sábado, 20 de fevereiro de 2016

APERTO DE MÃO É APERTO DE MÃO - Crônica




Acredito que um dos segredos de viver bem é nunca mudar a forma de se relacionar com as pessoas em virtude do meio em que elas vivem ou frequentam, do grau de educação, da posição social, da aparência... enfim, quando deixamos de lado as diferenças, descobrimos que em cada indivíduo há uma particularidade que deve ser considerada como a mais importante: o fato de ele ser filho de Deus tanto quanto sou. Sempre guiado por este princípio, nunca tive problemas em transitar por duas regiões de características diferentes e quase situadas em extremos opostos. Quando era estudante da escola SENAI, circulei muito pelos arredores do Terminal Central, uma região de aspecto decadente e marginalizado. Não foram poucas as vezes que fui abordado por prostitutas, as quais sempre respeitei; por bêbados, que nunca me causaram revolta; por mendigos, que jamais receberam da minha parte o desprezo. Passei muitas vezes naquele lugar, vi pessoas submetidas à própria sorte, boêmios, viciados e situações até divertidas, como rodas de samba e capoeira. Nunca tive nojo daquela gente, nem da comida por eles apreciada, do espaço para eles maravilhoso. E da mesma forma, quando circulo por bairros como o Cambuí, quando visito a feira do Centro de Convivência aos sábados, não me sinto incomodado por estar em meio às senhoras elegantes e refinadas que me perpassam. Aprecio sem sentimento de inferioridade, porque sou pobre, as lindas e ricas mocinhas que passeiam com seus cachorrinhos, não sou esmagado pelo luxo dos edifícios, como não sou engolido pelos becos. Para mim, um aperto de mão será sempre um aperto de mão, seja do distinto empresário da Maria Monteiro ou do mendigo do Terminal Central. O que muda entre estes amigos é o que o destino os reservou.




Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola

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