José de Castro Mendes
nasceu em Campinas, no dia 27 de junho de 1901. Descendente de uma família
campineira tradicionalmente ligada ao comércio de bens culturais, sua infância não foi fácil, pois desde que perdeu seu pai, teve que trabalhar para ajudar
no sustento da família.
Foi jornalista, pintor,
músico, fotógrafo, poeta, historiador e cronista.
Como memorialista
dedicou boa parte de sua vida à história de Campinas, empregando seus talentos
na busca pelo passado, rememorando em seus escritos e imagens uma “cidade que
não mais existe”.
Conviveu desde a
juventude com artistas e intelectuais da cidade. Não teve muitos benefícios
nessa época, apesar do sobrenome conhecido. Mas, por ser uma pessoa
extremamente culta, musicista, crítico de teatro e um bom desenhista, conseguiu
emprego no setor de Botânica do Instituto Agronômico de Campinas, onde
desenhava plantas nativas e com doença.
Foi colaborador da
revista modernista A Onda, na qual ilustrou o livreto de poemas Nebulosas, do
colega Júlio Mariano, e elaborou alguns cenários para peças do teatro amador da
cidade, como, por exemplo, “Histórias da Vida de Jesus”, produzida e estrelada
por Carlos “Carlito” Maia, filho do ex-prefeito da cidade, Orosimbo Maia.
Também trabalhou no
jornal Correio Popular, de 1927 até o final de sua vida, e manteve por anos as
colunas “Minarete” e “Teatro e Cinema”, que mostravam o quanto era especialista
nas artes em geral.
Em homenagem à ligação
que tinha com a arte e principalmente aos serviços prestados como incentivador
e divulgador do teatro amador, em 1974 seu nome batizou o teatro que hoje é
conhecido como Teatro Castro Mendes, na Vila Industrial.
Ainda no Correio
Popular, publicou, um pouco antes de falecer, o extenso suplemento “Histórias
da Cidade de Campinas”, através do qual reuniu, por meio de temas, a história
das ruas, praças, prédios, dos “grandes campineiros” e muitos outros fatos
referentes à cidade que tanto amava.
Trabahou também em outro
jornal, o Diário do Povo, no início da década de 1960, no qual elaborou uma
série em quadrinhos sobre a história da cidade, destinado às crianças.
Seus registros
históricos retratavam uma Campinas em plena transformação, exaltando o
progresso e o crescimento urbano. Em seu livro “Efemérides Campineiras”, ele
traça o perfil da cidade e seus principais fatos ano a ano, desde sua fundação
até o momento em que o livro foi produzido.
Em 1951, a Revista do
Arquivo Municipal de São Paulo, através do álbum “Retratos da Velha Campinas”,
mostra dezenas de imagens coletadas por Castro Mendes, reunindo fotos antigas e
pinturas de H. Lewis, Hércules Florence e dele próprio. Este trabalho enriquece
a memória da Campinas existente antes das grandes reformas ocorridas entre as
décadas de 40 e 60 do século XX.
Como pintor, Castro
Mendes exibiu seu talento criando aquarelas que relembravam partes internas e
externas dos antigos sobrados do período cafeeiro do interior do estado,
caracterizando a arquitetura colonial daquele período e exprimindo
artisitcamente uma época próspera. Estas pinturas que representavam os aspectos
daquela realidade foram reunidas em um trabalho denominado “Velhas Fazendas
Paulistas”, publicado no Instituto Agronômico de Campinas - IAC – realizado em
parceria com o engenheiro J. E. Teixeira Mendes, em 1947. Foi elogiado pelo
escritor Menotti Del Picchia por conta desta obra, que referenciou Velhas
Fazendas como um dos mais importantes registros em imagem das antigas fazendas
cafeeiras.
Através de livros,
artigos nos jornais, aquarelas e organizações de diversas coleções e
exposições, Castro Mendes ou Zeca, como era conhecido, celebrou sua terra natal
com muito amor e dedicação, sem obter lucro algum com tal atitude. Era a paixão
por Campinas que o impulsionava a realizar criações em prol da memória da
cidade.
Apesar de tanta entrega
ao propósito de exaltar Campinas, Castro Mendes lamentava o pouco interesse da
população em geral para com seus trabalhos. No final de sua vida, desiludido,
resolveu queimar todos os seus manuscritos.
José de Castro Mendes
faleceu no dia 26 de janeiro de 1970.
Fonte:
http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com.br/2009_01_01_archive.html
ALEXANDRE CAMPANHOLA
Nenhum comentário:
Postar um comentário