domingo, 18 de novembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 1




A partir de hoje será publicado um trabalho referente a um triste acontecimento na história de Campinas.

Durante o ano de 1889, esta cidade do interior paulista sofreu com uma terrível epidemia de febre amarela, que reduziu a população campineira de 20 para 5 mil moradores. Houve muitas contradições em relação a proliferação da doença, sobre suas causas e meios para tratá-la. Muita gente deixou a cidade, mas muitos herois arriscaram suas vidas para ajudar as pessoas carentes. Muitos nomes de pessoas e lugares entraram para história devido à grande importância que manifestaram naquela época.
 
Este trabalho será divido em algumas partes, e todo domingo estará disponível para leitura e estudo, a todos aqueles que gostam de aprender e se distrair com uma boa leitura.
 
É um trabalho com aparência narrativa, mas englobando todo o conteúdo de pesquisas sobre o tema. Não se trata de uma abordagem completa e minuciosa, mas uma proposta diferenciada de examinar o fato, sem o compromisso de prolongar os assuntos expostos, apenas de dividir com os interessados um resumo desta trágica ocorrência.
 




A data em questão é 09 de fevereiro de 1889, em Campinas. Rosa Beck é uma jovem professora de francês, de origem suíça, com 24 anos de idade, solteira e que acaba de chegar do Rio de Janeiro, após passar pela cidade de Santos. Sua intenção é empregar-se no território campineiro. Ela se instalou em um hotel na Rua do Bom Jesus, que um dia se chamará Avenida Campos Sales. 


Decorridos seis dias de sua chegada, a jovem sofre por apresentar um quadro de febre alta, dor de cabeça, mal-estar, vômitos, calafrios e muitas dores musculares. Ela é atendida pelo doutor Germano Frederico Eduardo Melchert, médico alemão que, a partir deste ano, passa a trabalhar no hospital Beneficência Portuguesa, inaugurado em 1878. O diagnóstico de Germano Melchert constata que Rosa Beck apresenta febre amarela genuína, uma doença pouco conhecida na atmosfera da medicina, sobretudo em relação a suas causas e tratamentos.
Um dia após o diagnóstico do doutor melchert, no dia 10 de fevereiro de 1889, a jovem professora morre e seu atestado de óbito é registrado no Cartório da Conceição.

(Avenida Campos Sales, 1960)






Um sentimento de dúvida parece incomodar o doutor Melchert após a morte de Rosa. Dias antes, ele deparou-se com um caso semelhante em que um paciente também não pôde resistir, mas não foi diagnosticada como febre amarela a moléstia que atacou o sujeito. Ainda assim, poderia ter sido.
Alguns dias depois, sabe-se que o menino Urbano, filho de pai desconhecido, frequentador da Padaria Suíça, na Rua Bom Jesus, onde Rosa Beck esteve hospedada, também falece sendo diagnosticada como febre amarela a causa. Os mosquitos que picaram a jovem professora estiveram atacando os frequentadores da padaria, certamente.

Em 1889, Campinas é uma cidade que aufere uma avançada condição de progresso, porém seu desenvolvimento urbano evidencia as precárias condições de infraestrutura. A cidade é cortada por dois significantes cursos d`água: o denominado córrego Tanquinho que se junta com outro córrego denominado Serafim, e ambos têm, nas suas águas, poças estagnadas de suas margens e no ar infectado, o centro proliferador do famigerado estegomia, o mosquito que transmite a febre amarela, o pernilongo traiçoeiro. Campinas sofre com problemas relacionados à falta de canalização de córregos e esgotos, a ausência de remoção do lixo, às áreas pantanosas, a necessidade de calçamentos das ruas. 




É importante ressaltar que o córrego Tanquinho, sobretudo, convive diretamente com o núcleo urbano formado a partir da Rua de Cima, que um dia se chamará Barão de Jaguara, Rua do Meio e Rua de Baixo, e este córrego passa a receber esgotos, lançados sem tratamento. O córrego sofre, igualmente, os impactos dos três lixões que existem em Campinas, nas regiões que um dia será o Largo do Pará, a Praça Carlos Gomes e o Mercado Municipal.


(Córrego Orosimbo Maia, na época, Córrego Serafim)




 Na próxima publicação:

A proliferação da febre amarela;
O pontos de vista dos médicos Eduardo Guimarães e Mathias Lex

4 comentários:

  1. Maravilhoso saber da história de Campinas. Parabéns pelo seu belo trabalho!

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    1. Obrigado, Kenia por prestigiar esta iniciativa minha de retratar o passado e o presente de Campinas, minha terra natal. Fico muito feliz por existirem pessoas iguais a ti, que valorizam os fatos históricos que tornaram Campinas esta referência nacional. Um abraço!

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  2. Parabéns pela matéria, mas na época Campinas me parece que tinha mais de 20000 habitantes.
    Abraços

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  3. Interessante trabalho relacionado à nossa cidade. Uma pequena correção gráfica a fazer no terceiro parágrafo: "...doutor melchert", o "m" colocar em caixa alta. Um abraço!

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