sábado, 22 de dezembro de 2012

A RAZÃO DO ENGRAXATE

 

  Dizem que estudou de mais e muito pensou no futuro. Foi então que lhe fugiu a razão, e começou a andar pelas ruas todo elegante, sempre de terno e gravata, bem penteado, suportando uma caixa de engraxate nas costas e conversando com seu amigo invisível.
  Vivia aos pés dos outros, caprichando para dar brilho aos sapatos castigados, já que sua vida era um mistério obscuro. Pagavam-lhe por seu trabalho, como se fizesse alguma diferença.
  Sempre no final do dia, sentava-se na plataforma do ponto onde esperava seu ônibus, e rasgava cédula por cédula de reais de sua realidade, pois do contrário, ninguém o entenderia.

 


Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola





 
 
 

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte final



São poucos os médicos que ainda se encontram em Campinas nestes terríveis dias de epidemia de febre amarela. Há uma grande dificuldade de socorrer as pessoas infectadas e os centros de saúde contam com a solidariedade de alguns valentes profissionais, e de comprometidos políticos para se manterem, podendo com isso, cuidar dos doentes. O Sr. José Paulino Nogueira – presidente da Câmara Municipal - faz o que pode para apoiar e contribuir para a abertura de uma nova enfermaria no hospital Círcolo Italiano. Este político também permanece corajosamente na cidade, ao contrário da maioria de sua classe.
Juntamente com o hospital Círcolo Italiano, os hospitais Santa Casa da Misericórdia e Beneficência Portuguesa também recebem os infectados em um dedicado esforço para minimizar o problema.




João Guilherme da Costa Aguiar, como já foi citado, dirige a enfermaria municipal do Circolo Italiano. Ele permanece na cidade, mas leva para fora sua família sob a ameaça de também ser infectada. Certo dia, ele escreve uma carta para seus familiares e nestes trechos revela sua intensa luta:








Hospital Circolo Italiano, atual Casa da Saúde


“Continuamos a lutar com o dragão que ameaça devorar a população desta cidade. Creio que das pessoas que não puderam sair, raras serão as que escapem da ação terrível do contágio. O número de médicos está muito reduzido; mas hei de ser dos últimos a sair”.
Em outra carta, tal trecho descreve a situação da cidade:
“Hoje vi poucos doentes relativamente; 62 até esta hora (3 da tarde), ao passo que tem havido dias de ver 90, e não mais por fadiga”. “Admira que numa cidade despovoada, como está Campinas, onde custa ver-se uma casa aberta, a peste ache pasto abundante para fazer 30 vítimas como ontem, e 50 como anteontem.” “Quando nos deitamos, procurando um repouso para o corpo e para o espírito, debalde tentamos conciliar o sono; o gemido dos que lutam ainda, o arquejar dos moribundos, nos fazem como que uma obsessão. Parece que em cada um desses acentos lúgubres da vítima fala uma voz repetindo, em todos os tons, a miséria da nossa ciência, senão a inépcia com que a exercemos. Deus de misericórdia! Tende piedade de nós!”.
No dia 19 de Maio de 1889, Costa Aguiar morre de febre amarela contraída quando atendia aos pacientes da epidemia. Mais tarde, a Câmara municipal concede-lhe a medalha de gratidão e aprova a substituição do nome da Rua da Constituição para Rua Dr. Costa Aguiar.




José Paulino continua sua luta intensa para enfrentar a epidemia, agora após ter assumido o governo desta cidade que parece abandonada. Ele mobiliza sócios e clientes de sua loja, e apela para que os amigos Campos Salles e Francisco Glicério arranjem meios para que se conclua os serviços de canalização de água potável e de instalação da rede de esgotos. Só assim a cidade se livra dos poços e fossas.
No dia 2 de Abril de 1889, ele manda um apelo dramático a Francisco Glicério:












José Paulino Nogueira
 

 “A epidemia recrudesceu bastante de cinco dias a esta parte; pelo obituário, podes calcular o que vai por aqui, é um horror! Não há espírito, por mais forte que seja, que tenha a necessária calma no meio de tanta desgraça. Pobre Campinas. Parece-me que nunca mais poderá levantar-se pujante como já foi. Você, Moares, Campos Salles e outros filhos desta terra, que aí estão com o espírito fresco e calmo, pensem e ponham em prática tudo o que for para facilitar o empréstimo da Companhia Campineira de Águas e Esgotos, que é a única salvação desta cidade. Adeus, até por cá, se vivermos.”
Em janeiro de 1889, o reinício das aulas no tradicional colégio Culto à Ciência demonstra que há um abrandamento da horrenda epidemia que abala Campinas, graças as medidas tomadas por José Paulino que um dia nomeará uma rua no centro de Campinas.
Em 1897, retorna a febre amarela, provocando mortes, arrasando a cidade, em especial a colônia italiana onde o surto era maior. Felizmente o Dr. Emílio Ribas descobre e isola o transmissor da terrível doença, saneando Campinas, acabando de vez com a febre amarela.



Pesquisa e adaptação: Alexandre Campanhola

 

domingo, 16 de dezembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 5




Fundado em 2 de maio de 1886, o hospital do Círcolo Italiano foi um projeto assinado por Francisco de Paula Ramos de Azevedo, e neste ano de 1889 mantém um enfermaria de emergência para atender aos doentes da epidemia. João Guilherme da Costa Aguiar, médico nascido em Itu, é quem dirige esta enfermaria municipal e quem também trabalha intensa e gratuitamente para prestar socorro à população.
O doutor Ângelo Jacinto Simões é outro profissional da área médica que também não abandona Campinas. Não parando de trabalhar um só dia durante a epidemia, Ângelo Simões não deixa a cidade mesmo após o falecimento de sua filha. Graças ao seu desvelo, Dom João Nery que, junto ao Cônego Cipião presta assistência à população carente, não morre após contrair a doença.
Ângelo Simões que nasceu no Rio de Janeiro permanece até sua morte em Campinas, em 20 de Outubro de 1907, e no bairro da Ponte Preta, em sua homenagem, uma avenida recebe o seu nome.


 

Durante este triste período de febre amarela, outras importantes personalidades de Campinas contribuem para combater o terrível problema. O doutor Antonio Pinheiro de Ulhoa Cintra, o Barão de Jaguara, encontra-se várias vezes na cidade como chefe do executivo, constatando pessoalmente a situação alarmante. Ele propõe a assembleia investimentos para conclusão da obra de serviços de água e esgotos. Um dia, a Rua Direita no centro de Campinas, passará a ter o nome deste ilustre Barão.






Barão de Jaguara





Bento Quirino dos Santos é outro forte nome na política de Campinas que luta para ajudar a cidade. Este, que foi um dos fundadores do colégio Culto à Ciência, presta relevantes serviços à população campineira.










Bento Quirino




Outro médico que atua durante certo período em Campinas é o doutor Thomas Alves, fundador da Maternidade de Campinas, anos mais tarde. Este médico que nasceu no Rio de Janeiro é um dos mais estimados pelas diversas classes sociais, e sendo uma pessoa de alma generosa, ele não mede esforços para tratar aqueles atingidos pela epidemia. Sua constante atuação faz com que ele também seja infectado e tenha um dedo indicador inutilizado.
Thomas Alves não permanece em Campinas nos momentos mais críticos da doença, como o fazem Costa Aguiar, Ângelo Simões e Germano Melchert.
 






Doutor Thomás Alves



Ná próxima e última parte:

A morte do doutor Costa Aguiar
As medidas providenciais tomadas por José Paulino



Continua no dia 22/12/2012
 

sábado, 15 de dezembro de 2012

O BUSTO DE CÉSAR BIERRENBACH, EM CAMPINAS




João César Bueno Bierrenbach nasceu em Campinas no dia 07 de Abril de 1872. Foi orador, um dos mais brilhantes, tribuno por excelência e lente catedrático do tradicional ginásio " Culto à Ciência". Nesse colégio, também foi professor de história natural de 1901 a 1907. Foi um dos oradores na inauguração em 1906 do monumento-túmulo de Carlos Gomes e no enterro de Moraes Salles. Foi fundador e primeiro secretário do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, sendo denominado por Álvaro Muller " Uma lira e uma tempestade". Escreveu " Manifesto em favor da independência de Cuba" e " Brasílio Machado" (estudo biográfico).
 
 


César Bierrenbach foi amigo de importantes personalidades de Campinas e do Brasil como Coelho Neto e Euclides da Cunha. Sua família foi pioneira no processo de industrialização da cidade de Campinas. A primeira fábrica de chapéus Bierrenbach e irmão foi inaugurada em 1857. Uma das características da empresa era o emprego de mão-de-obra escrava renumerada e também de menores de idade.

Em 1912, ele foi homenageado com um busto que está instalado na praça Bento Quirino, em frente à igreja do Carmo.

César Bierrenbach morreu no Rio de Janeiro no dia 02 de Julho de 1907, de uma forma inesperada, vítima de suicídio, e seu túmulo encontra-se na via principal do Cemitério da Saudade, sob uma frondosa pitangueira.








Fonte:

domingo, 9 de dezembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889- Parte 4

 

Abril de 1889 é o mês do terror em Campinas. A epidemia parece dominar a cidade, poucas medidas são eficazes para conter o problema, muitas pessoas continuam morrendo e deixando o território campineiro. Colégios importantes como o Culto à Ciência fecham suas portas devido à condição alarmante.
 









Colégio Culto à Ciência
 
 
As pessoas pobres, sem condições de deixar a cidade e se tratarem, sofrem com a situação. Compadecidos, o médico doutor Alberto Sarmento e o Cônego Cipião Junqueira fundam no dia 7 de Abril de 1889 a Sociedade Protetora dos Pobres, no consistório da matriz nova, que um dia será a Catedral de Campinas. A finalidade desta sociedade é coletar donativos para viabilizar a distribuição de gêneros alimentícios à população carente, os quais ficariam armazenados no Coliseu, uma casa de espetáculos.
O Cônego Cipião Junqueira – vigário da Matriz Nova – torna-se o presidente da sociedade e Álvaro Muller – delegado de policia – é o tesoureiro. Este morrerá posteriormente de febre amarela e um dia será homenageado dando seu nome a uma rua na Vila Itapura. Outros participantes desta sociedade beneficente são: o padre João Batista Correa Néri e o doutor Joaquim Gomes Pinto.














Dom João Néri


A Sociedade Protetora dos Pobres passa a cadastrar famílias e doar alimentos semanalmente a mais de cinco mil pessoas. Apesar da atividade filantrópica se desenvolver, esta sociedade acaba encerrando suas atuações no dia 31 de Maio de 1889, devido à morte de importantes membros de sua equipe como Francisco José de Carvalho e Cipriano Rosa de Andrade. 
A Congregação das Irmãs de São José de Chamberry, presentes de Campinas desde 1876, realizando trabalhos na Santa Casa da Misericórdia, dedicam suas atividades às órfãs em um asilo. Com o problema da febre amarela, a Santa Casa é a primeira a providenciar uma enfermeira específica e um hospital ambulante aberto. Porém, quase todos os integrantes desta medida emergencial são atingidos pela doença.
 Muito dedicada, a irmã Maria dos Seraphins Favre participa ativamente nos cuidados àqueles que sofrem. Ela atua, como as outras irmãs, na área de enfermagem e também acaba se adoecendo, e morrendo aos 44 anos, tendo seu atestado de óbito assinado pelo doutor Ângelo Simões, um dos médicos que permanecem na cidade. Em homenagem a esta irmã, um dia a Rua Sete de Setembro terá seu nome mudado para Irmã Serafina.













 




Rua Irmã Serafina, homenagem à irmã Maria dos Seraphins Favre


No auge da epidemia, nos meses de março a abril a ausência de médicos é um dos graves efeitos. Quase todos os médicos deixam a cidade, e as autoridades trazem especialistas de outras localidades como o doutor Adolpho Lutz. Este fica apenas dois meses em Campinas e faz algumas percepções em relação à doença. Segundo Lutz, a doença se alastra pelas cidades que margeiam a estrada de ferro, fato que explica o aparecimento de vários casos esporádicos e isolados de febre amarela em funcionários do correio e da ferrovia, e em pessoas que nunca tinham visitado Campinas. O doutor Lutz, após deixar Campinas, estabelece-se no Havaí.





Na próxima parte:

Os grandes homens que lutaram contra a epidemia



O PRÉDIO DE OSCAR


 
Em 1953, a Folha da Manhã, jornal de São Paulo, anunciava orgulhosamente:

"Orgulhosamente, apresentamos o primeiro projeto de Oscar Niemeyer para uma cidade do interior paulista: Edifício Itatiaia, ponto alto da arquitetura campineira"
 


No dia 5 de Dezembro, o Brasil perdeu um grande homem. Grande por sua capacidade criativa, por suas realizações, e acima de tudo, por sua humildade.
Oscar Niemeyer é um nome conhecido em todo o mundo. É o nome que há de ser exaltado sempre pelos brasileiros, pois quando nos lembrarmos da capital de nosso país, temos que creditar sua imagem futurista e moderna a este arquiteto, que junto com outro arquiteto, Lúcio costa, um dia ousaram inovar.
Oscar Niemeyer trabalhou muito e deixou seu legado espalhado por todo o Brasil e o mundo.










 



Em Campinas, ele também deixou sua querida lembrança em forma de um edifício construído entre os anos de 1954 e 1960.





O Edifício Itatiaia foi projetado por Oscar Niemeyer. Ele possui um formato trapezoidal, com a frente reta e a traseira ondulada, lembrando muito o edifício Copan, em São Paulo. Ele possui 15 andares e 60 apartamentos.
Este edifico fica na Avenida Irmã Serafina, no número 919, no centro de Campinas













 
 
 
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 3




  A epidemia começa a dominar a cidade de Campinas. Sua gravidade é tão grande, que 16 dias após sua detecção, o conselho administrativo encontra-se impossibilitado de se reunir. Pessoas e mais pessoas acabam sendo vítimas da febre amarela, a ponto de um caminhão percorrer as ruas nas tardes para recolher corpos, agilizando os sepultamentos que se sucedem à noite para evitar contágios.
  A situação torna-se tão grave que o número de óbito por dia chega ao de quarenta pessoas. O número aproximado de vítimas que morrerão devido a esta moléstia será de: 816 homens, 285 mulheres e 99 crianças.

  A Sociedade Civil Beneficente e de Utilidade Pública, conhecida como Circolo Italiani Unit, uma casa de saúde, presta assistência médica distribuindo remédios, dinheiro e cuidados.
  As famílias de posses se retiram para outros locais não afetados por essa terrível epidemia, permanecendo junto ao perigo apenas os menos favorecidos ou aqueles que por obrigação inadiável têm que continuar em lugar tão perigoso.
  Os fazendeiros deixam suas casas da cidade para se refugiarem nas fazendas; os demais moradores apavorados abandonam os lares e pertences, fugindo de trem ou a pé, reduzindo-se a menos da metade a população urbana, estimada em torno de dez mil habitantes.
  A Companhia Paulista de Estrada de Ferro chega a fornecer passagem grátis para São Paulo, no final de abril, para aqueles que querem evadir-se da área infectada. Campinas fica povoada apenas por cerca de 3.000 habitantes nos piores dias da epidemia, quando pessoas morrem nas ruas e são enterradas em valas comuns. Faltam medicamentos - por não haver quem os manipule - e comida na cidade
  O doutor Melchert passa a participar ativamente no combate contra esta epidemia. Dos 23 médicos que residem em Campinas, ele é um dos três que ficam na cidade, lutando heroicamente sem qualquer renumeração, já que só ficaram as famílias menos favorecidas economicamente. Sua generosidade é tão grande que junto com as prescrições dadas aos pacientes, ele deixa dinheiro para os medicamentos e alimentação às famílias visitadas.
  Certo dia, o doutor Melchert também se vê contaminado pela doença e é tratado pelo delegado de higiene. Apesar dos dias de sofrimento e mesmo com a saúde comprometida, ele continua tratando incansavelmente os amarelentos e ajudando em tudo o que é possível, inclusive removendo cadáveres.
  O doutor Melchert ficará em Campinas até 1903. Em 1921, ele se mudará para Santos, onde falecerá.























O médico Germano Frederico Eduardo Melchert





Na próxima semana:

Os movimentos solidários na época da epidemia
A atuação do médico Adolpho Lutz

sábado, 1 de dezembro de 2012

VELHA CARA NOVA

 
 
  Há pouco tempo atrás reformaram a fachada do histórico Colégio "Culto à Ciência". Decerto para minimizar a imagem decadente que hoje exibe este que foi um importante celeiro de manifestações intelectuais e artísticas de nosso país.
 Certa vez eu também pisei em seus pátios arcaicos construídos com extintas glórias. E, nem imaginava que sentado entre os arvoredos, um dia Santos Dummont sonhou com as alturas; que percorrendo os corredores extensos, Júlio de Mesquita descobria que gostava mesmo era de retratar a realidade; que coordenando os grupos de trabalho, Chico de Amaral, bem mais tarde, seria o coordenador maior da cidade de Campinas; que o bom aluno Penido Burnier se deliciava com as aulas de Biologia, e que seria tão empenhado a ponto de um dia ter uma grande clínica com o seu nome, na Avenida Andrade Neves.
 Quando me vi encolhido no velho banco, expiando minha mãe concluir a matrícula, não sabia que talvez foi naquele banco que Regina Duarte fazia a suas ceninhas, e que o Faustão animava a todos após uma chatíssima aula de Física. Nem suspeitava, já cursando o terceiro ano do ensino médio, já liberto da timidez do princípio de meus anos naquele templo, que não fora o primeiro a encantar as mocinhas ao ser poeta, pois foi lá que Guilherme de Almeida ventilou seus nobres versos antes de se tornar um príncipe.
 De fachada reformada, sei que se este valioso colégio pudesse exprimir seus sentimentos, estes não revelariam a ânsia pelos cuidados de ilustres operários, mas sim, da esplêndida tradição que ficou para trás.





Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola


 




















 
 
 

domingo, 25 de novembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 2




Em pouco tempo a morte começa a se instalar no território campineiro devido à febre amarela, contraída em decorrência da picada dos mosquitos, que encontram no ambiente de precário saneamento básico, uma situação propícia para se proliferarem.
No dia 23 de fevereiro, o médico Eduardo Augusto Ribeiro Guimarães, que mais tarde fundará a Universidade Livre de São Paulo, envia uma carta ao jornal Correio Paulista numa tentativa de alertar a população sobre o início da epidemia de febre amarela. Sua casa é apedrejada por tal iniciativa.
Campinas, que viveu anos anteriores de prosperidade e esplendor, já não consegue assumir o controle da situação. A região urbana, que exibia um progresso invejável, agora é um espaço de constantes mortes devido a esta doença difícil de ser tratada. É um verão, ou melhor, um final de verão bastante conturbado, pois a epidemia apresenta-se em profunda expansão, amedrontando as pessoas e causando um clima de extremo pavor.
Eduardo Guimarães passa a participar constantemente de debates sobre as causas e meios de propagação da doença, uma vez que nesta época os fatores que possibilitam sua proliferação são incertos. Nos debates, são discutidas até a veracidade sobre a presença da doença no território campineiro.
O doutor Eduardo defende em suas explicações que, apesar da altitude, foram favoráveis ao desenvolvimento da febre amarela as elevadíssimas temperaturas, as condições precárias de higiene e a chegada do, segundo ele, microorganismo causador da doença, trazido de Santos por um morador da cidade, em 1888, e por Rosa Beck, no início deste ano de 1889.
Na opinião do médico, seus companheiros de medicina não estão em comum acordo sobre qual moléstia se dissemina, e apenas Germano Melchert tem noção do problema, pois foi ele quem atendeu à paciente que provavelmente trouxera a doença para cidade.
Germano Melchert em contrapartida, embora saiba da presença da doença, não aceita a alegação de que haja uma proliferação da mesma, porém pouco a pouco as evidencias vão se intensificando, os casos são tão frequentes que não há mais como negar a gravidade do problema.
Outro que também manifesta oposição às afirmações do doutor Eduardo Guimarães é o doutor Mathias Lex, que associa as ocorrências de febre amarela em Campinas ao uso desenfreado de desinfetantes e outros produtos usados na esterilização das residências que “viciam o ar com substâncias alheias à sua composição”, introduzidas no organismo através da respiração, e que alteram a composição sanguínea. Ele resume suas ideias em um artigo publicado no dia 26 de abril no Diário de Campinas . Mathias Lex está convencido de que não é o ar contaminado o grande disseminador da febre amarela, mas dos agentes capazes de desencadear as reações químicas necessárias para que ela ocorra.




























Na próxima publicação:

O êxodo em massa da população
A atuação de Germano Melchert

sábado, 24 de novembro de 2012

BAIRROS DE CAMPINAS: Botafogo



O tradicional bairro do Botafogo no centro campineiro será mostrado aqui em 10 fotos, destacando seus traços antigos misturados com a urbanização recente; algumas de suas construções tradicionais; seus contrastes e seu charme característico.
 




 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 18 de novembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 1




A partir de hoje será publicado um trabalho referente a um triste acontecimento na história de Campinas.

Durante o ano de 1889, esta cidade do interior paulista sofreu com uma terrível epidemia de febre amarela, que reduziu a população campineira de 20 para 5 mil moradores. Houve muitas contradições em relação a proliferação da doença, sobre suas causas e meios para tratá-la. Muita gente deixou a cidade, mas muitos herois arriscaram suas vidas para ajudar as pessoas carentes. Muitos nomes de pessoas e lugares entraram para história devido à grande importância que manifestaram naquela época.
 
Este trabalho será divido em algumas partes, e todo domingo estará disponível para leitura e estudo, a todos aqueles que gostam de aprender e se distrair com uma boa leitura.
 
É um trabalho com aparência narrativa, mas englobando todo o conteúdo de pesquisas sobre o tema. Não se trata de uma abordagem completa e minuciosa, mas uma proposta diferenciada de examinar o fato, sem o compromisso de prolongar os assuntos expostos, apenas de dividir com os interessados um resumo desta trágica ocorrência.
 




A data em questão é 09 de fevereiro de 1889, em Campinas. Rosa Beck é uma jovem professora de francês, de origem suíça, com 24 anos de idade, solteira e que acaba de chegar do Rio de Janeiro, após passar pela cidade de Santos. Sua intenção é empregar-se no território campineiro. Ela se instalou em um hotel na Rua do Bom Jesus, que um dia se chamará Avenida Campos Sales. 


Decorridos seis dias de sua chegada, a jovem sofre por apresentar um quadro de febre alta, dor de cabeça, mal-estar, vômitos, calafrios e muitas dores musculares. Ela é atendida pelo doutor Germano Frederico Eduardo Melchert, médico alemão que, a partir deste ano, passa a trabalhar no hospital Beneficência Portuguesa, inaugurado em 1878. O diagnóstico de Germano Melchert constata que Rosa Beck apresenta febre amarela genuína, uma doença pouco conhecida na atmosfera da medicina, sobretudo em relação a suas causas e tratamentos.
Um dia após o diagnóstico do doutor melchert, no dia 10 de fevereiro de 1889, a jovem professora morre e seu atestado de óbito é registrado no Cartório da Conceição.

(Avenida Campos Sales, 1960)






Um sentimento de dúvida parece incomodar o doutor Melchert após a morte de Rosa. Dias antes, ele deparou-se com um caso semelhante em que um paciente também não pôde resistir, mas não foi diagnosticada como febre amarela a moléstia que atacou o sujeito. Ainda assim, poderia ter sido.
Alguns dias depois, sabe-se que o menino Urbano, filho de pai desconhecido, frequentador da Padaria Suíça, na Rua Bom Jesus, onde Rosa Beck esteve hospedada, também falece sendo diagnosticada como febre amarela a causa. Os mosquitos que picaram a jovem professora estiveram atacando os frequentadores da padaria, certamente.

Em 1889, Campinas é uma cidade que aufere uma avançada condição de progresso, porém seu desenvolvimento urbano evidencia as precárias condições de infraestrutura. A cidade é cortada por dois significantes cursos d`água: o denominado córrego Tanquinho que se junta com outro córrego denominado Serafim, e ambos têm, nas suas águas, poças estagnadas de suas margens e no ar infectado, o centro proliferador do famigerado estegomia, o mosquito que transmite a febre amarela, o pernilongo traiçoeiro. Campinas sofre com problemas relacionados à falta de canalização de córregos e esgotos, a ausência de remoção do lixo, às áreas pantanosas, a necessidade de calçamentos das ruas. 




É importante ressaltar que o córrego Tanquinho, sobretudo, convive diretamente com o núcleo urbano formado a partir da Rua de Cima, que um dia se chamará Barão de Jaguara, Rua do Meio e Rua de Baixo, e este córrego passa a receber esgotos, lançados sem tratamento. O córrego sofre, igualmente, os impactos dos três lixões que existem em Campinas, nas regiões que um dia será o Largo do Pará, a Praça Carlos Gomes e o Mercado Municipal.


(Córrego Orosimbo Maia, na época, Córrego Serafim)




 Na próxima publicação:

A proliferação da febre amarela;
O pontos de vista dos médicos Eduardo Guimarães e Mathias Lex

sábado, 17 de novembro de 2012

O BUSTO DE RUY BARBOSA, EM CAMPINAS


Alguns bustos e estátuas de importantes figuras de Campinas e do Brasil, que estão presentes nesta cidade paulista, serão apresentados ao longo dos meses, assim como uma breve e resumida biografia dos homenageados.


Ruy Barbosa de Oliveira nasceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 5 de novembro de 1849.

Foi jurista, político, filólogo, tradutor e orador brasileiro.

Apoiou o movimento abolicionista junto com importantes figuras, como o poeta Castro Alves, com o qual chegou a fundar uma sociedade abolicionista.

Ele também apoiou o movimento republicano e teve uma grande participação no processo de proclamação da república, que ocorreu em 15 de novembro de 1889. Tornou-se o primeiro ministro da fazenda da história do Brasil como república.

Juntamente com Prudente de Morais foi coautor da constituição da Primeira República.

Dotado de uma vasta erudição, foi um excelente orador. Foi embaixador do Brasil na Conferência de Haia (1907), representando o Brasil com grande mérito e destaque. Por sua brilhante participação nesta conferência foi aplidado de "Águia de Haia".

Foi deputado, senador, ministro. Em duas ocasiões foi candidato a presidência da república. Empreendeu na Campanha Civilista contra o candidato Hermes da Fonseca.

Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, sendo presidente entre 1908 e 1919.

Ruy Barbosa em Campinas


“Era um, e, logo após, são muitos, já vêm surgindo inumeráveis, já parecem infinitos; já se cruzam e recruzam; já se encontram e circulam; já se condensam, escurecem. Era um grupo; e já formam um bando, já vêm crescendo em longas revoadas, já se refervem em enxames, já se estendem numa vasta nuvem agitada. Toldaram o céu, encheram o ar, veem-nos ondeando sobre as cabeças”. Foi assim que Rui Barbosa descreveu o voo das andorinhas de Campinas em uma de suas crônicas. Ele visitou a cidade várias vezes, a primeira delas em 1884, quando ficou hospedado na Fazenda Santa Genebra, do barão Geraldo de Resende.

http://portal.rac.com.br/blog/28480/43/janete-trevisani-e-rogerio-verzignasse/rui-barbosa-e-o-voo-das-andorinhas





Campinas foi no passado conhecida como "terra das andorinhas".(...) A fama nacional foi reconhecida depois que Rui Barbosa visitou Campinas em 1914 e assistiu aos vôos rasantes das aves no extinto Mercado das Hortaliças, onde hoje é o Largo das Andorinhas, no Centro. Em uma só tarde, um pesquisador da época chegou a estimar 30 mil andorinhas nos telhados. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Rui Barbosa escreveu a crônica As Andorinhas de Campinas, que foi lida no Centro de Ciências, Letras e Artes na ocasião da visita.
http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com.br/2007/02/curiosidades-campinas-terra-das.html



Mais informações sobre Ruy Barbosa podem ser vistas em:

http://www.projetomemoria.art.br/RuiBarbosa/




O busto de Ruy Barbosa está presente na Praça Carlos Gomes, em Campinas.















sábado, 10 de novembro de 2012

UM POEMA DO DOUTOR QUIRINO




 Quem mora em Campinas certamente já passou pela Rua Doutor Quirino alguma vez, pois ela está presente no centro de Campinas e possui vários estabelecimentos comerciais.






O Doutor Quirino se chamava Francisco Quirino dos Santos e era irmão da célebre personalidade política de Campinas, Bento Quirino dos Santos.

Nascido em Campinas, em 1841, o Doutor Quirino exerceu advocacia, foi promotor público, deputado provincial, membro da Sociedade de Geografia de Lisboa e sócio de quase todas as instituições culturais de São Paulo.




 


Ele foi o fundador da Gazeta de Campinas, importante jornal da época.


E o Doutor Quirino também foi poeta muito elogiado pela Imprensa Fluminense e Portuguesa. Escreveu alguns livros e o prefácio do livro "Vozes da América" do importante poeta romântico brasileiro Fagundes Varela.

O livro mais conhecido do Doutor Quirino foi "Estrellas Errantes", do qual foi extraído este poema para deleite dos amantes de poesias e apreciadores dos escritores campineiros:








QUIEN AMA NO VIVE

 
Quando em teus olhos scintilla,

Por entre a negra pupilla,

Essa luz vivida e pura

Que nos meus se vem cravar,

Não sentes um vago, incerto

Palpitar pela ventura

Que tanto mais desparece

Quanto mais nos vemos perto?

Oh! n'esse eterno aspirar

Das sombras ao eterno gozo,

Não vês que vae-se o repouso,

Que toda a vida estremece?

Quando estás longe de mim,

N'essa saudade infinita

Que os seios dilata, agita

N'um sonho meigo sem fim,

Quando tudo se illumina

De um raio vital na terra ;

Quando o sol no adeus se inclina,

Ligando no mesmo abraço

As nuvensinhas doiradas

E as penedias da serra ;

Lançando a vista no espaço,

No azul que separa o monte

D'entre as brumas do horizonte

Fitando o mórbido olhar,

Buscando ancioso o explendo

Que se morre alem do mar,

Por ter avistado a imagem

De alguma etherea visão

No quasi extincto fulgor, —

Mas que esvae-se na passagem

Do importuno turbilhão;

Não julgas sentir a vida

Exhausta quasi, perdida,

No desvairado debate

D'esse luctar da razão,

Contra a matéria que abate

O amor ao limbo da treva

E o espirito que o eleva

Ao ideal do prazer ?.

Pois isto assim é viver ?!



Maio de 1863.


Foi preservada a ortografia original deste poema.

A CAMPINAS DE 1889




A partir da próxima semana, este blog dedicado a construir um retrato da cidade paulista de Campinas, baseando-se em seu passado e seu presente, vai publicar um trabalho de caráter histórico e literário narrando de forma resumida como foi a epidemia de febre amarela na Campinas de 1889. Este acontecimento trágico tem uma importância imensa na construção da memória desta cidade, na consolidação de seus grandes homens e no desenvolvimento de um senso mais abrangente sobre esta doença que fez tantas vítimas no século XIX.




Em 1889, Campinas é a mais importante cidade do sul do Brasil e, com exceção da cidade de São Paulo, nenhuma outra cidade pode competir com ela no quesito progresso, importância comercial e cultural. Em suas terras, as lavouras de café substituem as plantações de cana e os engenhos de açúcar. Os fazendeiros detém a maior parte da riqueza desta província, assim como do resto do Brasil.

Campinas já possui iluminação a gás, linhas de bondes de tração animal e linhas telefônicas. Suas ruas estão agora calçadas com paralelepípedos e a Estrada de Ferro da Companhia Paulista de Vias Férreas foi instalada, tornando-se a pioneira ao fazer a eletrificação da linha Campinas-Jundiaí. Inclusive, no dia da inauguração desta companhia, participaram do evento Joaquim Saldanha Marinho e Clemente Falcão de Sousa e Filho.



 


Clemente Falcão de Souza e Filho, primeiro presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Foi homenageado dando nome a uma rua no centro de Campinas.



Campinas também já possui a Estrada de Ferro Mogiana, inaugurada em 27 de agosto de 1875, e o os primeiros passageiros do primeiro trem que saiu de Campinas para Mogi mirim foram: o imperador Dom Pedro II, o Barão de Parnaíba (Manuel de Sousa Martins), o barão de Ataliba Nogueira, o benemérito filantropo Bento Quirino e o fazendeiro de café Manuel de Morais.
















Prédio da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Hoje funciona um espaço cultural e de formação profissional à população.



Também neste ano de 1889, Campinas encerra importantes colégios como o Colégio Culto à Ciência, que atrai alunos de toda a América do Sul; o colégio São João Batista, o Correia de Melo, a Escola Alemã e a de Josefina Sarmento. E, nestas escolas dão aula professores como Rangel Pestana, Américo Brasiliense, dentre outros.

















Tradicional colégio campineiro Culto à Ciência.



Personalidades importantes do cenário político também residem nesta Campinas como: Manuel Ferraz de Campos Salles, Francisco Glicério e Bento Quirino.


 


 Bento Quirino dos Santos importante político e personalidade de Campinas.


Como opções de lazer Campinas conta com o Hipódromo Campineiro e o Clube Semanal de Cultura Artística. Vale destacar que Antônio Carlos Gomes não se encontra mais na cidade, e brilha na Europa com a ópera “O Guarani”, apresentada no teatro Scala em Milão.



 Clube Semanal de Cultura Artística de Campinas,considerado o clube mais antigo do estado de São Paulo. Em breve se tornará uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do governo.


Campinas possui importantes construções voltadas para a saúde como a Santa Casa da Misericórdia inaugurada em 1876 por pessoas influentes como o Barão Geraldo de Resende e o Padre Vieira; a Beneficência Portuguesa inaugurada em 1878; o Instituto Agronômico também foi fundado neste ano.













Hospital Beneficência Portuguesa e Instituto Agronômico de Campinas.



Nos três bons hotéis da cidade, Hotel de França, Hotel da Europa e o Grande Hotel Campineiro, hospedam-se os nobres da corte imperial como Joaquim Egídio, o Barão de Ataliba Nogueira, o Barão de Itapura, o Barão de Paranapanema e o Conde d`Eu. Muitos deles moram em Campinas a convite de Francisco de Barreto Leme.


 



Barão de Itapura, importante fazendeiro da cidade de Campinas dá nome a uma Avenida no Bairro Itapura.



Apesar de todo progresso e reconhecimento, Campinas apresentava sérios problemas que desencadearam uma das mais terríveis epidemias da história brasileira. Nos próximos dias deste mês, esta história será melhor apresentada e conheceremos um pouco como foi esta passagem triste e engrandecedora.
 

sábado, 3 de novembro de 2012

FÁBRICA DE CHAPÉUS CURY




  Penso, às vezes. como teria sido se naquela época difícil em que os currículos eram feitos à mão e comprados nas papelarias, minha coragem fugitiva de adolescente tivesse me impelido às calçadas umbrosas da Rua Barão Geraldo Rezende, para buscar uma oportunidade de trabalho naquela velha fábrica de chapéus.
 Sempre passava perto, mas não sabia como transformar minha curiosidade em ação, e apenas dedicava meu gosto pelas antiguidades observando àquela construção antiga, que perdura em meio aos arranha-céus, às modernas lojas, ao movimento frenético do Bairro Itapura.
 Outras vezes, paralisado e imaginando como era seu misterioso e sombrio interior, acreditava que ao entrar um dia naquela sólida ruína, já não seria mais eu... talvez um operário italiano, um personagem de uma novela de época de Benedito Rui Barbosa, que literalmente com meu suor faria a cabeça das pessoas.
 Hoje ainda permanece esta antiga fábrica a despertar minhas secretas impressões, resistindo ao sopro implacável do tempo.




Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola





















 
 
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

LIMPANDO CAMPINAS



 Estes trabalhadores que zelam pela limpeza dos espaços públicos urbanos merecem todo o respeito do mundo e admiração. Condicionados a uma atividade de baixa renumeração, muitas vezes, olhados de forma arrogante pelas pessoas, ignorados nas vias de grande movimento, são eles que limpam a sujeira provocada por nosso descaso; por nossa falta de conscientização para não falar de higiene e bom senso.
  Eles podem não saber ler e escrever, desconhecer as complexas teorias das quais nos vangloriamos, podem estar sujeitos as mais humildes condições, mas são essenciais para que vivamos dignamente; não sejamos confundidos com as ratazanas que reinam nos lixões.
  Campinas precisa destes profissionais mais do que nunca; precisa de gente que se inspire neles para promover uma limpeza moral nos setores administrativos; precisa de quem varra a corrupção de nossa terra, expulse as ratazanas que aqui se estabeleceram.
  Campinas precisa da vassoura da honestidade.




Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola