sábado, 1 de dezembro de 2012

VELHA CARA NOVA

 
 
  Há pouco tempo atrás reformaram a fachada do histórico Colégio "Culto à Ciência". Decerto para minimizar a imagem decadente que hoje exibe este que foi um importante celeiro de manifestações intelectuais e artísticas de nosso país.
 Certa vez eu também pisei em seus pátios arcaicos construídos com extintas glórias. E, nem imaginava que sentado entre os arvoredos, um dia Santos Dummont sonhou com as alturas; que percorrendo os corredores extensos, Júlio de Mesquita descobria que gostava mesmo era de retratar a realidade; que coordenando os grupos de trabalho, Chico de Amaral, bem mais tarde, seria o coordenador maior da cidade de Campinas; que o bom aluno Penido Burnier se deliciava com as aulas de Biologia, e que seria tão empenhado a ponto de um dia ter uma grande clínica com o seu nome, na Avenida Andrade Neves.
 Quando me vi encolhido no velho banco, expiando minha mãe concluir a matrícula, não sabia que talvez foi naquele banco que Regina Duarte fazia a suas ceninhas, e que o Faustão animava a todos após uma chatíssima aula de Física. Nem suspeitava, já cursando o terceiro ano do ensino médio, já liberto da timidez do princípio de meus anos naquele templo, que não fora o primeiro a encantar as mocinhas ao ser poeta, pois foi lá que Guilherme de Almeida ventilou seus nobres versos antes de se tornar um príncipe.
 De fachada reformada, sei que se este valioso colégio pudesse exprimir seus sentimentos, estes não revelariam a ânsia pelos cuidados de ilustres operários, mas sim, da esplêndida tradição que ficou para trás.





Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola


 




















 
 
 

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