Instalado em um quarto de pensão, na Rua doutor Mascarenhas, ainda permanecia distraindo seus pensamentos noturnos as lembranças da lavoura escassa que se estendia no sertão. Agora, a tranquilidade das estradas nordestinas, onde o gado magro perambulava, foi substituída por uma rua movimentada, cujo trânsito escandaloso ele expiava da janela. Na obra, quando comentava que residia no centro da cidade, todos o invejavam; achavam muita soberba sua condição. Mas, ele nunca encontrou a vantagem que acentuavam. Os hospitais eram caros! As lanchonetes eram caras! A passagem de ônibus para ir no Taquaral aos domingos era cara! Até as prostitutas feias da Saldanha Marinho eram caras! Com o salário que ganhava na empreiteira, ainda se sentia no sertão vazio.
Crônicas de Campinas
Alexandre Campanhola
Nenhum comentário:
Postar um comentário