Ao
colégio “Culto à Ciência”
Cauto vacila o passo solitário
Em doce anelo de um viver bendito,
Posto curvado, a só, ante este templo
Que reverência pede no fragor
De pórticos augustos “Vinde a mim”!
Ressoa n`alma um clamor que profuso,
Ao longo projeta uma nova aurora,
Em que viceja nos doirados sonhos
A velha crença de adejar mais alto.
Desdobra-se o pendão de mil amores,
Uma página no brasão em fogo
Avança com ruído forte! É cansada
Que a lira agarra suas mãos altivas,
Quer ser nutrida no afinar das cordas,
Dilata o peito num amor bem santo!
Quem não ama? O imortal paraíso
Onde os ramos de vida mais pululam.
O gênio da mocidade que inspira
Frias cabeças de cismar incertos;
Onde povoam – juvenis risadas –
Como um bosque feérico d`arcanjos
Tão ideal. Cria-se um novo mundo
Com os vetustos versos de seus lábios,
Que manso diz - amor, saudade – e apura
O alegre voo da pomba bisonha.
Há de florir quem perpassar seus campos,
Embevecido ao descobrir seus raios,
Que acorda em afago a existência amarga.
Colhe os louros no jardim querido,
Ó ser ditoso no frescor das sombras,
Defronte a face maternal que ri!
Vai ser um Deus ao seu amado filho,
Sonhando a glória no clemente trono
O altar quem é? – sua benção paterna.
Dá-se uma gota ao viajor perdido
No ermo adusto que os caminhos abrasa,
E um lago claro se esparge alteroso,
Em cujos reflexos de alvor gentil
Tanta ventura vestirá os planos.
Dá-se uma gota à alma ressequida,
Semeia um grão no solo vaporoso,
E quantos frutos vão buscar o eterno,
Vão alentar a inepta humanidade!
Que seja o fado tão igual p`ra todos!
Afoga o pranto uns olhares saudosos,
Quando o silêncio qual noturno manto,
Torna deserta uma vereda inteira.
É cauto o passo sobre as folhas secas,
Onde dançando a viração desmaia.
Qu`inda a donzela suspire os arcanos,
E venha o enlevo perfumar a tarde!
Que junto esteja do amoroso moço,
Quando um poema ser gritado a longe.
Nos pátios cante a juventude amiga,
Que o corredor lhe possa unir em laços,
A verde quadra e um porvir brilhante!
E no intervalo da estação dos sonhos,
Diga o mancebo que sua alma enfrenta,
Qualquer procela p´ra seguir avante,
Qual um Colombo de fulgor nos olhos!
Num século regou estas campinas,
Olimpo – onde se acendem sóis vindoiros –
Varrei, senhor tempo, suas idades
- Que vá brilhar este astro no infinito!
Imortais gemidos, talentos d`alma
Habitam o seio de seu piano
Que dorme, mas num sono esplendoroso
Quais foram seus atletas, seus guerreiros,
Desatando os elos do triunfo!
Fremeu com emoção o seu ginásio
E no parnaso do teatro ilustre,
Reinou com suas bagas a utopia.
O cristo inda vela – é ubíquo broquel –
A extrema solidão no seu repoiso,
Assim como abençoa seus pastores
Soltando as asas – monsieur Dumont –
O brando fado alveje sua origem.
Ó braços sempre abertos à esperança.
Rastros da imorredoura saudade!
Poema de Alexandre Campanhola para o livro "Monotonias da Noite"
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POEMAS DO POETA ALEXANDRE CAMPANHOLA SÃO ENCONTRADOS NO LINK:
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