domingo, 12 de fevereiro de 2017

GRANDES HOMENS DE CAMPINAS: José de Castro Mendes


 
José de Castro Mendes nasceu em Campinas, no dia 27 de junho de 1901. Descendente de uma família campineira tradicionalmente ligada ao comércio de bens culturais, sua infância não foi fácil, pois desde que perdeu seu pai, teve que trabalhar para ajudar no sustento da família.
Foi jornalista, pintor, músico, fotógrafo, poeta, historiador e cronista.




Como memorialista dedicou boa parte de sua vida à história de Campinas, empregando seus talentos na busca pelo passado, rememorando em seus escritos e imagens uma “cidade que não mais existe”.

Conviveu desde a juventude com artistas e intelectuais da cidade. Não teve muitos benefícios nessa época, apesar do sobrenome conhecido. Mas, por ser uma pessoa extremamente culta, musicista, crítico de teatro e um bom desenhista, conseguiu emprego no setor de Botânica do Instituto Agronômico de Campinas, onde desenhava plantas nativas e com doença.

Foi colaborador da revista modernista A Onda, na qual ilustrou o livreto de poemas Nebulosas, do colega Júlio Mariano, e elaborou alguns cenários para peças do teatro amador da cidade, como, por exemplo, “Histórias da Vida de Jesus”, produzida e estrelada por Carlos “Carlito” Maia, filho do ex-prefeito da cidade, Orosimbo Maia.




Também trabalhou no jornal Correio Popular, de 1927 até o final de sua vida, e manteve por anos as colunas “Minarete” e “Teatro e Cinema”, que mostravam o quanto era especialista nas artes em geral.

Em homenagem à ligação que tinha com a arte e principalmente aos serviços prestados como incentivador e divulgador do teatro amador, em 1974 seu nome batizou o teatro que hoje é conhecido como Teatro Castro Mendes, na Vila Industrial.




Ainda no Correio Popular, publicou, um pouco antes de falecer, o extenso suplemento “Histórias da Cidade de Campinas”, através do qual reuniu, por meio de temas, a história das ruas, praças, prédios, dos “grandes campineiros” e muitos outros fatos referentes à cidade que tanto amava.

Trabahou também em outro jornal, o Diário do Povo, no início da década de 1960, no qual elaborou uma série em quadrinhos sobre a história da cidade, destinado às crianças.



Seus registros históricos retratavam uma Campinas em plena transformação, exaltando o progresso e o crescimento urbano. Em seu livro “Efemérides Campineiras”, ele traça o perfil da cidade e seus principais fatos ano a ano, desde sua fundação até o momento em que o livro foi produzido.

Em 1951, a Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, através do álbum “Retratos da Velha Campinas”, mostra dezenas de imagens coletadas por Castro Mendes, reunindo fotos antigas e pinturas de H. Lewis, Hércules Florence e dele próprio. Este trabalho enriquece a memória da Campinas existente antes das grandes reformas ocorridas entre as décadas de 40 e 60 do século XX.


 

Como pintor, Castro Mendes exibiu seu talento criando aquarelas que relembravam partes internas e externas dos antigos sobrados do período cafeeiro do interior do estado, caracterizando a arquitetura colonial daquele período e exprimindo artisitcamente uma época próspera. Estas pinturas que representavam os aspectos daquela realidade foram reunidas em um trabalho denominado “Velhas Fazendas Paulistas”, publicado no Instituto Agronômico de Campinas - IAC – realizado em parceria com o engenheiro J. E. Teixeira Mendes, em 1947. Foi elogiado pelo escritor Menotti Del Picchia por conta desta obra, que referenciou Velhas Fazendas como um dos mais importantes registros em imagem das antigas fazendas cafeeiras.

Através de livros, artigos nos jornais, aquarelas e organizações de diversas coleções e exposições, Castro Mendes ou Zeca, como era conhecido, celebrou sua terra natal com muito amor e dedicação, sem obter lucro algum com tal atitude. Era a paixão por Campinas que o impulsionava a realizar criações em prol da memória da cidade.

Apesar de tanta entrega ao propósito de exaltar Campinas, Castro Mendes lamentava o pouco interesse da população em geral para com seus trabalhos. No final de sua vida, desiludido, resolveu queimar todos os seus manuscritos.

José de Castro Mendes faleceu no dia 26 de janeiro de 1970.

 
 
 

Fonte:

http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com.br/2009_01_01_archive.html


ALEXANDRE CAMPANHOLA

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