Todos os dias quando passo pela Rodovia Dom Pedro, sinto
em determinado trecho um delicioso cheiro de biscoitos, que sai das chaminés
da fábrica da Triunfo, e despertam na gente aquela saudade da infância, quando
a vida era brincar e saborear doces. Um dia destes descobri a história da Triunfo,
uma marca tipicamente campineira, e descobri que tudo começou há muito tempo
atrás, quando homens empreendedores trouxeram de Portugal a tradição dos doces
e entraram na história de Campinas.
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Segundo uma publicação do jornal Correio Popular de 14/11/2013,
foi o português João Francisco Alonso, que nasceu no dia 12 de outubro de 1908,
no Distrito de Bragança, em Portugal, o primeiro proprietário da indústria de
Doces Campineira. Posteriormente, ele criou a indústrias de Doces Netinho, que
existiu durante muito tempo no bairro Bonfim.
Mas, o que se sabe também é que a Doces Campineira surgiu
através das atividades comerciais do pai do falecido prefeito de Campinas,
Antônio da Costa Santos, o Toninho. O pai de Toninho chamava-se Joaquim da
Costa Santos e nasceu em Póvoa do Varzim, em Portugal, no ano de 1918. Durante
a Segunda Guerra Mundial, Joaquim mudou-se para o Brasil, trabalhou de
jardineiro, ascensorista, até que começou a atuar no ramo de negócios da
comunidade portuguesa, o das padarias. No final da década de 40, Joaquim veio
para Campinas e instalou um pequeno depósito para distribuição de doces em um
cômodo da Rua dos Alecrins, no bairro Cambuí. Este pequeno depósito
transfomou-se nos anos 50 na fábrica de doces Campineira, que viria a ser uma das
principais empresas do ramo no Brasil.
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Liderada pelo Senhor Santos e administrada por
portugueses, a Doces Campineira passou logo a fornecer doces para inúmeros
comércios da região de Campinas e de outras cidades. Para quem morava em suas
proximidades, na Rua dos Alecrins, era impossível não se deliciar com o aroma
de caramelo, morango, chocolate e amendoim que perfumava o ar. A fábrica
ocupava o quarterão onde hoje se encontra o Colégio Objetivo.
As entregas dos doces eram feitas em um furgão preto, que
tinha pintado na lataria a imagem do Zorro. E foi este personagem que deu nome
a um dos mais famosos produtos da Doces Campineira, o pirulito Zorro.
O pirulito Zorro, ao contrário dos outros pirulitos que
são redondos, era retangular. Era um pirulito de caramelo com coco, duro e que
grudava nos dentes. Era um sucesso nos armazéns e bares da cidade.
Outro doce que a Campineira fabricava e fazia muito
sucesso era a paçoca Pilantra. Era uma paçoquinha de chocolate muito gostosa.
Também se tornaram queridas entre a criançada as balas Kleps e 7belo. As balas
Kleps vinham embaladas em tiras, com desenhos de animais e de uma menina na
embalagem.
Mais um doce muito adorado era o chocolate Guarda-chuva. Era um
desafio retirar a embalagem sem quebrar a ponta do guarda-chuva.
O senhor Santos mantinha alguns contatos comerciais na
cidade de São Paulo, dentre eles, com o representante comercial, na época,
Armindo Dias.
Armindo Dias nasceu em Portugal, e em 1956, abriu mão de
trabalhar na lavoura no pequeno pedaço de terra da família, no interior de seu
país, e veio para o Brasil. Trabalhou na Bahia com representação de produtos
alimentícios e na Lacta, em São Paulo, época em que conheceu Joaquim da Costa
Santos.
Ao saber do empreendimento do amigo, Armindo interessou-se
em comprar 25% do negócio. Mais tarde, com o interesse do senhor Santos de
vender totalmente a Campineira, temendo que a empresa crescesse a ponto de a
família não conseguir mais controlá-la, Armindo Dias tornou-se o novo
proprietário da fábrica de Doces Campineira, em 1964.
Considerando o nome da fábrica muito regional, ele mudou
seu nome para Triunfo e começou a trazer equipamentos da Inglaterra para
modernizar o negócio.
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Autoria fotográfica: Carlos Bassan |
Nos anos seguintes, a Triunfo continuou sua história de
sucesso iniciada com o nome de Campineira. A empresa mudou de endereço e passou
a produzir seus produtos em uma fábrica na Rua Henrique Veiga, no bairro Santa
Genebra. Os biscoitos Triunfos começam a ganhar espaço na preferência popular e torna-se o principal produto da companhia.
Em 1992, a Triunfo tornou-se líder nacional do segmento
com a marca de biscoitos Triunfo, gerando 2400 empregos diretos.
Ainda década de
90, durante uma de suas viagens para a Europa, Armindo conheceu empresários da
Danone, que pretendiam fazer investimentos no Brasil, após outras tentativas
mal sucedidas. Armindo vendeu uma parte da Triunfo para a Danone e por algum
tempo teve-a com sócia na Triunfo. Mas, com o passar do tempo e diferenças de gestões,
ele vendeu sua parte. Isto em 1997.
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Autoria fotográfica: Carlos Bassan |
Segundo relatos, no período em que foi proprietária da
Triunfo, a Danone fechou o departamento de doces e balas, e concentrou-se na
fabricação de biscoitos. Mas, tal decisão representou um francasso, uma vez que
foi a venda de balas e doces que permitiu à Campineira tornar-se uma empresa de
repercussão nacional. A salvação foi a marca de biscoitos Triunfo.
Em 2004, a Danone e a empresa alimentícia Arcor fecham
fusão na área de biscoitos, e a marca Triunfo passa a ser propriedade desta
joint venture.
Fontes
http://www.panoramadenegocios.com.br/armindo-dias-um-exemplo-de-garra-e/
Um agradecimento especial ao amigo fotógrafo Carlos Bassan pelas fotos que registraram o interior da fábrica da Triunfo no passado.
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