Foi de súbito que o guarda com sua farda preta aproximou-se de Alexandre, que estava sentado pensativo na escadaria da Biblioteca Municipal “Ernesto Manoel Zink”, de olhos distraídos no trânsito da Avenida Benjamin Constant. O guarda, com indiferença e arrogância, disse-lhe que era proibido se sentar ali, e que para isso existiam os bancos derredor. Alexandre levantou-se de imediato naquele cenário deserto, onde sequer um transeunte passaria, e apenas baixou a cabeça e foi embora. Se fosse corajoso diria que todo mundo se senta na escadaria da Igreja “Nossa Senhora da Conceição”, do Palácio da Justiça, da Prefeitura, e nenhum guarda se manifesta. Diria que se a biblioteca estivesse aberta naquele lindo sábado, teria entrado para ler um bom livro, mas ela só abre durante a semana, quando estamos trabalhando. Diria que, enquanto estava sendo repreendido por se sentar sozinho defronte à biblioteca, inúmeros latrocínios ocorriam nos becos da cidade. Mas, não disse, temendo ser preso por desacato. Desacato mesmo tendo se levantado. Desacato por dizer a verdade.
Crônicas de Campinas
Alexandre Campanhola
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