sábado, 22 de outubro de 2016

ANOS DOURADOS - Parte 1: Hotel Términus e Restaurante Marreco


 
Hotel Términus

O Hotel Terminus foi construído no final da década de 1940 pelo engenheiro e ex-prefeito de Campinas  Miguel Vicente Cury. O hotel foi administrado naquela época pela Companhia Paulista de Hotéis S.A, e funcionou até 1984.



 
Foi uma construção de estilo art déco, cuja arquitetura chamava a atenção pelos seus cantos arredondados, acompanhando sua implantação em esquina. Alguns elementos modernistas, como a marquise em concreto armado, foram utilizados no prédio, marcando um período de transição entre dois estilos arquitetônicos.

O projeto do hotel levou em conta o alargamento da Avenida Fanscisco Glicério, prevista no Plano de Melhoramentos que vigorava na década de 30, em Campinas, para promover mudanças no espaço urbano. O prédio seguiu em sua construção o traçado projetado pelo engenheiro Prestes Maia, no plano de desenvolvimento da cidade.



 
O Hotel Términus era caracterizado por suas janelas de madeira lustrosa, venezianas que já não são mais fabricadas, banheiros espaçosos, mas o seu grande charme era o bar e a doceria Términus. O bar ficava nos fundos da doceria. No final da tarde, encontravam-se executivos, advogados e estudantes para tomar cerveja e provar aperitivos de criação exclusiva da casa. As senhoras da sociedade encontravam-se para tomar chá. Lá também era ponto de paquera, namoro e festas de casamento.



 
O Hotel Términus foi o primeiro do interior de São Paulo a ter ar condicionado e o primeiro hotel “fino” de Campinas. Na década de 50, foi a principal referência da cidade e o ponto de encontro preferido de casais e profissionais liberais. Grandes figuras públicas se hospedaram neste hotel quando vinham a Campinas, como o ex-presidente Washington Luís, o governador Jânio Quadros, Ademar de Barros e artistas como Glenn ford, Sarita Montiel, Cesar Romero e Oscarito.  





O prédio do antigo Hotel Términus fica na Avenida Francisco Glicério , 1057 e 1091, e hoje é ocupado por uma unidade da rede de lojas Magazine Luiza.

 

 
 

Restaurante Marreco

O Restaurante Marreco situava-se na Rua Costa Aguiar, 544, ao lado do Teatro Municipal.

Seu proprietário era José Nicolau Ludgero Maseli, um vereador que emergiu como uma liderança em Campinas do movimento getulista. Herdeiro da alfaiataria Casa de Láscio, ficou famoso por manter, com o próprio dinheiro, um centro de atendimento a campineiros carentes, A Casa do Pobre, na Avenida Moraes Salles. Esta fundação promoveu-o como político. Na época de Natal, José Nicolau organizava almoços especiais, quando fechava o Marreco para que fosse exclusivo à clientela tradicional e carente.





O Restaurante Marreco era uma casa movimentada e símbolo de sofisticação, em uma via com estabelecimentos tradicionais, como Bongo e Regente. Recebeu em suas mesas cantores como Orlando Silva, Francisco Alves e Ataulfo Alves.

O restaurante era ponto da alta gastronomia no centro de Campinas. Os garçons usavam paletós brancos. Os clientes deliciavam-se com o requintado marreco e com iguarias raras, como testículos de boi, especialidades do mestre cuca Paulo Feliciano Galego.

Aquelas mesas, além de receberem grandes artistas, tornavam-se tribunas políticas, uma vez que ali formavam-se chapas, debatiam-se estratégias, articulavam-se campanhas.





Hoje, funciona no antigo prédio uma loja de roupa masculina.




Fonte:

libdigi.unicamp.br/document/?down=CMUHE015112





ALEXANDRE CAMPANHOLA

9 comentários:

  1. Estou amando conhecer a história de lugares incríveis de nossa cidade! Parabéns pela iniciativa!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Eliane, também adoro me dedicar a estas pesquisas e busca de informações que caracterizam a cidade de Campinas em seus diversos aspectos, sejam atuais ou do passado. Fico grato por acompanhar as publicações. Tudo de bom para ti!

      Excluir
  2. Que saudades boas .Eu me lembro quando trabalhei na doceria do Terminus.Era maravilhoso.Campinas
    Precisa ter um lugar assim.muitas saudades.

    ResponderExcluir
  3. Lembro muito bem da batida que eles seriam (ela já era pronta,armazenada em garrafas na geladeira sob o balcão)
    Se alguém souber a receita publica

    ResponderExcluir
  4. Assim tivesse mais pesdoas com essa criatividades. Trazer a todos essa histórias fantásticas. Parabéns.

    ResponderExcluir
  5. Que saudade do Hotel e Doceria Terminus! Todo domingo,meu pai,Paulo Silva Pinheiro,engenheiro civil e Secretário de Obras nas quatro gestões do Prefeito Rui Novaes,nos levava para tomar o café matinal com direito à doces,bolos,pwtit-fours!Obrigada,Alexandre por me trazer tão linda lembrança!Do Restaurante Marreco,não me lembro! Sou de Junho/1950! Lembro-me bem tbém das Casas Regente e Bongo!

    ResponderExcluir
  6. Parabéns Alexandre Campanhola! Que maravilhosa lembrança você me presenteia...
    Às sextas-feiras, saíamos serelepes, após as aulas, e nos dirigíamos para a Confeitaria do Hotel Terminus, onde nos deliciávamos como os salgados e doces saborosíssimos - sendo o meu preferido millefeuille-; lá, também, iniciávamos a conhecer os drinks como Hi-fi, Cuba-libres, Manhattan...
    Que delícia de lembranças, Alexandre Campanhola.
    Agradeço-lhe, muitíssimo!

    ResponderExcluir
  7. Anos 60. Estudava no Colégio Imaculada, na Barão de Itapura e depois no Científico fui para o Colégio Ateneu Paulista.
    Quantas SAUDADES!

    ResponderExcluir
  8. Bom Dia a todos. Eu morei ali na região. Havia a Casa Maia (secos e molhados e eu morava ao lado. Minha mãe era Auxiliar de Enfermagem de um médico. Até completar 21 anos, morei e estudei ali. Primário na Escola Rio Branco, Ginasial no Colégio Pedro II, trabalhei na Casa Ezequiel,Office-Boy dos Advogados Edmundo Barreto,Carlos Foot Guimarães e Sérgio Barreto. Depois fui trabalhar com meu tio, que era sócio na Casa Carlos Gomes. Época de Ouro. Ouro Puríssimo. Amo Campinas. Eterna cidade das Andorinhas. Hoje elas habitam a REPLAN.

    ResponderExcluir