sábado, 29 de setembro de 2018

CURIOSIDADES DE CAMPINAS: Companhia Mc-Hardy



A Companhia Mc-Hardy foi a segunda indústria de fundição de Campinas. Ela foi fundada pelo industrial Guilherme Mc-Hardy.




Guilherme Mc-Hardy  foi um mecânico escocês procedente de Drumblair, que chegou ao Brasil em 1872 para trabalhar na Companhia Lidgerwood, em Campinas. Em 1875, fundou sua própria empresa, a Companhia Mc-Hardy & Cia., começando a produzir máquinas de beneficiamento de café, ferramentas e utensílios de ferro, e, anos mais tarde, motores e caldeiras.

 
 

Não sem algumas dificuldades, ele conseguiu desenvolver seu negócio e em 1880 pôde ampliar suas instalações. Para tanto ele organizou uma dupla sociedade, constituindo respectivamente a firma Guilherme Mc-Hardy & Cia, tendo como sócio John James Ross e a Mc-Hardy & Cia – Fundição Campineira de Ferro e Bronze – para a qual se associou a Joseph James Sims. John Ross veio direto da Inglaterra a pedido de Mc-Hardy especialmente para ajudá-lo na expansão do estabelecimento; quanto a Sims, este já morava em Campinas, quando se associou a Mc-Hardy. 

Joseph J. Sims cuidou de formar a mão-de-obra que lhe era necessária na fundição, reunindo 54 aprendizes, na maioria brasileiros, que trabalhavam sob sua direção.




A Companhia Mc-Hardy estabeleceu-se inicialmente à Rua Bom Jesus, n˚23, atual Avenida Campos Salles, com a expansão do estabelecimento mudou-se para a Avenida Andrade Neves, n˚1 e 15, onde foi montada uma vasta oficina e uma fundição que ocupavam 8 mil metros quadrados, e não são somados a estes números os terrenos que foram adquiridos visando novas ampliações. Os prédios estavam localizados no quarteirão formado pelas ruas General Osório, Barão de Parnaíba, Bernadino de Campos e Dr. Ricardo.

 
 
 

Já no século XX, um dos prédios foi vendido à Cervejaria Colúmbia, e hoje pertence à Sociedade de Saneamento e Abastecimento de Água S.A – SANASA. Uma das quadras, onde existia o escritório da empresa ficava em frente à estação rodoviária. Este prédio foi vendido para Roque de Marco, depois que a empresa enfrentou problemas financeiros no final do século XIX.

Nos anos 20, a Mc-Hardy comprou mais uma quadra, na Avenida da Saudade, onde hoje é a Escola SENAI.

 
 
 
No dia 09 de outubro de 1883, ocorreu a inauguração das novas e grandes oficinas de fundição dos Srs. Guilherme Mc-Hardy & Cia.

Em outubro de 1886, durante a última visita do Imperador Dom Pedro II à Campinas,  a Mc-Hardy participou da recepção de rua para o casal imperial, formando uma ala composta por 160 dos seus operários. O Clube Musical Mc-Hardy, portando suas bandeiras e seu estandarte, fez-se presente entre as inúmeras bandas e agrupamentos de escolares e operários que também participaram das festividades programadas.

 
 
 

Em 1889, uma triste época em que Campinas foi violentamente atingida por um primeiro surto de febre amarela, Guilerme Mc-Hardy perdeu seus dois sócios e colaboradores, Ross e Sims, que faleceram quando a epidemia se alastrou pela cidade. Mas, Guilherme não desanimou que associando-se a um grupo de personalidades campineiras, tratou de transformar seu estabelecimento comercial e industrial em sociedade anônima.



 

Em 1891, a Guilherme Mc-Hardy passa a denominar-se Companhia Mc-Hardy Manufatureira e Importadora, uma sociedade anônima que tinha como objetivo atuar no que estivesse relacionado  com a fabricação e importação de máquinas, materiais para estrada de ferro, para abastecimento de água e dependência para iluminação, importação em geral e empreitadas, exploração de privilégios, concessões e contratos, fornecimentos para construções civis, navais e hidráulicas, além de adquirir, vender e fundar fábricas, fazer instalações, podendo explorá-las, arrendar ou vendê-las.



 
A nova empresa foi constituída com um capital social de quatro mil contos de réis, dividido em 20 mil ações. A primeira diretoria foi composta pelo fazendeiro Barão de Ataliba Nogueira, pelo industrial Guilherme Mc-Hardy e pelo advogado Gabriel Dias da Silva, todos residentes em Campinas. Em 1893, no lugar do diretor-gerente Guilherme Mc-Hardy, que permanecia na Europa, a princípio a serviço da companhia e em seguida por motivos de saúde, foi nomeado gerente o acionista Roberto Paton. Assinaram o estatuto da companhia, em 1893, Gabriel Dias da Silva, como diretor da companhia, e o Barão de Ataliba Nogueira, como presidente.

 

 
 
É interessante observar que entre os acionistas da Companhia Mc-Hardy Manufatureira  e Importadora, em 1893, aparecem vários empresários, imigrantes, fazendeiros de café e políticos importantes da cidade de Campinas e do Estado de São Paulo. Os maiores acionistas  em 1893 foram: o Banco dos Lavradores com 27,9% do total de ações, Guilherme Mc-Hardy com 25,2%, Gabriel Dias da Silva com 3,2%, Roberto S. Paton, com 2% e o Barão de Ataliba Nogueira com 25 das ações da companhia.

 
 

Em 1883, ela somava de 140 a 145 empregados. No ano de 1900 já eram 320 empregados.

 
 

Em 1894, Guilherme Mc-Hardy voltou à sua terra natal, e faleceu em 1914, aos 84 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na cidade de Aberdeen.

A partir de 1913, o Dr. Júlio Gerin, que desde o início do século XX ocupara o cargo de engenheiro gerente da companhia, assumiu a direção, tendo permanecido neste cargo até o início dos anos 40, quando o controle acionário da Mc-Hardy foi adquirido pelo Grupo Irmãos Duarte, de Americana.

Por volta de 1935, as oficinas foram tranferidas para um prédio próprio localizado na Avenida da Saudade, tendo permanecido na Avenida Andrade Neves o setor da empresa destinado a comercialização de produtos.

Até os anos 50 do século XIX, a Companhia Mc-Hardy foi a principal fabricante de equipamentos da cidade de Campinas e já diversificava seus produtos, fabricando furadeiras, serras...No início dos anos 60, a companhia entrou também na construção civil.





Sabe-se que a Companhia Mc-Hardy encerrou suas atividades produtivas em 1975, embora juridicamente  a empresa continuasse existindo.

Por volta de 1983, a Helcosa – Engenharia, Comércio e Indústria de Metais Ltda., situada no Km 99 da Rodovia Anhanguera, incorporou as máquinas da Mc-Hardy ao seu patrimônio.

Naquele ano, a Companhia Mc-Hardy fechou as suas portas definitivamente e deixou em Campinas uma história de sucesso, que sobrevive em suas ruínas vistas, sobretudo, da Avenida Andrade Neves.




Dentre os artigos fabricados pela Companhia Mc-Hardy ao longo de suas atividades pode-se destacar: Máquinas de beneficiar café de todos os sistemas: vapores, locomóveis e fixos; engenhos centrais para a fabricação de açúcar e aguardente; engenhos de serras circulares e verticais; catadores duplos; ventiladores dobrados e singelos; descartadores com graduação por fora; ventiladores de aspiração; ditos para matar formiga; rodas d`água; moinhos de todas as qualidades; bombas hidráulicas simpes e de pressão; moendas para cana; teares comuns e automáticos para algodão, seda e lá, caldeiras, turbinas, ferro fundido, aço, maquinas operatrizes (furadeira FMH-50), motores à vapor, alambiques, etc.]

 
 
 
O destino da produção era o Estado de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e exterior.

 

 

Fonte:







 
ALEXANDRE CAMPANHOLA

3 comentários:

  1. Atuamente moro proximo desta antiga fabrica e e bom saber sua histori.....Parabens aos historiadores

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  2. Só não li sobre o fato de que, na Av. da Saudade, a Companhia Mc-Hardy estava instalada exatamente ao lado dos trilhos da "gloriosa" Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Exatamente no "Pontilhão da Paulista", começava/começa a Rua José Paulino, de tantas glórias. Meu caminho diário, anos 55, 56, 60, .... Inesquecíveis!

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