domingo, 2 de dezembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 3




  A epidemia começa a dominar a cidade de Campinas. Sua gravidade é tão grande, que 16 dias após sua detecção, o conselho administrativo encontra-se impossibilitado de se reunir. Pessoas e mais pessoas acabam sendo vítimas da febre amarela, a ponto de um caminhão percorrer as ruas nas tardes para recolher corpos, agilizando os sepultamentos que se sucedem à noite para evitar contágios.
  A situação torna-se tão grave que o número de óbito por dia chega ao de quarenta pessoas. O número aproximado de vítimas que morrerão devido a esta moléstia será de: 816 homens, 285 mulheres e 99 crianças.

  A Sociedade Civil Beneficente e de Utilidade Pública, conhecida como Circolo Italiani Unit, uma casa de saúde, presta assistência médica distribuindo remédios, dinheiro e cuidados.
  As famílias de posses se retiram para outros locais não afetados por essa terrível epidemia, permanecendo junto ao perigo apenas os menos favorecidos ou aqueles que por obrigação inadiável têm que continuar em lugar tão perigoso.
  Os fazendeiros deixam suas casas da cidade para se refugiarem nas fazendas; os demais moradores apavorados abandonam os lares e pertences, fugindo de trem ou a pé, reduzindo-se a menos da metade a população urbana, estimada em torno de dez mil habitantes.
  A Companhia Paulista de Estrada de Ferro chega a fornecer passagem grátis para São Paulo, no final de abril, para aqueles que querem evadir-se da área infectada. Campinas fica povoada apenas por cerca de 3.000 habitantes nos piores dias da epidemia, quando pessoas morrem nas ruas e são enterradas em valas comuns. Faltam medicamentos - por não haver quem os manipule - e comida na cidade
  O doutor Melchert passa a participar ativamente no combate contra esta epidemia. Dos 23 médicos que residem em Campinas, ele é um dos três que ficam na cidade, lutando heroicamente sem qualquer renumeração, já que só ficaram as famílias menos favorecidas economicamente. Sua generosidade é tão grande que junto com as prescrições dadas aos pacientes, ele deixa dinheiro para os medicamentos e alimentação às famílias visitadas.
  Certo dia, o doutor Melchert também se vê contaminado pela doença e é tratado pelo delegado de higiene. Apesar dos dias de sofrimento e mesmo com a saúde comprometida, ele continua tratando incansavelmente os amarelentos e ajudando em tudo o que é possível, inclusive removendo cadáveres.
  O doutor Melchert ficará em Campinas até 1903. Em 1921, ele se mudará para Santos, onde falecerá.























O médico Germano Frederico Eduardo Melchert





Na próxima semana:

Os movimentos solidários na época da epidemia
A atuação do médico Adolpho Lutz

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