A FUNDAÇÃO DA COMPANHIA MOGIANA
A
Companhia Paulista de Estradas de Ferro é a principal via de escoamento do café
no interior paulista, em 1872. Esta companhia surgiu durante a administração de
Saldanha Marinho na Província de São
Paulo, que assegurou que ricos fazendeiros fundassem-na em 30 de janeiro de
1868, sob a presidência de Clemente
Falcão de Sousa Filho. Antes do surgimento das ferrovias, o café era
escoado por tropas de mulas.
IMAGEM: Clemente Falcão de Sousa Filho
A
Companhia Paulista se estendeu por diversas áreas do interior, em trechos como Campinas-Jundiaí, chegando a
Descalvado e pretendendo prolongar-se até Rio Claro. Porém, seus administradores
não aceitaram a imposição de fazendeiros influentes que desejavam que sua
extensão passasse por Morro Pelado. Por critérios políticos, a companhia ficou
impedida de estender suas linhas até Ribeirão Preto, limitando sua prolongação
até Descalvado.
Com
o recuo do crescimento da Companhia Paulista de Estrada de Ferro surge uma
carência de via de transporte do café entre a região campineira, a de
Mogi-Mirim e a de amparo. Os ricos barões da região campineira discutem esta
necessidade de prolongamento, a ausência de caminhos de escoamento que se
estenda até Ribeirão Preto, outra importante área produtora de café.
O dia
21 de março é decisivo para o plano destes barões, que desejam criar uma via
férrea permitindo a circulação do café na região de Campinas. Decididos em
investir seus capitais na fundação de uma companhia que construa estradas de
ferro que atenda seus interesses, homens como Antônio de Queiróz Telles, Barão,
Visconde e Conde de Parnaíba, Antônio e Martinho da Silva Prado, importantes fazendeiros
da família Silva Prado, José Manuel da Silva, o Barão do Tietê e José
Estanislau do Amaral, o Barão de Indaiatuba, outro importante fazendeiro de
café, veem a concessão para a construção de uma ferrovia ser possibilitada pela
instauração da lei provincial número 18, que permite o prolongamento da linha
até às margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca. São garantidos
juros de 7% sobre o capital investido e o privilégio sem garantia de juros para
o prolongamento da linha. Neste dia é fundada a Companhia Mogiana de Estradas
de Ferro constituída com o capital de 3.000 contos de réis, divididos em 15.000
ações no valor nominal de 200 contos de réis.
IMAGENS: à esquerda, Antônio de Queiróz Telles (Conde do Parnaíba), à direita, Martinho da Silva Prado.
Com
a concessão garantida, os ricos barões resolvem investir na companhia, visando
os lucros que o empreendimento pode oferecer. No dia 30 de março, o tenente
coronel José Guedes de Sousa reúne em sua residência pessoas de elevado
conceito social com a finalidade de atrair investidores para o empreendimento
da Mogiana. Desta comissão fazem parte: o coronel Joaquim Egydio de Sousa
Aranha, o capitão Joaquim Quirino dos Santos, João Ataliba Nogueira, Delfino Cintra Júnior, Joaquim Ferreira
de Camargo Andrade e Francisco Soares de Abreu. Além destes já citados, também
aplicam seu dinheiro na companhia Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra (Barão de Jaguara), João Quirino dos
Santos, Antônio Manoel Proença, Antônio
Carlos de Moraes Salles, Manuel Carlos Aranha (Barão de Anhumas), entre
outros.
IMAGENS: à esquerda, Joaquim Egydio de Sousa Aranha, à direita, Manuel Carlos Aranha (Barão de Anhumas)
No
dia 01 de julho, os acionistas da nova companhia se reúnem em Assembleia Geral
no paço da Câmara Municipal de Campinas, discutem e aprovam o projeto e seus
estatutos, assim como a eleição da diretoria provisória que deverá gerir os
negócios da empresa até a sua consolidação. A primeira diretoria é constituída
provisoriamente por Antônio de Queiroz Telles, Tenente Coronel Egydio de Sousa
Aranha, Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra, o capitão Joaquim Quirino dos Santos
e Antônio Manoel de Proença. O engenheiro Joaquim Miguel Ribeiro
Lisboa é o encarregado do projeto e da construção da Mogiana.
IMAGEM: Engenheiro Joaquim Miguel Ribeiro Lisboa
No
dia 19 de julho de 1873, é firmado o contrato com o Governo provincial, e no
dia 28 de agosto, é iniciada a construção da estrada de ferro. A companhia
começa a encomendar trilhos e acessórios da Europa, e adquire locomotivas, vagões
e carros de passageiros dos EUA. Utilizando-se dos serviços da Companhia
Paulista, a Mogiana monta suas primeiras locomotivas. Também monta uma oficina
apenas para simples reparos.
Scharp Company para realizar a montagem dos carros de passageiros e vagões e um
segundo operário com a incumbência de montar outras locomotivas que a empresa
adquire. Outro estrangeiro também é contratado para exercer um cargo de chefia.
Edward Svinerd é contratado para comandar as oficinas
A construção do primeiro trecho que liga
Campinas à Jaguariúna é concluída em 03 de maio de 1875, numa distância de 34
quilômetros. A locomotiva Jaguari leva 5 carros de passageiros às 11h e 45min
neste dia. Três meses depois, a estrada se estende até a cidade de Mogi-Mirim e
totaliza 41 quilômetros. Dom Pedro II é esperado em Campinas para a inauguração
deste trecho.
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