domingo, 26 de abril de 2015

GRANDES HOMENS DE CAMPINAS: Álvaro Ribeiro








Álvaro Ribeiro nasceu em Campinas, no dia 17 de fevereiro de 1876. Era filho de Antônio Joaquim Ribeiro e Maria Augusta, casado com Hermínia de Godoy Ribeiro, pai de duas filhas e um filho. Foi jornalista, educador e político em Campinas.

Por sete legislaturas consecutivas foi vereador de Campinas e líder da oposição ao governo do presidente Arthur Bernardes. Durante a revolta de 1924, Álvaro Ribeiro aceitou assumir a prefeitura de Campinas, por sugestão do coronel Mesquita, autoridade militar de Jundiaí. Na época, correu-se a notícia que o prefeito de Campinas Miguel Penteado havia deixado a cidade em virtude da revolta, que tinha grande fôlego no território campineiro.

Álvaro Ribeiro tomou diversas medidas para ajudar a população carente de Campinas, sobretudo na área da saúde.  Com a volta do prefeito Miguel Penteado e a contenção da revolta, a Justiça Federal processou Álvaro Ribeiro que foi deposto do cargo assumido. Para não ser preso, o jornalista partiu para exílio em Portugal.

Álvaro Ribeiro escreveu o livro “Falsa Democracia”, denunciando o clientelismo político no Brasil, nos três anos que passou exilado em Portugal.

Em julho de 1927, Álvaro Ribeiro voltou ao Brasil reeleito vereador de Campinas por aclamação popular, ainda quando estava no exílio, numa situação inédita no país. Reassumiu o comando do Colégio Ateneu Paulista e acelerou as obras do “Hospital para Crianças Pobres”, que por muito tempo levou seu nome.

Álvaro Ribeiro fundou o jornal “Diário do Povo”, em 1912, e o jornal “Correio Popular”, em 1927.

Dirigiu os colégios Cesário Motta e o Ateneu Paulista.  Também auxiliou na fundação dos jornais “Cidade de Campinas” e “Commércio de Campinas”.

O jornal “Correio Popular” foi lançado à publicidade por Álvaro Ribeiro em 4 de setembro de 1927.

Fez do jornal “Diário do Povo” o jornal de maior circulação dos editados no interior do Estado de São Paulo. Usou sua influência na imprensa para verberar os excessos de autoridades e abusos administrativos, para defender as causas que lhe pareciam justas, estimular as iniciativas úteis e a caridade, proteger os fracos, socorrer os infelizes e enfermos, etc. Em maio de 1924, deixou o jornal por profunda incompatibilidade com o sócio.

Foi notável a contribuição de Álvaro Ribeiro à imprensa campineira, assim como à política, à educação e à saúde da cidade. Ele foi considerado “O defensor do povo campineiro”.

Foi homenageado com um hospital que tinha o seu nome, na Rua São Carlos, Vila industrial. Também teve com homenagem um busto que esteve presente durante muito tempo no Largo do Pará. Outra homenagem é uma rua no bairro Ponte Preta que tem o seu nome.

Álvaro Ribeiro morreu no dia 13 de agosto de 1929, em Campinas.

domingo, 5 de abril de 2015

O SENHOR ALVINO - Crônica de Campinas




Outro dia, quando voltava do salão do senhor Jair, onde corto meu cabelo, fiquei pensando em toda sua simpatia e boa conversa, pois como todo cabeleireiro, ele também é cheio de assunto e sempre tem algo interessante para falar. Assim como aquele senhorzinho que cortava meu cabelo na infância, quando levado pelo meu avô ao seu salão, que ficava dentro de sua casa, eu ouvia atentamente as diversas histórias que ele contava aos seus clientes, dentre eles meu avô, enquanto trabalhava. Minha família já não morava mais no bairro Jardim Eulina, em Campinas, mas meu avô fazia questão de cortar o cabelo no salão do senhor Alvino e levava-me junto. Lembro-me bem que para chegar ao seu salão, atravessávamos a sala de sua casa, onde quase sempre uma criança estava assistindo à televisão. Seu salão era pequeno; era uma extensão da sala. Alguns quadros antigos enfeitavam a parede. A mobília onde ficava o espelho também tinha uma aparência envelhecida, assim como seus instrumentos de trabalho e tudo que se via derredor. Só para ter uma ideia, a maquininha de cortar o cabelo era manual. Às vezes, sentíamos o aromático cheiro de comida que vinha da cozinha da casa, decerto a mulher do senhor Alvino cozinhando. Ele era um idoso baixinho e magro. Tinha uma voz frágil devido à idade avançada e usava óculos. Era muito bom de prosa. Contava incríveis histórias sobre a política brasileira atual e do passado, com grande domínio e conhecimento. Aos meus nove anos de idade, começava a conhecer o cenário político nacional através dos relatos e das opiniões daquele cabeleireiro à moda antiga, habilidoso na tesoura e simples como todo bom homem.



ALEXANDRE CAMPANHOLA