quinta-feira, 30 de junho de 2016

GRANDES HOMENS DE CAMPINAS: Antônio Ferreira Cesarino




Antônio Ferreira Cesarino nasceu em 1808, na Vila do Paracatu do Príncipe, noroeste da então Província de Minas Gerais. Nada se sabe sobre sua mãe, sequer o nome, pois ela morreu após o menino nascer. Antônio Cesarino foi confiado a uma tia paterna, que o criou em uma das fazendas próximo a Vila.  Através da tia Mariana, ele aprendeu a ler, escrever e contar. Era filho de um negro alforriado, ou seja, que havia obtido sua libertação. O nome de seu pai era Custódio. Cesarino o conheceu apenas aos 11 anos de idade, quando o tropeiro retornou à Vila do Paracatu do Príncipe.  Custódio entrou em Campinas, chamada Vila de São Carlos na época, com uma tropa de mulas durante o período escravista, em 1838, e resolveu vender a tropa para que o filho de 14 anos pudesse estudar.
 

 

Como já sabia ler e escrever na adolescência, Antonio Cesarino ganhou prestígio para com João Francisco de Andrade, capitão-mor e importante fazendeiro da região, o qual foi a maior autoridade da Vila de São Carlos, Campinas, durante longos vinte anos. Antônio Cesarino na idade adulta tornou-se feitor de engenho, acompanhava a produção da cana de açúcar e conhecia os tempos de plantar, limpar, cortar e fazer a roça. Também atuava no trato com os escravos e na defesa das terras de seu senhor. Trabalhava arduamente na fazenda de João Francisco de Andrade, vivendo de maneira diferenciada, ganhando um bom salário e desempenhando funções de destaque.

Antônio Cesarino também estudava música com Maneco músico, Manoel José Gomes, pai de Carlos Gomes.
Quando deixou a fazenda, ele exerceu outras ocupações como carpinteiro, músico e alfaiate. Esta última atividade o renumerava satisfatoriamente. Na época em que era alfaiate, estudava à noite e conseguiu o diploma de professor.



 
Casou-se com Balbina Gomes da Graça, negra e alfabetizada, no final da década de 1820. Passou a trabalhar com a comercialização de fazendas (tecidos) após o casamento, mas tempos depois atuou como mascate visitando outras regiões do país. Quando voltou, tinha uma relevante quantia de dinheiro que pôde juntar, e fundou com sua esposa um colégio feminino.

Antônio Cesarino fundou a escola Perseverança, em 10 de março de 1860. A escola funcionou até 1876. Ficava na Rua do Alecrim número 1, atual Rua 14 de Dezembro, esquina com a Rua América, atual Dr. Quirino. Anos após sua inauguração, seu endereço passou a ser na Rua do Comércio, atual Rua General Osório, em frente ao atual Centro de Convivência. Era uma das poucas escolas da época imperial que se dedicava à alfabetização dos negros. Também recebia alunas brancas durante a tarde, que pagavam uma mensalidade ao conceituado professor Cesarino. Através dessa arrecadação, ele podia manter a instituição e dar aulas para mulheres escravas e negras no período noturno. O colégio era dirigido pela D. Bernardina Gomes Cesarino, filha mais velha de Antonio Cesarino. Era uma escola de alto nível, uma das que mais teve expressão na época. Em 1875, contava com 50 alunas, algumas pertencentes às melhores famílias da cidade que pagavam mensalidades altas. Foi também através desses valores recebidos, que Antônio Cesarino pôde comprar a liberdade de algumas escravas ligadas a ele, como uma senhora negra que prestava serviços à escola e uma criança que estava sendo maltratada.
 



Curiosamente, Apesar da cor negra e das raiz familiar ligada à escravidão, Antonio Cesarino era classificado sob o designativo “pardo”. Isto se deu devido a uma leitura de sua cor em relação à sua condição social e ações sociais.

Foi bisavô de Antonio Ferreira Cesarino Júnior, importante jurista brasileiro e nascido em Campinas, que foi sistematizador do Direito do Trabalho no Brasil, com a publicação dos primeiros livros sobre a matéria.

É homenageado dando seu nome a uma rua no bairro Cambuí, em Campinas.

Antônio Ferreira Cesarino morreu em 1892.

 

 

Fontes:




 
ALEXANDRE CAMPANHOLA