sábado, 25 de fevereiro de 2017

RUA BOAVENTURA DO AMARAL: Quem foi Boaventura do Amaral?




Boaventura do Amaral Camargo nasceu em Itu, em 1789. Foi um militar consagrado em 1812, quando participou nas campanhas do sul contra os castelhanos.  A pedido de um dos lĂ­deres da Revolução Liberal Paulista de 1842, comandou como capitĂŁo o “Corpo Municipal de Permanentes”, origem da atual Força PĂşblica do Estado de SĂŁo Paulo. No dia 02 de junho de 1842, quando comandava uma tropa de cavalaria de setenta homens no Combate da Venda Grande em Campinas, durante a Revolução Liberal Paulista, ofereceu tenaz resistĂŞncia Ă s forças militares que combatiam a revolta, mas foi assassinado a sangue frio pelos soldados rivais.





A Revolução Liberal Paulista teve seu inĂ­cio no dia 17 de maio de 1842, na cidade de Sorocaba. Naquele dia, a Câmara Municipal daquela cidade decretou Sorocaba como capital da ProvĂ­ncia de SĂŁo Paulo e nomeou como presidente interino o sorocabano Rafael Tobias de Aguiar, lĂ­der do movimento revolucionário junto com o padre Diogo AntĂ´nio FeijĂł.






A RazĂŁo da eclosĂŁo dessa revolta foram as decisões tomados pelo Partido Conservador, que detinha o poder ministerial durante o impĂ©rio de Dom Pedro II. Antes da ascendĂŞncia do movimento revolucionário, os conservadores criaram uma lei interpretativa do Ato Adicional de 21 de agosto de 1834, o qual dava maior autonomia Ă s provĂ­ncias, e atravĂ©s desta lei pretendiam fortalecer a unidade nacional, criando um Conselho de Estado para dirigir a nação e abolir as assembleias legislativas das provĂ­ncias. Este intuito de tirar a autonomia das provĂ­ncias, consolidando os conservadores no poder, causou revolta no Partido Liberal, principal opositor dos conservadores, dando origem Ă  Revolução Liberal.





Duque de Caxias foi chamado pelo Corte Imperial para pacificar SĂŁo Paulo e desembarcou, com 400 homens, em Santos. Logo organizou a defesa da capital e em dois ataques sucessivos, obrigou os revolucionários a retirarem-se para longe, perseguindo-os na direção SĂŁo Paulo – Campinas. Vale lembrar que apesar de apelar para o levante das armas, os revoltosos liberais tinham um preparo militar bastante precário, pela má qualidade das armas, pouca munição, muita improvisação e dispersĂŁo.




A Revolução Liberal de 1842 ocorreu no mesmo ano em que a Vila de São Carlos emancipou-se à categoria de cidade, passando a chamar-se Campinas. O Padre e Senador Diogo Antônio Feijó, um dos líderes do movimento liberal, residia na cidade nesta época, e mesmo doente, deslocou-se a Sorocaba para apoiar a revolta.




No dia 07 de junho de 1842, na antiga estrada de Limeira, onde havia um sobrado conhecido como “Engenho da Lagoa” ou “SĂ­tio do Teodoro”, que foi inicialmente um centro de fabricação de açúcar e depois um entreposto comercial de mantimentos, e que por sua grandiosidade foi chamado posteriormente de “Venda Grande”, ocorreu o combate no qual as forças liberais campineiras, composta por 400 homens, com toda sua precariedade, foram derrotadas pelas forças imperiais.






Este acontecimento ficou conhecido como o Combate de Venda Grande. O combate foi sangrento deixando 19 mortos e muitos feridos. Dentre os mortos, estava o comandante Boaventura do Amaral Camargo, que veio de Itu com seu pequeno contingente para lutar junto aos demais liberais, alojados em Venda Grande. Boaventura do Amaral Camargo morreu em terras campineiras lutando por seus ideais e contra o autoritarismo que se instaurava no país. Pelo seu heroísmo, apesar da inferioridade militar de sua tropa, comparada com as forças do império.





A Rua Boaventura do Amaral quando foi criada nĂŁo possuĂ­a nome e situava-se em um local pantanoso, o que lhe rendeu a alcunha de “Rua do Brejo”. Já em 1848, chamou-se “Rua do Chafariz”, nome dado por ato da Câmara Municipal por causa de um velho chafariz que existia nas imediações. Em meados do sĂ©culo XIX, foi chamada de “Rua do Mercado” em consequĂŞncia da existĂŞncia do “Mercado Grande” ou “Dos Caipiras”, que foi construĂ­do lá em 1861, e que foi demolido em 1918. No lugar do mercado foi construĂ­do o prĂ©dio do Instituto de Educação Carlos Gomes. Antes disso, em 1896, quando o “Mercado Grande” foi fechado, a construção foi adaptada para as instalações do DesinfetĂłrio Municipal, onde funcionou  a ComissĂŁo Sanitária durante a epidemia de febre amarela.




A Rua do Mercado perdeu esta denominação recebeu no dia 30 de novembro de 1883, através de uma resolução da Câmara Municipal por iniciativa do Dr. Ricardo G. Daunt, para homenagear a memória do voluntarioso combatente que deu a vida por seu ideal revolucionário, Boaventura do Amaral.




A Rua Boaventura do Amaral tem seu início nas proximidades da Rua Proença e se prolonga até a Avenida Benjamin Constant. Ao longo de sua extensão, encontram-se algumas construções e lugares muito conhecidos em Campinas, como os colégios Pio XII e Carlos Gomes e as praças Largo São Benedito e Carlos Gomes.


Fontes:





ALEXANDRE CAMPANHOLA

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