A
fábrica da Lidgerwood Manufacturing Company Limited era de origem
norte-americana e surgiu em Nova Iorque, no ano de 1801. Chegou ao Brasil no
ano de 1862, na cidade do Rio de Janeiro. William Van Vleck Lidgerwood foi o encarregado de negócios no território brasileiro. Em 1868, ela abriu seu primeiro depósito de
instrumentos agrícolas em Campinas. As grandes lavouras de café do oeste
paulista estavam em pleno desenvolvimento e eram certas as companhias férreas
passarem pela cidade, nos próximos anos. William Lidgerwood recebeu privilégios
por dez anos do Imperador Dom Pedro II para fabricar, importar e vender ao
império as máquinas de descaroçar e limpar o café. Anteriormente, ele já trazia
à Campinas por importação todo tipo de máquina agrícola, principalmente as
máquinas de café do sistema Lidgerwood.
O
desenvolvimento dos transportes e o crescimento da atividade cafeeira
estimularam os administradores da fábrica a comprar o prédio da Avenida Andrade
Neves, no qual seria instalada uma fundição de ferro e bronze, um depósito e
uma oficina para os produtos que comercializava. A construção da fábrica como
se preserva até os dias atuais ocorreu no ano de 1884.
A
arquitetura da fábrica seguiu o estilo neo-gótico vitoriano, com tijolos
aparentes, usando ferro fundido nas esquadrias das janelas, nas bandeiras das
portas, janelas do corpo principal e nas grades do porão.
Já na
década de 70 do século XIX, a fábrica da Lidgerwood era uma das maiores de Campinas. Durante a
visita do Imperador Dom Pedro II à cidade, em virtude da inauguração da
Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, mais de 180 operários da fábrica fizeram
parte da comitiva que recepcionou o imperador. Naquele ano de 1875, Dom Pedro
II visitou a fábrica, sendo recebido pelo chefe João Sheringhton, e pelos
operários e aprendizes.
Na
primeira Exposição Regional da cidade de Campinas de máquinas agrícolas, em
1885, o pavilhão Lidgerwood, instalado no Largo do Rosário, foi um dos mais
visitados. Foram apresentadas máquinas de beneficiar café, o descaroçador “Lidgerwood”,
a máquina paulistana (descaroçador que ganhou medalha de prata na Exposição
provincial), o ventilador “singelo moderno”, o catador duplo, o catador
prodígio, a máquina para picar fumo, para arrolhar garrafas, beneficiar arroz,
dentre outras.


Em
1889, uma terrível epidemia de febre amarela castigou Campinas e muitas
indústrias deixaram a cidade. Devido a falta de mão de obra, a fábrica da
Lidgerwood transferiu-se para a capital paulista no ano seguinte, mas manteve
aqui uma filial, que funcionou no mesmo endereço até 1922. Durante a epidemia,
a casa Lidgerwood providenciou ao povo campineiro água de fora da cidade,
fornecendo à sua custa os canos para captação e transporte de água de um pequeno
córrego dos lados da atual Estação de Samambaia, da Companhia Paulista. Em 1891, surge a Sociedade Beneficente
Lidgerwood criada no intuito de prestar serviços à população campineira durante
os surtos epidêmicos .
William
Van Vleck Lidgerwood foi agraciado pelo Governo Imperial com a comenda da Ordem da Rosa, e
dado seu nome pela Câmara à rua lateral ao prédio de sua companhia em 7 de
outubro de 1889.
A
mudança do regime político em 1890 que liberou a atividade empresarial, a
extinção da concessão especial do
Governo Imperial, o aumento da concorrência de pequenas fundições e da forte
Companhia Mac-Hardy, a transferência do potencial da fundição para a cidade de
São Paulo, foram fatores que contribuíram para o fechamento da Companhia
Lidgerwood em Campinas.
William
Lidgerwood morreu em Londres no ano de 1910. Ele deixou a seguinte frase para
Campinas:
“A minha casa em Campinas, enquanto eu for
vivo, dê lucro ou prejuízo, não se fechará. Foi ali que comecei a minha vida de
trabalho.
A
fábrica da Lidgerwood encerrou suas atuações em Campinas no ano de 1922 e
vendeu o antigo barracão. Passou por dois outros donos, sendo o primeiro a firma
Pedro Anderson & Cia. e o segundo comprador a Companhia Paulista de
Estradas de Ferro. Com o tempo, o prédio acabou servindo de depósito, caindo em
esquecimento e desuso. Apenas voltou a abrir suas portas em 1992, quando foi
inaugurado o Museu da cidade.
Fontes: