A Vila Padre Anchieta é o principal bairro do Distrito de
Nova Aparecida. Ela tem ao sul a Vila Lunardi, a oeste o município de
Hortolândia, a noroeste o município de Sumaré, a nordeste a Rodovia Anhanguera,
a leste o Jardim Aparecida e a sudeste a Vila Reggio e o Núcleo Residencial Boa
Vista.
A vila foi inaugurada no dia 11 de fevereiro de 1982 pelo
Presidente do regime ditatorial da época, João Figueiredo, com um discurso
inaugural na Avenida João Paulo II.
Quando o presidente inaugurou a vila, em uma quinta-feira, dava-se
início oficalmente à vida comunitária de uma “cidade” não apenas de porte
razoável, mas também com uma infraestrutura urbana de causar inveja à maioria
das pequenas localidades do interior.
Foi a Cohab-Campinas que se responsabilizou pela
construção daquele conjunto de habitações, um dos maiores do Estado de São
Paulo com suas 3.564 moradias, das quais 1.072 eram apartamentos. Também foi
construída uma complexa estrutura de lazer e serviços, que incluía 56 lojas, uma
escola de primeiro grau com 21 salas, que era seguramente a maior do Estado, um
centro esportivo com quadra de futebol e piscina, um centro médico, um posto
policial, anfiteatro, creche, sala odontológica e centro social.
A Escola Estadual Miguel Vincente Cury foi inaugurada em
1981 e leva o nome do empresário, político e ex-prefeito de Campinas, Miguel
Vicente Cury. A escola foi inaugurada em um período em que a Vila Padre
Anchieta assistiu à chegada dos primeiros moradores que ocupariam as casas
populares que foram entregues.
Nasceu também com a vila, um grande centro comercial com
52 estabelecimentos distribuídos em 29 ramos de atividades comerciais. Além
deste centro comercial constituído de pequenas lojas, foi reservada uma área
para a construção de um grande supermercado. Com isso, percebeu-se um fenômeno
interessante: o comércio do bairro da Aparecidinha, com seus numerosos
empórios, bares, quitandas, mercearias e padarias também foi reestimulado em
função do conjunto.
Os ramos de negócios
escolhidos e o número de lojas previstas foram determinados por uma pesquisa
sobre as necessidades básicas de compras feitas pela população. Um varejão,
intermediado pelo Ceasa de Campinas, fazia o abastecimento de gêneros de
primeira necessidade para os moradores do conjunto habitacional.
O prefeito Francisco Amaral havia determinado desde
início de sua gestão a construção de 10.730 unidades habitacionais, e garantia
“quem passa pelo conjunto Padre Anchieta e se espanta com a grandiosidade da
obra, ainda não viu nada”. Até o final do mandato, Chico Amaral havia prometido
a construção de mais 6.500 casas no Distrito Industrial, vizinhas às 968 já
existentes naquela época.
Segundo os jornais da época, a concretização daquele
objetivo daria a Chico Amaral a façanha inédita em termos de administração
municipal de ter criado moradias suficientes para abrigar mais de 10% da
população do município, tornando-se na história de Campinas o prefeito que
estabeleceu como prioridade de governo o sistema habitacional.
A Vila Padre Anchieta ocupa uma área de 1.270.000 metros
quadrados, e em 1980, abrigava cerca de 18 mil pessoas, em sua grande maioria
trabalhadores das indústrias . Em uma pesquisa feita na época foi constatado
que mais de 90% dos domicílios do conjunto era formado por famílias de mais de
cinco integrantes, e dados sobre a renda e os números do contingente familiar
indicavam também que estas pessoas vieram de regiões rurais, que 11% vieram de
favelas ou de pequenos cômodos de fundos. A grande maioria dos incluídos nessas
duas categorias , entretanto, viviam em cortiços ou em pequenas casas de
aluguéis altíssimos.
Discurso do Presidente Figueiredo:
“ A casa própria é a segurança da familia. Possibilitar
habitação condigna aos brasileiros está entre os mais
firmes compromissos sociais do meu Governo. Cumprir
esse encargo, entretanto, constitui tarefa extremamente
rude. Os núcleos habitacionais crescem de forma rápida
e incessante. Contribuem para isso as migrações do campo
para as cidades. Milhões de brasileiros vêm procurando
nesses últimos tempos as zonas urbanas em busca
de melhores condições de vida. Agrava-se desse modo a
crise habitacional, que já seria preocupante se causada,
tão-só, pela necessidade de novas construções, para fazer
face ao crescimento vegetativo das populações locais.
Objetivo prioritário do meu Governo, o plano habitacional
está sendo executado com maestria, tenacidade
e eficiência e em todos os lugares onde a situação se
mostra premente, constróem-se conjuntos habitacionais,
onde, pelo menos, se tenha água, luz, escola e assistência
médica. O ritmo que vem sendo imprimido a este
trabalho, desse grande programa social, permite assegurar
que, em 1985, vinte e cinco milhões de brasileiros,
cerca de 1/5 da população do Brasil, estejam vivendo
sobre o teto da casa própria edificada com o auxilio do
Governo.
Já em março pretendemos iniciar um outro programa
e expandi-lo para o trabalhador rural, fazendo com
que ele se' fixe no seu rincão e vejamos diminuído esse
afluxo para as grandes cidades. Milhões de cruzeiros estão
sendo investidos nesse vital empreendimento, para
cuja execução mobilizei ministérios, governos estaduais e
municipais, empresários, trabalhadores e corporações
comunitárias.
Ao voltar a Campinas, terra onde nasceu, viveu e
faleceu minha mãe; terra que faleceu meu pai; terra onde
reside há muitos anos a minha única e querida irmã
Luiza; terra onde vivem parentes a quem sou profundamente
afeiçoado; é com imensa satisfação, ao voltar a
Campinas, que vejo prontas mais de três mil e quinhentas
casas do Conjunto Anchieta. Sábado verei outras sete
mil e duzentas em Itaquera. Alegra-me verificar que o
problema da casa própria está sendo resolvido a passos
firmes, com o concurso de todas as forças sociais.
Alegra-me ver demonstrado que o meu Governo, com o
auxílio da sociedade, vem possibilitando dar ao povo
brasileiro requisito fundamental para o seu bem-estar, a
casa própria.”
Fontes:
ALEXANDRE CAMPANHOLA
Parabéns pela reportagem..
ResponderExcluirCheguei em 80 até hoje com meus 42 anos
Muito bom este bairro
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirmuito legal gosto muito do bairro moro ai dez ano 80
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