sábado, 29 de outubro de 2016

ANOS DOURADOS - Parte 2: Bar Ideal, Bar Facca e Clube da Saudade



Bar Ideal

Conhecido como “O reduto dos antigos boêmios de Campinas”, nas décadas de 50 e 60 do século passado, o Bar Ideal situava-se em um sobrado na Rua Conceição, na esquina com a Rua Barão de Jaguara. O imóvel era propriedade da família José Guernelli. Seus filhos tomavam conta deste empreendimento muito popular no centro da cidade.





Neste bar reunia-se a juventude campineira composta por estudantes, jornalistas, amadores teatrais pertencentes aos vários grupos existentes, dentre outros boêmios daquela época. Havia execução de músicas de orquestra e conhecidos músicos tocavam lá, como Nicola Pacelli, um exímio acordeonista que era cego e arrancava aplausos dos frequentadores, quando tocava tangos de sucesso.

 
 
 

Bar Facca

No final dos anos 50 nasceu o Bar Facca. O tradicional bar campineiro surgiu por iniciativa de quatro velhos amigos, que resolveram pedir as contas do Bar Ideal e abrirem o próprio estabelecimento. Eles escolheram um imóvel na Rua Conceição, onde décadas antes funcionou o conhecido Bar Lo Schiavo.

BAR LO SCHIAVO


O lancheiro Antônio Facca Filho e o tirador de Chope Roberto Geofrancisco, o Mossoró, juntaram-se aos balconistas Antônio Gisolfi, o Totta, e Franscisco Pinheiro de Souza, o Chico, e levaram com eles ao novo boteco, clientes antigos que tinham encrencado com o dono do Bar Ideal.





Os amigos batizaram o empreendimento com o sobrenome do lancheiro famoso. O bar foi inaugurado com a benção do padre Francisco de Assis Almeida em meados dos anos 60. O lugar tornou-se parada obrigatória para os marmanjos que passeavam pelo centro de Campinas. Apesar de ser um ambiente modesto, despertava a atenção de quem não se importava para o luxo e gostava da boêmia, da cerveja, da prosa, das gargalhadas. Mulher não entrava, criança também não. O clima era despojado, com muita cerveja e sanduiche de aliche.

Em 1984, o Bar Facca fechou suas portas por conta de uma marcação impalcável da vigilância sanitária, que não aprovava as características do estabelecimento. Nesta época, o lancheiro Facca já havia falecido.




 
O Bar Facca ressurgiu em 2006, após ceder o espaço nos anos anteriores a um restaurante self-service. Os novos proprietários entraram em acordo com a família dos fundadores e obtiveram o direito de levantar as portas do bar com o velho nome. O bar passou por inúmeras reformas, mas são as prateleiras, as azulejos na parede, as cadeiras e mesinhas de madeira, os salames e as réstias de alho pendurados que garantem a atmosfera nostálgica.








Clube da Saudade

Foi em meados do ano de 1944 que um pequeno grupo de amigos reunia-se para conversar, matar a saudade de bons tempos e dançar. Estes encontros passaram a concentrar mais e mais pessoas com o tempo, o que motivou os idealizadores a constituírem um clube social, no dia 28 de fevereiro de 1948. Surgia, assim, o Clube da Saudade.
A primeira sede do Clube da Saudade foi nas instalações anexas à Associação dos Alfaiates, na Rua Dr. Quirino, 702.

O Sr. Trajano Pereira Guimarães foi o sócio fundador e primeiro Presidente do Clube da Saudade, e em 17 de maio de 1951, ele convocou e presidiu a Assembleia Extraordinária que oficializou a instalação e deu a personalidade jurídica de clube.



 
Após ser oficializado como clube, a sede foi transferida para a Rua Barão de Jaguara, 1357, nas instalações do primeiro andar, em um prédio em que funcionava o famoso Bilhar Estrela Dalva, localizado defronte a suntuosa Sede do Jockey Clube.

Os bailes promovidos pelo Clube da Saudade eram quase minuetos. Os casais apresentavam-se sempre elegantemente, e na hora da dança os cavalheiros tiravam as suas damas inclinando-se à frente delas. Durante o baile, as damas eram levadas de forma suave em movimentos circulares no salão.

As músicas mais executadas eram a valsa alemã, a polka da Boêmia, os shots escoceses, a masurka polonesa e nos bailes de gala, sob a marcação do “Mestre-Sala”, os casais dançavam os chamados “figurados” como Sket, a Polonaise, a Parisiense, os shots ingleses, espanhóis e gaúchos, a Lusitânia, a polka militar, dentre outros. Os frequentadores eram exímios dançarinos e a apresentação dos casais encantava os visitantes.



 

A dança dos figurados ganhou destaque e fama resultando em convites ao Grupo da Saudade para realizar apresentações em Clubes de Campinas e região.

O clube ganhou expressão, aumentou o seu quadro de associados e diante das novas necessidades, no ano de 1985, mudou-se para o imóvel da Rua Dr. Betim, 203, no bairro Vila Marieta, onde permaneceu até o dia 06 de janeiro de 1996, quando foi inaugurada sua tão sonhada e desejada sede própria na Rua Dr. Betim, 190. A construção foi concretizada durante a presidência do Sr. João Leite de Souza.





Em reconhecimento a grande importância na representação musical  e da dança de Campinas, o Clube da Saudade ou Grupo da Saudade, recebeu em 2002 o “Diploma de Honra ao Mérito” concedido pela Câmara Municipal de Campinas

 
 
 

Fontes:


http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/03/metropole/bau_de_historias/250020-facca-como-sempre-elegante-como-nunca.html

 
ALEXANDRE CAMPANHOLA


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