sábado, 3 de agosto de 2013

QUADRO VERPERTINO - Crônica






Certas coisas parecem nunca mudar e esta constância apresenta-se para alguns observadores, como um quadro que retrata suas eternas realidades, o isolamento em um tempo estático.
Foi o que ocorreu com Sandoval por muito tempo. Vendedor em uma loja de componentes eletrônicos da Rua General Osório, sempre por volta das cinco e meia da tarde, ele esperava seu ônibus no Terminal Mercado, após um dia tranquilo, contagiado por sua tranquilidade. Paciente como de costume, na longa espera pelo ônibus coletivo, sua observação pousava sobre as senhoras gordas roendo os salgadinhos de bacon na fila, e as dezenas de pombos que as rodeavam, atraídos pelas migalhas, deixando seus esconderijos no alto do Mercado Municipal e desafiando o trânsito do terminal. Mas, Sandoval não era eterno e sua presença monótona não mais foi vista naquela gigantesca fila de trabalhadores. Apenas as senhoras robustas e os pombos famintos nunca deixaram de existir.











Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola



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