domingo, 25 de novembro de 2012

A EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NA CAMPINAS DE 1889 - Parte 2




Em pouco tempo a morte começa a se instalar no território campineiro devido à febre amarela, contraída em decorrência da picada dos mosquitos, que encontram no ambiente de precário saneamento básico, uma situação propícia para se proliferarem.
No dia 23 de fevereiro, o médico Eduardo Augusto Ribeiro Guimarães, que mais tarde fundará a Universidade Livre de São Paulo, envia uma carta ao jornal Correio Paulista numa tentativa de alertar a população sobre o início da epidemia de febre amarela. Sua casa é apedrejada por tal iniciativa.
Campinas, que viveu anos anteriores de prosperidade e esplendor, já não consegue assumir o controle da situação. A região urbana, que exibia um progresso invejável, agora é um espaço de constantes mortes devido a esta doença difícil de ser tratada. É um verão, ou melhor, um final de verão bastante conturbado, pois a epidemia apresenta-se em profunda expansão, amedrontando as pessoas e causando um clima de extremo pavor.
Eduardo Guimarães passa a participar constantemente de debates sobre as causas e meios de propagação da doença, uma vez que nesta época os fatores que possibilitam sua proliferação são incertos. Nos debates, são discutidas até a veracidade sobre a presença da doença no território campineiro.
O doutor Eduardo defende em suas explicações que, apesar da altitude, foram favoráveis ao desenvolvimento da febre amarela as elevadíssimas temperaturas, as condições precárias de higiene e a chegada do, segundo ele, microorganismo causador da doença, trazido de Santos por um morador da cidade, em 1888, e por Rosa Beck, no início deste ano de 1889.
Na opinião do médico, seus companheiros de medicina não estão em comum acordo sobre qual moléstia se dissemina, e apenas Germano Melchert tem noção do problema, pois foi ele quem atendeu à paciente que provavelmente trouxera a doença para cidade.
Germano Melchert em contrapartida, embora saiba da presença da doença, não aceita a alegação de que haja uma proliferação da mesma, porém pouco a pouco as evidencias vão se intensificando, os casos são tão frequentes que não há mais como negar a gravidade do problema.
Outro que também manifesta oposição às afirmações do doutor Eduardo Guimarães é o doutor Mathias Lex, que associa as ocorrências de febre amarela em Campinas ao uso desenfreado de desinfetantes e outros produtos usados na esterilização das residências que “viciam o ar com substâncias alheias à sua composição”, introduzidas no organismo através da respiração, e que alteram a composição sanguínea. Ele resume suas ideias em um artigo publicado no dia 26 de abril no Diário de Campinas . Mathias Lex está convencido de que não é o ar contaminado o grande disseminador da febre amarela, mas dos agentes capazes de desencadear as reações químicas necessárias para que ela ocorra.




























Na próxima publicação:

O êxodo em massa da população
A atuação de Germano Melchert

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