Boaventura
do Amaral Camargo nasceu em Itu, em 1789. Foi um militar consagrado em 1812,
quando participou nas campanhas do sul contra os castelhanos. A pedido de um dos líderes da Revolução
Liberal Paulista de 1842, comandou como capitão o “Corpo Municipal de
Permanentes”, origem da atual Força Pública do Estado de São Paulo. No dia 02
de junho de 1842, quando comandava uma tropa de cavalaria de setenta homens no
Combate da Venda Grande em Campinas, durante a Revolução Liberal Paulista, ofereceu
tenaz resistência às forças militares que combatiam a revolta, mas foi
assassinado a sangue frio pelos soldados rivais.
A
Revolução Liberal Paulista teve seu início no dia 17 de maio de 1842, na cidade
de Sorocaba. Naquele dia, a Câmara Municipal daquela cidade decretou Sorocaba como
capital da Província de São Paulo e nomeou como presidente interino o
sorocabano Rafael Tobias de Aguiar,
líder do movimento revolucionário junto com o padre Diogo Antônio Feijó.
A
Razão da eclosão dessa revolta foram as decisões tomados pelo Partido
Conservador, que detinha o poder ministerial durante o império de Dom Pedro II. Antes da
ascendência do movimento revolucionário, os conservadores criaram uma lei
interpretativa do Ato Adicional de 21 de agosto de 1834, o qual dava maior
autonomia às províncias, e através desta lei pretendiam fortalecer a unidade
nacional, criando um Conselho de Estado para dirigir a nação e abolir as
assembleias legislativas das províncias. Este intuito de tirar a autonomia das
províncias, consolidando os conservadores no poder, causou revolta no Partido
Liberal, principal opositor dos conservadores, dando origem à Revolução
Liberal.
Duque
de Caxias foi chamado pelo Corte Imperial para pacificar São Paulo e
desembarcou, com 400 homens, em Santos. Logo organizou a defesa da capital e
em dois ataques sucessivos, obrigou os revolucionários a retirarem-se para
longe, perseguindo-os na direção São Paulo – Campinas. Vale lembrar que apesar
de apelar para o levante das armas, os revoltosos liberais tinham um preparo
militar bastante precário, pela má qualidade das armas, pouca munição, muita
improvisação e dispersão.
A
Revolução Liberal de 1842 ocorreu no mesmo ano em que a Vila de São Carlos
emancipou-se à categoria de cidade, passando a chamar-se Campinas. O Padre e Senador
Diogo Antônio Feijó, um dos líderes do movimento liberal, residia na cidade
nesta época, e mesmo doente, deslocou-se a Sorocaba para apoiar a revolta.
No dia 07 de junho de 1842, na antiga estrada de Limeira, onde havia um sobrado conhecido como “Engenho da Lagoa” ou “Sítio do Teodoro”, que foi inicialmente um centro de fabricação de açúcar e depois um entreposto comercial de mantimentos, e que por sua grandiosidade foi chamado posteriormente de “Venda Grande”, ocorreu o combate no qual as forças liberais campineiras, composta por 400 homens, com toda sua precariedade, foram derrotadas pelas forças imperiais.
Este acontecimento ficou conhecido como o Combate de Venda Grande. O combate foi sangrento deixando 19 mortos e muitos feridos. Dentre os mortos, estava o comandante Boaventura do Amaral Camargo, que veio de Itu com seu pequeno contingente para lutar junto aos demais liberais, alojados em Venda Grande. Boaventura do Amaral Camargo morreu em terras campineiras lutando por seus ideais e contra o autoritarismo que se instaurava no país. Pelo seu heroísmo, apesar da inferioridade militar de sua tropa, comparada com as forças do império.
A
Rua Boaventura do Amaral quando foi criada não possuía nome e situava-se em um
local pantanoso, o que lhe rendeu a alcunha de “Rua do Brejo”. Já em 1848,
chamou-se “Rua do Chafariz”, nome dado por ato da Câmara Municipal por causa de
um velho chafariz que existia nas imediações. Em meados do século XIX, foi
chamada de “Rua do Mercado” em consequência da existência do “Mercado Grande”
ou “Dos Caipiras”, que foi construído lá em 1861, e que foi demolido em 1918. No
lugar do mercado foi construído o prédio do Instituto de Educação Carlos Gomes.
Antes disso, em 1896, quando o “Mercado Grande” foi fechado, a construção foi
adaptada para as instalações do Desinfetório Municipal, onde funcionou a Comissão Sanitária durante a epidemia de
febre amarela.
A
Rua do Mercado perdeu esta denominação recebeu no dia 30 de novembro de 1883,
através de uma resolução da Câmara Municipal por iniciativa do Dr. Ricardo G.
Daunt, para homenagear a memória do voluntarioso combatente que deu a vida por
seu ideal revolucionário, Boaventura do Amaral.
A
Rua Boaventura do Amaral tem seu início nas proximidades da Rua Proença e se
prolonga até a Avenida Benjamin Constant. Ao longo de sua extensão, encontram-se
algumas construções e lugares muito conhecidos em Campinas, como os colégios
Pio XII e Carlos Gomes e as praças Largo São Benedito e Carlos Gomes.
Fontes:
http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com.br/2009/12/curiosidades-rua-boaventura-do-amaral.html
ALEXANDRE CAMPANHOLA
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