sábado, 3 de novembro de 2012

FÁBRICA DE CHAPÉUS CURY




  Penso, às vezes. como teria sido se naquela época difícil em que os currículos eram feitos à mão e comprados nas papelarias, minha coragem fugitiva de adolescente tivesse me impelido às calçadas umbrosas da Rua Barão Geraldo Rezende, para buscar uma oportunidade de trabalho naquela velha fábrica de chapéus.
 Sempre passava perto, mas não sabia como transformar minha curiosidade em ação, e apenas dedicava meu gosto pelas antiguidades observando àquela construção antiga, que perdura em meio aos arranha-céus, às modernas lojas, ao movimento frenético do Bairro Itapura.
 Outras vezes, paralisado e imaginando como era seu misterioso e sombrio interior, acreditava que ao entrar um dia naquela sólida ruína, já não seria mais eu... talvez um operário italiano, um personagem de uma novela de época de Benedito Rui Barbosa, que literalmente com meu suor faria a cabeça das pessoas.
 Hoje ainda permanece esta antiga fábrica a despertar minhas secretas impressões, resistindo ao sopro implacável do tempo.




Crônicas de Campinas

Alexandre Campanhola





















 
 
 

Um comentário:

  1. Nos meus 20 e poucos anos, nem me lembro porque, entrei nessa fábrica, namorei chapéus, que eu me lembre nunca usei chapéu mas o Sr. Cury, quando prefeito, às vezes ia à minha casa (era perto da dele) para conversar com meu pai (que era funcionário público municipal)!

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