sábado, 6 de abril de 2013

POEMA DEDICADO AO COLÉGIO "CULTO À CIÊNCIA"






 
 
 
Ao colégio “Culto à Ciência”

 
 
Cauto vacila o passo solitário

Em doce anelo de um viver bendito,

Posto curvado, a só, ante este templo

Que reverência pede no fragor

De pórticos augustos “Vinde a mim”!

Ressoa n`alma um clamor que profuso,

Ao longo projeta uma nova aurora,

Em que viceja nos doirados sonhos

A velha crença de adejar mais alto.

 

Desdobra-se o pendão de mil amores,

Uma página no brasão em fogo

Avança com ruído forte! É cansada

Que a lira agarra suas mãos altivas,

Quer ser nutrida no afinar das cordas,

Dilata o peito num amor bem santo!

 

Quem não ama? O imortal paraíso

Onde os ramos de vida mais pululam.

O gênio da mocidade que inspira

Frias cabeças de cismar incertos;

Onde povoam – juvenis risadas –

Como um bosque feérico d`arcanjos

Tão ideal. Cria-se um novo mundo

Com os vetustos versos de seus lábios,

Que manso diz - amor, saudade – e apura

O alegre voo da pomba bisonha.

 

Há de florir quem perpassar seus campos,

Embevecido ao descobrir seus raios,

Que acorda em afago a existência amarga.

Colhe os louros no jardim querido,

Ó ser ditoso no frescor das sombras,

Defronte a face maternal que ri!

Vai ser um Deus ao seu amado filho,

Sonhando a glória no clemente trono

O altar quem é? – sua benção paterna.

 

Dá-se uma gota ao viajor perdido

No ermo adusto que os caminhos abrasa,

E um lago claro se esparge alteroso,

Em cujos reflexos de alvor gentil

Tanta ventura vestirá os planos.

 

Dá-se uma gota à alma ressequida,

Semeia um grão no solo vaporoso,

E quantos frutos vão buscar o eterno,

Vão alentar a inepta humanidade!

 

Que seja o fado tão igual p`ra todos!

Afoga o pranto uns olhares saudosos,

Quando o silêncio qual noturno manto,

Torna deserta uma vereda inteira.

É cauto o passo sobre as folhas secas,

Onde dançando a viração desmaia.

Qu`inda a donzela suspire os arcanos,

E venha o enlevo perfumar a tarde!

Que junto esteja do amoroso moço,

Quando um poema ser gritado a longe.

Nos pátios cante a juventude amiga,

Que o corredor lhe possa unir em laços,

A verde quadra e um porvir brilhante!

E no intervalo da estação dos sonhos,

Diga o mancebo que sua alma enfrenta,

Qualquer procela p´ra seguir avante,

Qual um Colombo de fulgor nos olhos!

 

Num século regou estas campinas,

Olimpo – onde se acendem sóis vindoiros –

Varrei, senhor tempo, suas idades

- Que vá brilhar este astro no infinito!

 

Imortais gemidos, talentos d`alma

Habitam o seio de seu piano

Que dorme, mas num sono esplendoroso

Quais foram seus atletas, seus guerreiros,

Desatando os elos do triunfo!

Fremeu com emoção o seu ginásio

E no parnaso do teatro ilustre,

Reinou com suas bagas a utopia.

O cristo inda vela – é ubíquo broquel –

A extrema solidão no seu repoiso,

Assim como abençoa seus pastores

Soltando as asas – monsieur Dumont –

 

O brando fado alveje sua origem.

Ó braços sempre abertos à esperança.

Rastros da imorredoura saudade!

 
 
 
                                                                                                     Campinas 30/07/2004
 
 
 
 
Poema de Alexandre Campanhola para o livro "Monotonias da Noite"
 
 
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