domingo, 2 de setembro de 2018

MINHA HOMENAGEM À: Conceição





Da sala da humilde casinha, a mocinha ouvia da vitrola a voz encantadora de Cauby Peixoto suspirando docemente o nome "Conceição". Ela abria um sorriso doce também. Sempre apaixonada, ela corria da pia da cozinha, onde areava a louça, quando a querida macaca entrava em campo em sua TV preto e branco. Para que cores? Seu coração era preto e branco. Seus ídolos entravam em campo para sua grande euforia. Estava lá, para sua admiração, o zagueiro Bruninho, aquele que segurava o ataque inimigo. Nada mais importava naquele momento, simplesmente porque o Moisés Lucarelli estava lindo e o único desejo era ver a Ponte Preta de Campinas superar seu adversário. Então, paralisada em frente ao televisor, vinham-lhe os sonhos. Quem sabe um dia entrar naquele estádio, junto com aquela torcida maravilhosa e vibrando a cada lance de sua macaca majestosa. Quem sabe um dia não veria seu time do coração desfilar pelas ruas de Campinas sobre um carro do corpo de bombeiros, passando pela Avenida Francisco Glicério e descendo a Rua Conceição, comemorando mais um título. Eram os sonhos de uma mocinha grandiosa, que perdeu a mãe tão cedo e que nunca conheceu o pai. Que viveu em um orfanato e que um dia teria uma imensa família, a família pontepretana. Eu não sei se foi assim que tudo ocorreu, em um determinado momento da vida de Maria Conceição Rodrigues. Mas, imagino que este amor imenso pela equipe de Campinas, adquirido quando só tinha 12 anos e trabalhava na casa da dona Ivone, no bairro Guanabara, sempre foi assim. E, em virtude desta presença ilustre nas partidas de seu time, certamente a memória pontepretana diz com a mesma emoção de sempre. "Ah! Conceição... eu me lembro muito bem..."



Crônica de Campinas

ALEXANDRE CAMPANHOLA


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