Despreocupados com a vida, aquele grupo de homens debatiam sobre assuntos fúteis, que contribuíam apenas com a passagem do tempo. Encostados nas paredes que delimitavam o terminal de ônibus, a aparência decadente deles misturava-se com as figuras descomunais destacadas no grafite colorido. Eles não se importavam com o fétido cheiro de urina vindo das calçadas; não se importavam de estar em meio a folhas de alface derrubadas no chão, que aos poucos murchavam. Nem com o movimento constante dos carregadores que abasteciam o comércio do interior do terminal. Ainda assim, esquecidos e tentando esquecer a realidade impiedosa, de vez em quando aparecia uma viatura para espalhá-los dali, detrás do terminal, como se espalha pombos no meio da praça.
Crônicas de Campinas
Alexandre Campanhola
Nenhum comentário:
Postar um comentário