domingo, 13 de outubro de 2013

A COMPANHIA MOGIANA DE ESTRADAS DE FERRO - Parte 2



A FUNDAÇÃO DA COMPANHIA MOGIANA





A Companhia Paulista de Estradas de Ferro é a principal via de escoamento do café no interior paulista, em 1872. Esta companhia surgiu durante a administração de Saldanha Marinho na Província de São Paulo, que assegurou que ricos fazendeiros fundassem-na em 30 de janeiro de 1868, sob a presidência de Clemente Falcão de Sousa Filho. Antes do surgimento das ferrovias, o café era escoado por tropas de mulas.
 
 
 
 
 
 
IMAGEM: Clemente Falcão de Sousa Filho






A Companhia Paulista se estendeu por diversas áreas do interior,  em trechos como Campinas-Jundiaí, chegando a Descalvado e pretendendo prolongar-se até Rio Claro. Porém, seus administradores não aceitaram a imposição de fazendeiros influentes que desejavam que sua extensão passasse por Morro Pelado. Por critérios políticos, a companhia ficou impedida de estender suas linhas até Ribeirão Preto, limitando sua prolongação até Descalvado.

Com o recuo do crescimento da Companhia Paulista de Estrada de Ferro surge uma carência de via de transporte do café entre a região campineira, a de Mogi-Mirim e a de amparo. Os ricos barões da região campineira discutem esta necessidade de prolongamento, a ausência de caminhos de escoamento que se estenda até Ribeirão Preto, outra importante área produtora de café.
 
 

 
 
 
 

O dia 21 de março é decisivo para o plano destes barões, que desejam criar uma via férrea permitindo a circulação do café na região de Campinas. Decididos em investir seus capitais na fundação de uma companhia que construa estradas de ferro que atenda seus interesses, homens como Antônio de Queiróz Telles, Barão, Visconde e Conde de Parnaíba, Antônio e Martinho da Silva Prado, importantes fazendeiros da família Silva Prado, José Manuel da Silva, o Barão do Tietê e José Estanislau do Amaral, o Barão de Indaiatuba, outro importante fazendeiro de café, veem a concessão para a construção de uma ferrovia ser possibilitada pela instauração da lei provincial número 18, que permite o prolongamento da linha até às margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca. São garantidos juros de 7% sobre o capital investido e o privilégio sem garantia de juros para o prolongamento da linha. Neste dia é fundada a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro constituída com o capital de 3.000 contos de réis, divididos em 15.000 ações no valor nominal de 200 contos de réis.



IMAGENS: à esquerda, Antônio de Queiróz Telles (Conde do Parnaíba), à direita, Martinho da Silva Prado.







Com a concessão garantida, os ricos barões resolvem investir na companhia, visando os lucros que o empreendimento pode oferecer. No dia 30 de março, o tenente coronel José Guedes de Sousa reúne em sua residência pessoas de elevado conceito social com a finalidade de atrair investidores para o empreendimento da Mogiana. Desta comissão fazem parte: o coronel Joaquim Egydio de Sousa Aranha, o capitão Joaquim Quirino dos Santos, João Ataliba Nogueira, Delfino Cintra Júnior, Joaquim Ferreira de Camargo Andrade e Francisco Soares de Abreu. Além destes já citados, também aplicam seu dinheiro na companhia Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra (Barão de Jaguara), João Quirino dos Santos, Antônio Manoel Proença, Antônio Carlos de Moraes Salles, Manuel Carlos Aranha (Barão de Anhumas), entre outros.
 
 
 
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
IMAGENS: à esquerda, Joaquim Egydio de Sousa Aranha, à direita, Manuel Carlos Aranha (Barão de Anhumas)
 
 
 
 
 
No dia 01 de julho, os acionistas da nova companhia se reúnem em Assembleia Geral no paço da Câmara Municipal de Campinas, discutem e aprovam o projeto e seus estatutos, assim como a eleição da diretoria provisória que deverá gerir os negócios da empresa até a sua consolidação. A primeira diretoria é constituída provisoriamente por Antônio de Queiroz Telles, Tenente Coronel Egydio de Sousa Aranha, Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra, o capitão Joaquim Quirino dos Santos e Antônio Manoel de Proença. O engenheiro Joaquim Miguel Ribeiro Lisboa é o encarregado do projeto e da construção da Mogiana.
 
 

 
 
IMAGEM: Engenheiro Joaquim Miguel Ribeiro Lisboa
 
 
 
No dia 19 de julho de 1873, é firmado o contrato com o Governo provincial, e no dia 28 de agosto, é iniciada a construção da estrada de ferro. A companhia começa a encomendar trilhos e acessórios da Europa, e adquire locomotivas, vagões e carros de passageiros dos EUA. Utilizando-se dos serviços da Companhia Paulista, a Mogiana monta suas primeiras locomotivas. Também monta uma oficina apenas para simples reparos.

A Companhia Mogiana também contrata o operário da empresa norte-americano Jackson
Scharp Company para realizar a montagem dos carros de passageiros e vagões e um segundo operário com a incumbência de montar outras locomotivas que a empresa adquire. Outro estrangeiro também é contratado para exercer um cargo de chefia. Edward Svinerd é contratado para comandar as oficinas








 A construção do primeiro trecho que liga Campinas à Jaguariúna é concluída em 03 de maio de 1875, numa distância de 34 quilômetros. A locomotiva Jaguari leva 5 carros de passageiros às 11h e 45min neste dia. Três meses depois, a estrada se estende até a cidade de Mogi-Mirim e totaliza 41 quilômetros. Dom Pedro II é esperado em Campinas para a inauguração deste trecho.

 

 



 
Na próxima publicação:
 
A visita do imperador Dom Pedro II à inauguração do trecho Campinas-Mogi-Mirim da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro

 
 
 
 
FONTES:
 




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