sábado, 9 de novembro de 2013

O ENCONTRO NA PRAÇA "ÓPERA A NOITE NO CASTELO" - Crônicas de Campinas






Eram três horas da tarde, quando ela chegou à praça “Ópera A Noite no Castelo” para aquele encontro. Sentou-se no pequeno banco de concreto, em volta do qual nenhuma flor florescia, nenhuma árvore derramava suas sombras. Um mendigo bêbado dormia sobre o duro chão lá perto, enquanto os transeuntes surgiam do túnel que dava acesso ao “Mercadão”, dentre eles os alunos do “Culto à Ciência” e do “COTUCA”, provavelmente “matando” aula. Vestida com seu melhor vestido, calçada com seu melhor calçado, ela estava elegante e cheirosa, embora sua fragrância se misturasse ao fétido ar da praça, onde odores de urina e peixe trescalavam. Quem lá passava, percebendo-a solitariamente feliz compadecia-se, embora não soubesse que cruel loucura segurava-a naquele perigoso lugar. Ela residia em um velho apartamento na Rua José Paulino junto com sua viuvez. De repente, seu celular tocou, o bêbado se remexeu. Atendendo à ligação, ficou sabendo que Ele se atrasaria, mas estaria no local combinado dentro de uma hora, quando deixasse o Instituto Penido Burnier, onde tinha uma consulta marcada. Ela conformou-se logo e tirou da bolsa uma revista sobre crochê. Aos oitenta anos de idade, ainda acreditava no amor.

Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola
 
 
 

 


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