Ontem enquanto me dirigia ao Terminal Mercado, em Campinas, passei defronte a uma loja que, naquele instante, tentava atrair os populares ao som de Michel Teló, cuja música falava de humilde residência, cama quebrada, ausência de cobertor, e aquela coisa toda.
Ao chegar ao meu destino e me situar na plataforma referente ao ônibus que pegaria, lá estavam aquelas pobres figuras que há tempo tenho visto.
Em um cantinho esquecido do terminal de ônibus, alguns sem-tetos têm vivido há vários meses, configurando uma misérrima sociedade. Sempre juntos, lá eles dormem e passam os dias, conversando, bebendo, observando as idas e vindas dos trabalhadores de Campinas. É um espaço só deles, onde não predominam camas quebradas, mas um rígido leito de papelão. Onde os cobertores são rotos e poentos, mas o suficiente para mantê-los aquecidos, algumas vezes. Onde não se quer fazer amor, mas recebê-lo, que seja a mínima atenção que lhes reforce a esperança.
Há residência mais humilde do que aquela cujo teto é iluminado com as estrelas do céu?
Crônicas de Campinas
Alexandre Campanhola
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