Hilda de Almeida Prado Hilst nasceu na cidade paulista de Jaú, em 21 de abril de 1930. Era filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst, e de Bedecilda Vaz Cardoso.
Ainda bem jovem foi morar com a mãe na cidade de Santos,
em decorrência da separação dos pais. Seu pai sofria de esquizofrenia e foi
internado em um sanatório de Campinas, aos 35 anos, mas passou por outros
sanatórios para doentes mentais até o fim da vida.
A jovem Hilda foi para o colégio interno Santa Marcelina,
na cidade de São Paulo, no ano de 1937, e estudou por oito anos neste colégio.
Nesta época, dizem que Hilda desistiu do projeto de ser santa, uma das
primeiras “profissões” que lhe ocorreu abraçar, porque uma das freiras mandou
que ela baixasse a cabeça para ouvir um sermão. “Só baixo os olhos diante de
Deus”, respondeu Hilda, que desde jovem manifestava sua personalidade forte.
Já em 1945,
matriculou-se no curso clássico da escola Mackenzie. Ela morava em um apartamento,
em companhia de uma governante de nome Marta.
Em 1948, Hilda ingessou na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. Ela concluiu o curso de Direito em 1952, mas optou
por não exercer a profissão, dedicando-se à Literatura ainda muito jovem. Foi
na faculdade de Direito que ela conheceu aquela que seria sua grande amiga, a
escritora Lygia Fagundes Telles.
Em sua primeira publicação, em 1950, aos 20 anos de
idade, Hilda apresenta seu lado poético através da obra Presságio. Este livro
foi recebido com grande entusiasmo pelos poetas Jorge de Lime e Cecília
Meireles.
Posteriormente, seus poemas inspirariam o cantor Adoniran Barbosa e sua beleza encantaria o cantor e ator norte-americano Dean Martin, com o qual namorou, após uma viagem de sete meses para a Europa em 1957. Durante este período, Hilda tentou assediar o ator Marlon Brando, passando-se por jornalista, mas não teve êxito.
Em 1965, Hilda Hilst mudou-se para Campinas onde passou a
viver na “Casa do Sol”, uma obra planejada pela escritora, próxima à fazenda de
sua mãe. Hilda recebia diversos amigos em sua casa, como o escritor Caio
Fernando de aAbreu em 1968, o qual viveu lá por algum tempo após ser detido e
liberado pelo Dops.
A “Casa do Sol” foi um porto seguro de sua criação. Foi
neste recanto que a escritora dedicou-se exclusivamente ao trabalho literário
por quase 50 anos, recebendo importantes prêmios literários do Brasil.
A obra de Hilda caracterizou-se por textos em que a
atemporalidade, real e imaginária se fundem, e os personagens mergulham no
intenso questionamento dos significados, buscando compreensão e encontro do
essencial. Hilda retrata sem cessar a frágil e surpreendente condição humana.
Seu trabalho sempre buscou , essencialmente, retratar a difícil relação entre
Deus e o homem.
A “Casa do Sol” localiza-se no condomínio Parque
Xangrilá, e hoje é sede do Instituto Hilda Hilst. Em outubro de 2011, a
residência foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e
Cultural de Campinas (Condepac). O espaço está localizado em terras da antiga
Fazenda São José que era de sua mãe.
Em 1968, Hilda casou-se com Dante Casarani, e neste
momento escreveu duas peças teatrais, “O Visitante” e “Novo Sistema”.
Em 1970 escreveu o livro “Fluxo Floema”, obra que a
introduziu no gênero da ficcção, e em 1982, publicou “Senhora D”, que, mais
tarde, foi adaptado para o teatro.
Hilda foi dona de uma imagem de mulher meio “louca,
eremita, arredia, indomesticável”, tentou reduzi-la a rótulos, mas tais
impressões sobre ela dificultou o acesso à sua obra, e a escritora sempre
expressou sua decepção pelo fato de ser uma pessoa da qual as pessoas falavam,
mas cujos livros não eram lidos.
Ela não fazia parte de um grupo literário específico,
usava uma linguagem própria, bastante difícil. O erotismo marcou boa parte de
sua obra, e temas como este não eram esperados que fossem escritos por uma
escritora.
Hilda divorciou-se de Dante em 1985, e em 1991, publicou
“Bufólicas”, um compilado de poesias satíricas.
Em 1962, recebeu o Prêmio PEN Clube de São Paulo, pelo
livro “Sete Cantos do Poeta para o Anjo”.
Em 1969, sua peça “O Verdugo” ganhou o Prêmio Anchieta,
um dos mais importantes naquela época.
Em 1981, a Associação Paulista de Críticos de Arte
premiou-a pelo conjunto da obra.
Ela ganhou o Prêmio Jabuti em duas oportunidades: Em 1984
com a obra “Cantares de Perda e Predileção” e em 1994, com “Rútilo Nada”.
Em 2002, o Prêmio Moinho Santista foi para ela na
categoria poesia.
Hilda Hilst também participou, a partir de 1982, do
Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.
Sua obra foi traduzidas para algumas das principais
línguas do mundo.
Na madrugada do dia 04 de fevereiro de 2004, aos 73 anos,
Hilda Hilst faleceu em Campinas, de falência múltipla de orgãos e sistemas.
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