domingo, 14 de setembro de 2014

SAUDADE DE OUTRAS TARDES - Crônica de Campinas








Sentado certa tarde na mesa de costume, no boteco de sempre situado na nascente da Avenida Barão de Itapura, acompanhado pelo silêncio eterno do copo de cachaça, pelas vespertinas gargalhadas dos boêmios que lá chegavam e que por toda vida estiveram por lá, seus olhos, agora desacostumados com os novos caminhos da luz que esmorecia, refletiam um pouco da saudade que lhe fragilizava há algum tempo. Misturada às lágrimas repentinas, a antiga rodoviária que tanto lhe rendeu momentos de distração, já não se resumia em ruínas abandonadas, que matavam sem piedade um pedacinho do Botafogo. Novamente, naquele ambiente infindo, o movimento constante dos ônibus de viagem, das pessoas apressadas, daquele ir e vir que destinos construía, estavam lá, no brilho saudosista de seus olhos. E ele também lá estava, desembarcando ainda jovem naquela cidade, deixando o extenso sertão para trás, atravessando a avenida para adentrar pela primeira vez aquele boteco.



Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola

 

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