sábado, 24 de fevereiro de 2018

PREFEITOS DE CAMPINAS: Lafayette Álvaro de Souza Camargo



Lafayette Álvaro de Souza Camargo nasceu no dia 10 de novembro de 1881. Era filho de Antônio Álvaro de Souza Camargo e Olympia Lapa de Souza Camargo. Casou-se com Odila Egídio de Souza Santos Camargo, que assim como Lafayette, era filha de cafeicultores. Ambos moraram juntos por algum tempo na Usina Ester, em Cosmópolis. Lafayette era gerente da usina e Odila dava aulas na escola rural. Lafayette tinha algumas propriedades em Campinas, sendo a Fazenda Vila Brandina a principal delas, e após deixar a Usina, passou a dedicar-se à suas propriedades. O casal não teve filhos.



A vida de Lafayette foi marcada por sua dedicação a assistência social e obra de filantropia, ao lado de sua esposa Odila. Ele era engenheiro agrônomo e na Fazenda Vila Brandina foi um dos introdutores do gado holandês, preto e branco. Através da cultura deste gado de alto nível e selecionado, desenvolveu uma granja e uma pecuária que produzia leite tipo A. Sua preocupação era de fornecer esse leite para as crianças. Lafayette trocou o plantio de café pela produção de leite com esta finalidade. Mais tarde, essa fazenda que começou com o plantio de café, e depois se tornou granja, foi usada para a criação de cavalos puros de sangue inglês, cavalos de corrida, pois Lafayette era apaixonado por jóquei.

Lafayette e Odila preocupavam-se com o futuro das crianças pobres. Em contato com o amigo Estanislau Ferreira de Camargo, rico fazendeiro de Lins, foi possível a construção de uma vila operária no Cambuí, entre a Rua dos Alecrins e a Avenida José de Souza Campos, a Vila Estanislau, cujas casas foram adquiridas pelos moradores, pelo empenho de Lafayette em obter empréstimo junto ao banco local.



Outra iniciativa que fez parte de suas atividades assistenciais e filantropas foi ao investir na Fundação Odila e Lafayette Álvaro, oferecendo a Fazenda Vila Brandina, como patrimônio para viabilizar os trabalhos para a promoção social. Através deste gesto de benemerência do casal, que doou as terras para o desenvolvimento de ações sociais, originou-se a Fundação FEAC, uma instituição que se dedica a promoção humana, a assistência e o bem estar social, com prioridade à criança e ao adolescente.



Essa postura filantropa e assistencial marcou sua passagem pela prefeito de Campinas.

Lafayette Álvaro de Souza Camargo foi prefeito de Campinas eleito pelo Estado Novo entre 22 de julho de 1941 e 04 de novembro de 1941. Ele foi antecedido pelo prefeito Euclides Vieira e precedido pelo prefeito Perseu Leite de Barros. Durante esse período, sensibilizou-se e passou a preocupar-se com a proliferação dos cortiços na região central de Campinas.


Há uma escola em Campinas que leva o nome Lafayette Álvaro de Souza Camargo, no bairro Cambuí. Já no Jardim Eulina, uma rua eterniza seu nome.

O prefeito Lafayette Álvaro de Souza Camargo faleceu em 12 de setembro de 1967.
 

Fontes:



ALEXANDRE CAMPANHOLA

sábado, 17 de fevereiro de 2018

CURIOSIDADES DE CAMPINAS: O Matadouro Municipal


 
O Matadouro Municipal foi uma construção idealizada pelo arquiteto Ramos de Azevedo no final do século XIX. Sua fundação foi feita pelos senhores Dr. Francisco de Paula Ramos de Azevedo, Francsico Glicério e Bento Quirino dos Santos. Ele situava-se na Vila Industrial, na atual Rua General Lauro Sodré, nas proximidades do córrego piçarrão.
 

 
 
 
Já em 1879, no dia 14 de dezembro, havia sido nomeada um diretoria da Companhia Campineira do Matadouro Municipal composta por Franscico Glicério, presidente; Bento Quirino dos Santos, tesoureiro; Squire Sampson, secretário. E uma comissão de redação dos estatutos formada por João Antônio Bierrenbach, Ramos de Azevedo e Francisco Glicério.
No dia 06 de março de 1882, iniciou-se as obras do matadouro. Neste ano também ocorreu sua inauguração.




A construção do matadouro foi uma reinvidicação da população, pois os animais, criados no meio urbano, eram costumeiramente abatidos nos quintais, ou em ruas e terrenos baldios, e os restos que eram abandonados, atraíam moscas  e outros insetos, exalavam mal cheiro e causavam desconforto. Havia um matadouro, na Casa de Câmera e Cadeia, mas era muito longe para atender, em termos de instalações e serviços, ao crescimento da cidade no tocante do consumo de carne.
 
 
 
 
Por isso, em 1877, a Câmara Municipal de Campinas adquiriu uma chácara nos arredores da cidade, junto a um curso d`água, para construir lá o novo matadouro municipal.
Foi somente em setembro de 1885 que o matadouro começou a funcionar, sendo então administrado pela municipalidade.

 



Este matadouto foi um dos primeiros do gênero construídos no Brasil. Ele fornecia matéria-prima também para o Cortume Campinense.
Por causa do Matadouro Municipal, os moradores da Vila Industrial eram conhecidos como bucheiros.
Era frequente, também por causa do matadouro, o trajeto de bois por algumas ruas de terra da Vila Industrial, levantando poeira no ar e causando barulho e agitação, o estouro da boiada.


O Matadouro Municipal foi demolido na década de 60 e hoje, no local onde funcionava, existe um conjunto habitacional.

 





Quando fui à querida Vila Industrial em busca do local onde funcionou o Matadouro Municipal, minha esperança era encontrar algum vestígio daquela construção, qualquer coisa que pudesse resgatar um tempo em que não existia tantas empreendimentos comerciais, e as pessoas iam comprar as carnes que queriam consumir direto do matadouro.
 
 
 
 
Encontrei uma senhora na Rua Salles de Oliveira, que me pediu para descer a Rua João Teodoro, uma vez que assim chegaria ao local onde um dia existiu o matadouro. Seguindo esta orientação e nada encontrando que pudesse caracterizar o local, aproximei-me de duas senhoras que conversavam na calçada e imaginei que poderiam me informar melhor, já que pareciam moradoras antigas do bairro. E, realmente me indicaram com maior clareza o local, na Rua General Lauro Sodré. Uma delas ainda me disse que comprava carne lá no matadouro, enquanto a outra me mostrou a rua onde o gado passava.
 
 
 
 
 
Até que vi e estive no local indicado, fotografei, mas ainda tinha dúvidas se fora aquele local mesmo onde funcionou o matadouro. Para minha sorte, em uma casa perto, duas senhoras também conversavam na calçada e confirmei com elas. Muito simpáticas, elas contaram-me como era a Vila Industrial na época do matadouro.
 
 
 
 
Contaram que compravam carne no local, que as carnes de sol ficavam penduradas em arames, e era tudo bem limpo. Que sentia pena dos animais abatidos, pois ouvia-se das casas o grito da morte. Disseram-me que era uma construção grandiosa e, apesar das dificuldades enfrentadas pela Vila Industrial naquela época, em termos de infraestrutura e saneamento básico, era uma época muito boa.

 

 

Fontes:

http://blogs.viaeptv.com/blogs/promemoriacampinas/2006/memoria-fotografica-1896-matadouro-municipal/









ALEXANDRE CAMPANHOLA

sábado, 3 de fevereiro de 2018

NOSSOS BAIRROS: Vila Padre Anchieta


 
 
A Vila Padre Anchieta é o principal bairro do Distrito de Nova Aparecida. Ela tem ao sul a Vila Lunardi, a oeste o município de Hortolândia, a noroeste o município de Sumaré, a nordeste a Rodovia Anhanguera, a leste o Jardim Aparecida e a sudeste a Vila Reggio e o Núcleo Residencial Boa Vista.

 
 

A vila foi inaugurada no dia 11 de fevereiro de 1982 pelo Presidente do regime ditatorial da época, João Figueiredo, com um discurso inaugural na Avenida João Paulo II.  Quando o presidente inaugurou a vila, em uma quinta-feira, dava-se início oficalmente à vida comunitária de uma “cidade” não apenas de porte razoável, mas também com uma infraestrutura urbana de causar inveja à maioria das pequenas localidades do interior.

 
 
 
A Vila Padre Anchieta surgiu durante um ambicioso plano de expansão urbana através do crescimento habitacional do Distrito de Nova Aparecida, anunciado pelo prefeito de Campinas na época, Francisco Amaral. A intenção era transformar o distrito em uma nova cidade dentro de Campinas, através da construção de 6,5 mil casas e a formação de um contingente populacional de 35 mil pessoas, o que equivaleria a 10% da população total da cidade de Campinas.

 



Foi a Cohab-Campinas que se responsabilizou pela construção daquele conjunto de habitações, um dos maiores do Estado de São Paulo com suas 3.564 moradias, das quais 1.072 eram apartamentos. Também foi construída uma complexa estrutura de lazer e serviços, que incluía 56 lojas, uma escola de primeiro grau com 21 salas, que era seguramente a maior do Estado, um centro esportivo com quadra de futebol e piscina, um centro médico, um posto policial, anfiteatro, creche, sala odontológica e centro social.

 
 
 

A Escola Estadual Miguel Vincente Cury foi inaugurada em 1981 e leva o nome do empresário, político e ex-prefeito de Campinas, Miguel Vicente Cury. A escola foi inaugurada em um período em que a Vila Padre Anchieta assistiu à chegada dos primeiros moradores que ocupariam as casas populares que foram entregues.

 
 

Nasceu também com a vila, um grande centro comercial com 52 estabelecimentos distribuídos em 29 ramos de atividades comerciais. Além deste centro comercial constituído de pequenas lojas, foi reservada uma área para a construção de um grande supermercado. Com isso, percebeu-se um fenômeno interessante: o comércio do bairro da Aparecidinha, com seus numerosos empórios, bares, quitandas, mercearias e padarias também foi reestimulado em função do conjunto. 
 
 
 
Os ramos de negócios escolhidos e o número de lojas previstas foram determinados por uma pesquisa sobre as necessidades básicas de compras feitas pela população. Um varejão, intermediado pelo Ceasa de Campinas, fazia o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os moradores do conjunto habitacional.

 

 

O prefeito Francisco Amaral havia determinado desde início de sua gestão a construção de 10.730 unidades habitacionais, e garantia “quem passa pelo conjunto Padre Anchieta e se espanta com a grandiosidade da obra, ainda não viu nada”. Até o final do mandato, Chico Amaral havia prometido a construção de mais 6.500 casas no Distrito Industrial, vizinhas às 968 já existentes naquela época.
 
 
 
 
Segundo os jornais da época, a concretização daquele objetivo daria a Chico Amaral a façanha inédita em termos de administração municipal de ter criado moradias suficientes para abrigar mais de 10% da população do município, tornando-se na história de Campinas o prefeito que estabeleceu como prioridade de governo o sistema habitacional.

 
 

A Vila Padre Anchieta ocupa uma área de 1.270.000 metros quadrados, e em 1980, abrigava cerca de 18 mil pessoas, em sua grande maioria trabalhadores das indústrias . Em uma pesquisa feita na época foi constatado que mais de 90% dos domicílios do conjunto era formado por famílias de mais de cinco integrantes, e dados sobre a renda e os números do contingente familiar indicavam também que estas pessoas vieram de regiões rurais, que 11% vieram de favelas ou de pequenos cômodos de fundos. A grande maioria dos incluídos nessas duas categorias , entretanto, viviam em cortiços ou em pequenas casas de aluguéis altíssimos.

 


 
Antes da fundação, o território onde atualmente está formada a Vila Padre Anchieta era um pequeno lugarejo, com algumas vendas na região da Fazenda Santa Isabel, a qual deu origem ao Distrito de Nova Aparecida.

 



 

 

Discurso do Presidente Figueiredo:
 

“ A casa própria é a segurança da familia. Possibilitar
 
habitação condigna aos brasileiros está entre os mais
 
firmes compromissos sociais do meu Governo. Cumprir
 
esse encargo, entretanto, constitui tarefa extremamente
 
rude. Os núcleos habitacionais crescem de forma rápida
 
e incessante. Contribuem para isso as migrações do campo
 
para as cidades. Milhões de brasileiros vêm procurando
 
nesses últimos tempos as zonas urbanas em busca
 
de melhores condições de vida. Agrava-se desse modo a
 
crise habitacional, que já seria preocupante se causada,
 
tão-só, pela necessidade de novas construções, para fazer
 
face ao crescimento vegetativo das populações locais.

 
 
 
 
 
Objetivo prioritário do meu Governo, o plano habitacional
está sendo executado com maestria, tenacidade
e eficiência e em todos os lugares onde a situação se
mostra premente, constróem-se conjuntos habitacionais,
onde, pelo menos, se tenha água, luz, escola e assistência
médica. O ritmo que vem sendo imprimido a este
trabalho, desse grande programa social, permite assegurar
que, em 1985, vinte e cinco milhões de brasileiros,
cerca de 1/5 da população do Brasil, estejam vivendo
sobre o teto da casa própria edificada com o auxilio do 
Governo.
 
 
 


Já em março pretendemos iniciar um outro programa
e expandi-lo para o trabalhador rural, fazendo com
que ele se' fixe no seu rincão e vejamos diminuído esse
afluxo para as grandes cidades. Milhões de cruzeiros estão
sendo investidos nesse vital empreendimento, para
cuja execução mobilizei ministérios, governos estaduais e
municipais, empresários, trabalhadores e corporações
comunitárias.
 
 
 

Ao voltar a Campinas, terra onde nasceu, viveu e
faleceu minha mãe; terra que faleceu meu pai; terra onde
reside há muitos anos a minha única e querida irmã
Luiza; terra onde vivem parentes a quem sou profundamente
afeiçoado; é com imensa satisfação, ao voltar a
Campinas, que vejo prontas mais de três mil e quinhentas
casas do Conjunto Anchieta. Sábado verei outras sete
mil e duzentas em Itaquera. Alegra-me verificar que o
problema da casa própria está sendo resolvido a passos
firmes, com o concurso de todas as forças sociais.
Alegra-me ver demonstrado que o meu Governo, com o
auxílio da sociedade, vem possibilitando dar ao povo
brasileiro requisito fundamental para o seu bem-estar, a
casa própria.”
 

 

 

Fontes:

 




 

ALEXANDRE CAMPANHOLA