No dia 25 de julho de 2024, o Lar dos Velhinhos de Campinas completou 120 anos de fundação. Mas, a história desta instituição é mais antiga e vamos descobrir agora.
Nos dias 22 de janeiro e 8 de fevereiro de 1899, o jornalista Antônio Sarmento defendeu, em sua coluna no jornal Diário de Campinas, a ideia da fundação de uma casa para os mendigos da cidade.
No final do século 19 e início do século 20, Campinas recebia muitas pessoas de outras localidades, que buscavam trabalho nas fazendas de café. Era um crescimento desordenado da cidade, e muitas das pessoas que vinham para cá não conseguiam trabalho, o que acarretou no crescimento do número de desabrigados, que vivam nas ruas em condições sub-humanas.
Já ocorriam mobilizações e debates entre representantes da sociedade civil, a fim de agir sobre tal situação.
No dia 25 de julho de 1904, o delegado Dr. Paulo Machado Florence defendeu também a ideia da criação de um asilo, em uma reunião realizada em uma das salas da delegacia de polícia, que culminou na fundação de uma casa dedicada à assistência a mendicidade, que foi denominada, conforme a grafia da época, Asylo de Mendigos.
Estiveram naquela reunião, além do Dr. Paulo Florence, velhos e nobres cidadãos campineiros, como: João de Paula Castro, Luiz José Pereira de Queiroz, Joaquim Villac, Euclides Teixeira, João Ravul, Aristides Pompeu, Virgínio Jacobsen e o padre Manoel Ribas D'Ávila.
No ano seguinte, foi realizada na Câmara Municipal de Campinas uma assembleia geral para a eleição da primeira diretoria definitiva.
Estiveram à frente da instituição nos primórdios de sua existência, o Sr. Orosimbo Maia como presidente; Dr. Alberto Sarmento, como vice-presidente; Joaquim Villac era o primeiro secretario; Tito Martins Ferreira, o segundo secretário; o tesoureiro era Antônio Egídio Nogueira; Joaquim Augusto de Faria Cardoso era o procurador; e Vitalino Ferraz, o mordomo.
Uma das primeiras profidencias dos administradores foi adquirir a Chácara República do Coronel Bento Bicudo, no alto Bonfim. A instituição foi instalada no casarão senhorial da fazenda. Este abrigo era procurado por muitas pessoas com problemas físicos e mentais, o que motivou a mudança do nome do local.
No dia 10 de dezembro de 1905, foi realizada a inauguração oficial, já com um novo nome: Asylo de Inválidos.
No início, o asilo acolheu 15 indigentes. Em pouco tempo, o número chegou a 200 desabrigados, número que cresceu com o tempo. Eram pessoas marcadas pela idade e pela pobreza.
Em 1930, foi realizado no Club Campineiro um baile beneficente em prol do Asilo de Inválidos, que contou com a presença de gentis senhoritas e distintivo rapazes da sociedade.
Um administrador ganhou notoriedade no asilo, Luiz Antônio Assumpção Leite, que foi convidado ao cargo por Orosimbo Maia. Era um homem de extraordinário presença e de extrema bondade. Ele teve a iniciativa de transformar o terreno do asilo em um grande pomar e horta, cujos produtos reforçavam a alimentação dos asilados.
O benemérito e sua família residiam em dependências da Obra. Ele era musicista, como seu pai, e sendo assim, alegrava a instituição com boas músicas.
No dia 29 de novembro de 1957, a Câmara Municipal de Campinas, através da lei 1840, homenageou o caridoso administrador Luiz Antônio Assumpção Leite, falecido em 1944, imortalizando seu nome em uma rua, que circunda o local da instituição.
Ainda em 1957, o presidente do Asilo de Inválidos era o Sr. Sylvino de Godoi. A sede do asilo, o casarão velho, possuía diversos pavilhões destinados a dormitórios de homens e mulheres. Havia também galpões da descansou separados.
No centro da propriedade havia uma residência antiga, ainda do tempo da fazenda, onde se encontrava de forma improvisada uma capela, a administração e clausura das irmãs.
Estas irmãs, pertencentes a Congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, eram em número de nove, e submissas a Madre Odete na prática cotidiana de seus afazeres. Elas cuidavam de mais de 200 idosos, com atenção na alimentação, na higiene das camas e roupas, na limpeza dos salões.
Havia enfermaria nas dependências do asilo, e no abrigo dos idosos, uma aparelho de televisão doado pelo Sr. Miguel Vicente Cury.
O Asilo dos Inválidos abrigava além dos idosos, jovens paralíticos, que recebiam a mesma dedicada atenção.
Naquele ano, houve um convite da diretoria do asilo, que contou com rotarianos e jornalistas. Estes convidados conheceram a instituição, suas atividades e beneficiados. Depois, foi oferecido um coquetel aos visitantes, e abordou-se temas como a finalidade das atividades. Este convite fazia parte de uma campanha para a reforma das instalação do asilo.
Em 1972, a partir da percepção de que a maioria das pessoas atendidas era constituída de idosos, alterou-se o nome para Lar dos Velhinhos de Campinas. A nova denominação passou a vigorar em maio daquele ano. Sua missão era o atendimento aos idosos em situação de vulnerabilidade social.
Nessa mesma década iniciaram-se reformas no local, tais como a demolição do antigo casarão, a construção de novos residenciais e a pavimentação e a iluminação de antigas ruas de terra que circundavam o terreno.
Atualmente, o Lar dos Velhinhos de Campinas proporciona habitação, cuidados com a saúde e atividades que visam uma melhor qualidade de vida a cerca de cem idosos em condições de vulnerabilidade econômica, social e/ou biológica.
O antigo Asilo de Inválidos, atual Lar dos Velhinhos de Campinas fica na Rua Irmã Maria de Santa Paula Terrier, 300, Vila Proost de Souza, em Campinas.
✍️ ALEXANDRE CAMPANHOLA
Campinas, meu amor
Fonte:
🔍 📸 Blog Pró-Memória de Campinas
🔍 https://diariocampineiro.com.br/lar-dos-velhinhos.../
🔍 Envelhecimento em uma instituição de longa permanência para idosos: experiências do Lar dos Velhinhos de Campinas
✍️ Autora: Vanessa Fernandez
🔍 Jornal Correio Paulistano, edição do dia 8 de Julho de 1930
📸 Centro de Memória da Unicamp
📸 https://www.facebook.com/lardosvelhinhospage?mibextid=ZbWKwL
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