca, sala de leitura, galeria de arte, auditório para 220
pessoas e dois museus: Maestro Carlos Gomes e Campos Sales.
Bernardino
de Campos teve dentre as muitas homenagens que recebeu por sua ilustre
existência uma cidade do interior paulista que recebeu seu nome e uma rua no
centro de Campinas.
Fontes:
CRÔNICA DELICIOSA, QUE, JUNNTO COM A DESCRIÇÃO DA HISTÓRICA RUA, CONTA QUEM FOI O HPMENAGEADO. BERNARDINO DE CAMPOS, UMA DAS MAIS EMINENTES FIGURAS DE NOSSA HISTÓRIA. GOSTO MUITO DESTE TIPO DE MATÉRIA. PARABÉNS
ResponderExcluirItapetininga tbm tem a RuaBernardino de Campos começa na Rua Gal. Carneiro atravessa a rua Julio Prestes e termina na linda Praça Peixoto Gomide paralelas a Silva Jardim e Campos Sales.
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