domingo, 9 de dezembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889- Parte 4

 

Abril de 1889 é o mês do terror em Campinas. A epidemia parece dominar a cidade, poucas medidas são eficazes para conter o problema, muitas pessoas continuam morrendo e deixando o território campineiro. Colégios importantes como o Culto à Ciência fecham suas portas devido à condição alarmante.
 









Colégio Culto à Ciência
 
 
As pessoas pobres, sem condições de deixar a cidade e se tratarem, sofrem com a situação. Compadecidos, o médico doutor Alberto Sarmento e o Cônego Cipião Junqueira fundam no dia 7 de Abril de 1889 a Sociedade Protetora dos Pobres, no consistório da matriz nova, que um dia será a Catedral de Campinas. A finalidade desta sociedade é coletar donativos para viabilizar a distribuição de gêneros alimentícios à população carente, os quais ficariam armazenados no Coliseu, uma casa de espetáculos.
O Cônego Cipião Junqueira – vigário da Matriz Nova – torna-se o presidente da sociedade e Álvaro Muller – delegado de policia – é o tesoureiro. Este morrerá posteriormente de febre amarela e um dia será homenageado dando seu nome a uma rua na Vila Itapura. Outros participantes desta sociedade beneficente são: o padre João Batista Correa Néri e o doutor Joaquim Gomes Pinto.














Dom João Néri


A Sociedade Protetora dos Pobres passa a cadastrar famílias e doar alimentos semanalmente a mais de cinco mil pessoas. Apesar da atividade filantrópica se desenvolver, esta sociedade acaba encerrando suas atuações no dia 31 de Maio de 1889, devido à morte de importantes membros de sua equipe como Francisco José de Carvalho e Cipriano Rosa de Andrade. 
A Congregação das Irmãs de São José de Chamberry, presentes de Campinas desde 1876, realizando trabalhos na Santa Casa da Misericórdia, dedicam suas atividades às órfãs em um asilo. Com o problema da febre amarela, a Santa Casa é a primeira a providenciar uma enfermeira específica e um hospital ambulante aberto. Porém, quase todos os integrantes desta medida emergencial são atingidos pela doença.
 Muito dedicada, a irmã Maria dos Seraphins Favre participa ativamente nos cuidados àqueles que sofrem. Ela atua, como as outras irmãs, na área de enfermagem e também acaba se adoecendo, e morrendo aos 44 anos, tendo seu atestado de óbito assinado pelo doutor Ângelo Simões, um dos médicos que permanecem na cidade. Em homenagem a esta irmã, um dia a Rua Sete de Setembro terá seu nome mudado para Irmã Serafina.













 




Rua Irmã Serafina, homenagem à irmã Maria dos Seraphins Favre


No auge da epidemia, nos meses de março a abril a ausência de médicos é um dos graves efeitos. Quase todos os médicos deixam a cidade, e as autoridades trazem especialistas de outras localidades como o doutor Adolpho Lutz. Este fica apenas dois meses em Campinas e faz algumas percepções em relação à doença. Segundo Lutz, a doença se alastra pelas cidades que margeiam a estrada de ferro, fato que explica o aparecimento de vários casos esporádicos e isolados de febre amarela em funcionários do correio e da ferrovia, e em pessoas que nunca tinham visitado Campinas. O doutor Lutz, após deixar Campinas, estabelece-se no Havaí.





Na próxima parte:

Os grandes homens que lutaram contra a epidemia



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