segunda-feira, 28 de junho de 2021

AVENIDA DR. THOMAZ ALVES: Quem foi o Dr. Thomaz Alves?

 Thomaz Augusto de Mello Alves nasceu no dia 24 de Dezembro de 1856, no Rio de Janeiro. Era filho do jurista Thomaz Alves e de dona Emília Augusta de Mello Alves. Estudou no Colégio Pedro II. Vindo do Rio de Janeiro em 1882, um ano depois de terminar a Faculdade de Medicina, o Dr.Thomaz Alves tinha 26 anos de idade quando escolheu Campinas para residir, onde se casou com a Sra. Etelvina de Moraes Salles, de respeitável e tradicional família campineira. Em 1886, foi admitido como médico da Beneficência Portuguesa.


Graças à extrema bondade de seu grande coração, encontrou nesta cidade um ambiente de franca estima por si, pois era um médico caritativo, amigo dedicado, despertando as mais verdadeiras e espontâneas simpatias.

Desde o dia em que aqui chegou no dia 2 de Maio de 1882, passou ele a sua existência benfazeja, de grande abnegação, na prática do bem.


Foi no escritório da redação da antiga "Gazeta de Campinas", na Rua do Comércio, depois Dr. Quirino, que ele esteve pela primeira vez, quando veio conhecer a nossa cidade. Lá também localizava seu consultório médico. Neste dia, não deixou de fazer uma visita à imprensa local e passou a participar ativamente das reuniões com amigos intelectuais como Ferreira de Araújo, Arthur Azevedo, Fontoura Xavier, Adelino Fontoura, entre outros. Era estimado pelo pessoal da Gazeta de Campinas.



Nos folhetins de jornal, ele assinava com o pseudônimo de Hopp Frog, e estes sempre foram lidos com o maior interesse e sempre foram aplaudidos.

Ilustre médico e distinto literário, ele conviveu com personalidades como Campos Salles, Francisco Glicério, Quirino dos Santos, que eram figuras salientes do nosso meio intelectual e político, estabelecendo palestras em que se desabrochavam verdes esperanças e rubro entusiasmo pela propaganda da ideia nova, que pretendia trazer o bem geral do país.


Quando deixou de vez a carreira jornalística, Thomaz Alves passou a se dedicar somente à medicina, e construiu uma linda história nesta atividade.

Em princípio de 1889, explodida a medonha epidemia de febre amarela, o Dr. Thomaz Alves pôs em relevo sua alma generosa no tratamento dos enfermos, sendo ainda mais estimado pelas diversas classes sociais. Teve o dedo indicador inutilizado, certa vez, devido a uma infecção contraída quando cuidava de um doente.



Com a Proclamação da República, Thomaz Alves foi nomeado para assumir o cargo de intendente, em que chegou à presidência do conselho em 1892.




Foi eleito vereador da câmara municipal e exerceu nobremente seu mandato entre 1889 e 1901.



A Maternidade de Campinas foi fruto de seus ingentes e louvados esforços; a Santa Casa da Misericórdia deve-lhe bons serviços, tendo ele feito parte da mesa administrativa, durante alguns anos; da Companhia C. de Águas e Esgotos (já extinta) foi um esforçado colaborador, ao lado do Dr. Augusto de Figueiredo. 

Como presidente do Centro de Ciências, Letras e Artes prestou valiosos concursos, exercendo dedicadamente este cargo.



Em 1918, desenvolveu-se inopinadamente, em Campinas, violenta epidemia de gripe, ceifando inúmeras vidas. A ação constante do médico caridoso foi inexcedível em tal momento aflitivo, nesse circulo de sofrimento em que a população vivia cercada. 





Ele cuidou de diversos enfermos, correndo as ruas e visitando prontos-socorros em Campinas, sempre agindo para que as condições precárias observadas fossem combatidas.



Thomaz Alves morreu no dia 23 de Abril de 1920. Em 20 de Dezembro do mesmo ano, a prefeitura de Campinas homenageou-o dando seu nome a uma rua da cidade. Em 1925, ele foi homenageado com um monumento na Praça Carlos Gomes.



Quando atravessei a Rua Barão de Jaguara e cheguei à Avenida Thomaz Alves sabia que encontraria naquela pequena via traços de uma grandiosa história. O próprio homenageado é detentor uma grandiosa história cheia de virtude e bondade. 



Mas, naquela avenida também estava parte da Praça Antônio Pompeo, e o monumento túmulo do grande maestro Carlos Gomes; estava naquela praça e naquela via também uma das sete maravilhas de Campinas, o Jockey Club; e já nas proximidades da Avenida Anchieta, lá estava o Largo das Andorinhas e a bela vista do Colégio Carlos Gomes. 



Uma senhora simpática ao ver-me fotografar uma construção antiga da Avenida Thomaz Alves exclamou: “É bonito!”. 



Concordei com os olhos brilhantes fixados, naquele início de tarde, naquela avenida tranquila, que em meados dos anos 70 do século XX era uma das vias mais charmosas de Campinas, sendo o endereço de luxuosas boutiques.

 

 

Fonte:

http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com/2007/04/monumento-thomaz-alves.html

http://glauciafranchini.blogspot.com.br/2010/07/no-dia-23-de-abril-deste-ano-flavio.html

 http://campinassim.blogspot.com/2015/03/o-busto-de-thomaz-alves.html

 

TEXTO: ALEXANDRE CAMPANHOLA

quinta-feira, 24 de junho de 2021

REPORTANDO: Campinas despede-se da Igreja do Rosário

 Na madrugada de ontem, 19 de agosto de 1956, a Igreja da Nossa Senhora do Rosário foi demolida


Tudo em nome do progresso!


Ontem a cidade de Campinas assistiu aos prantos à demolição da querida Igreja da Nossa Senhora do Rosário. Apesar dos protestos, na madrugada, um público lamentoso acompanhou os trabalhos da equipe responsável em demolir um dos símbolos mais queridos da história campineira. Tudo em nome do progresso! Foi assim que se decidiu pelo fim do patrimônio histórico da cidade. De acordo com o Plano de Melhoramentos Urbanos de Prestes Maia é preciso alargar algumas avenidas do centro de Campinas, como a Avenida Francisco Glicério. A igreja já havia sido interditada por causa da trincas em sua estrutura, conforme constataram técnicos da prefeitura após vistoria. E, para a segurança dos frequentadores, seria necessária uma reforma, a qual teria um valor elevado, o que contrariaria a lei municipal de 1951, que veda ou dificulta este tipo de gastos em construções da Avenida Francisco Glicério. No mês de abril deste ano, a igreja foi desapropriada atendendo a um projeto do executivo votado pela Câmera Municipal, que foi aprovado com nove votos contra dois. No dia 09 de maio a Prefeitura de Campinas e o Bispado assinaram a escritura definitiva que efetivou a desapropriação. E, no dia 12 de maio, apesar de críticas e indignação de diversos setores da sociedade campineira foi iniciada a demolição da igreja.


Inaugurada em 1817, a Igreja da Nossa Senhora do Rosário fazia parte da identidade do município. Em 1847, foi cantado na igreja o “Te Deum”
 com a presença do imperador Dom Pedro II. Construída por iniciativa do padre Antônio Joaquim Teixeira, sobrinho do Frei Antônio de Pádua Teixeira, a igreja inicialmente foi feita de pau a pique. Em 1847, ano da visita do imperador, a Igreja do Rosário tornou-se matriz provisória de Campinas. Em 1851 passou por reformas, e em 1870 com a divisão da paróquia em duas, a Igreja do Rosário passou a ser sede da paróquia da Nossa Senhora da Conceição. 




Fontes:

https://artsandculture.google.com/exhibit/bQJyF61n8trwLQ?hl=pt-BR

http://www.agemcamp.sp.gov.br/cultura/2019/11/largo-do-rosario-a-praca-do-povo/

http://mariocarvalhomatos.blogspot.com/2014/10/igreja-de-nossa-senhora-do-rosario.html


TEXTO: ALEXANDRE CAMPANHOLA 

terça-feira, 22 de junho de 2021

CAMPINAS SENTE SAUDADE: Casa Livro Azul

  

A Casa Livro Azul foi um empreendimento comercial fundado em Campinas no dia 14 de novembro de 1876, por Antônio Benedicto de Castro Mendes em sociedade com o primo Joaquim Roberto Alves.





No início era uma pequena loja com o nome de Ao Livro Azul dedicada à encadernação localizada na Rua Direita, atual Rua Barão de Jaguara, onde também se fabricava caixas de papelão para chapéus, que eram fornecidas para a firma Bierrenbach & Irmãos, além de outros tipos de caixas.

A compra da primeira impressora permitiu à impressão de cartões de visitas, e com a ampliação do negócio, logo também passou a contar com uma pequena papelaria, com estoque de caixas e artigos de escritórios, que atendiam os pequenos estabelecimentos que surgiam na época. 

Os primeiros clientes eram comerciantes e industriais que precisavam de livros de caixa para registro de compra e venda, blocos de notas fiscais, etc.



A Casa Livro Azul manteve-se em crescimento nos anos seguintes diversificando seus produtos. O empreendimento passou a comercializar produtos vindos do Rio de Janeiro e da Europa, e em 1888, começou a vender pianos importados da Alemanha.

Um dos sócios, Castro Mendes, era um homem culto que muito contribui para o crescimento da loja. Com grande apreço pelas Artes e Letras, ele exibia em sua loja uma infinidade de quadros e obras de artistas reconhecidos. Tamanha sofisticação, atraia personalidades famosas da época como o maestro Carlos Gomes. 




A Casa Livro Azul foi o primeiro estabelecimento comercial de Campinas a ter luz elétrica


A loja mudou do nome quando Castro Mendes associou-se ao irmão João Baptista de Castro Ferraz, passando a se chamar Castro Mendes & Irmão. Tempos depois, com o fim da sociedade surgiu em Campinas uma concorrente da então Ao Livro Azul, a loja Casa Mascotte, fundada pelo irmão de Castro de Mendes





Em 1900, a Casa Livro Azul era um negócio sólido no ramo da tipografia, papelaria, comércio de pianos e artigos importados, como brinquedos, louças finas e objetos para a casa. Ao final de cada ano, pelo Natal, Ano Bom e Reis, promovia exposições com bonecos articulados, que atraíam uma verdadeira multidão para suas vitrines.

Mas, Castro Mendes sabia que os produtos vendidos em São Paulo eram de melhor qualidade e preço, e por isso, viajou à Europa, e trouxe de Leipzig, na Alemanha, conhecida como a cidade do livro, novas tecnologias e meios de fabricação de livros em branco. Visitou também centros de obras de arte e comprou mercadorias em bronze, metal fino, mármores, entre outros.

 



Ainda em 1903, Castro Mendes convidou o professor Coelho Netto para fundar o Club Livro Azul, um local onde os artistas e intelectuais se reuniam para concertos, palestras, cantos e declamações. Surgia assim um ambiente cultural onde aconteciam os chamados Concertinhos do Livro Azul. Nesta ocasião, Coelho Netto escreveu a peça Pastoral, que foi encenada no Teatro São Carlos, por insistência da Castro Mendes, com a participação dos membros do Concertinho e que teve uma repercussão muito grande na cidade.



Entre 1906 e 1908, A Casa Livro Azul teve seu momento de apogeu comercial, a solicitação de serviços tipográficos era enorme, e devido à alta demanda, muitas vezes seu horário de funcionamento se estendia, quando o horário habitual de fechamento do comércio de Campinas era às 21 horas.

 



Em 1934, Cleso de Castro Mendes, filho de Castro Mendes, começou a gerenciar o negócio tornado-se sócio. Com isso, o empreendimento mudou de nome e passou a se chamar Castro Mendes & Filho Ltda.




A Casa Livro Azul teve sua ascensão em um época em que Campinas crescia e se desenvolvia em função da produção cafeeira e do surgimento de comércios e indústrias.

 Consolidada em seu ramo de atuação, o empreendimento foi símbolo daquele tempo onde uma certa camada da classe média e da aristocracia voltava-se para as artes e para o consumo  de certos objetos e padrões estrangeiros. 



Além de atender às necessidades de uma cidade em modernização, a uma clientela diversificada, a diversos profissionais, estudantes, intelectuais, a Casa Livro Azul também teve importante papel para o entretenimento da cidade, pois concebeu importantes espaços como o Club Livro Azul, livraria e o espaço cinematográfico, fruto da iniciativa de Castro Mendes que trouxe da Europa uma máquina de rodar filmes com algumas fitas, e passou a exibi-las em um sobrado vizinho à sua loja.




A Casa Livro Azul existiu por 82 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial passou por dificuldades devido a problemas com a importação de matéria-prima e produtos, à perda de importantes clientes importantes, como a Companha Mogiana de Estradas de Ferro, e o surgimento de muitos concorrentes, mas ainda assim, existiu por mais 12 anos, encerrando suas atividades em 1958.

 

 

Fontes:

https://www.unicamp.br/cmu/sarao/revista02/sarao_re_resenha_foto_02.htm

https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fpro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com%2F2010%2F04%2Fcuriosidades-casa-mascotte-e-radialista.html&psig=AOvVaw1bm6chVoDlSzZpwhCw45Lv&ust=1624499515272000&source=images&cd=vfe&ved=0CAgQjhxqFwoTCNCT0b7SrPECFQAAAAAdAAAAABAD

https://correio.rac.com.br/_conteudo/2020/11/campinas_e_rmc/1031666-casa-livro-azul-marco-do-seculo-19.html#

http://www.livroehistoriaeditorial.pro.br/pdf/marialygia.pdf



TEXTO: ALEXANDRE CAMPANHOLA