sábado, 1 de setembro de 2018

UM POUCO DE HISTÓRIA: A Imigração Japonesa em Campinas


 
Caminhando certa vez pela Rua Camargo Paes, no bairro Guanabara, vi-me diante de um pedacinho do Japão em minha cidade. Um pedacinho cheio de história, como outros que há no Brasil, onde a cultura e a tradição japonesa enriquecem a própria cultura nacional, e mostra que o intuito da imigração nada mais é que a busca de uma vida melhor, uma vida feliz, mesmo que seja longe da terra natal.

 
 
 
 
Os primeiros japoneses vieram para o Brasil no navio Kasatu Maru, que atracou em Santos em 18 de junho de 1908. O navio trazia as primeiras 165 famílias japoneses que sonhavam com uma vida melhor. A maioria dos imigrantes fugiam da fome e da falta de oportunidade no Japão, como acontece com outros povos, nos dias atuais, em diversas partes do mundo.
 
 
 
 
Os japoneses foram levados para trabalhar nas lavouras, e muitos não sobreviveram por causa das condições extremas que passaram. Os trabalhadores tinham condições difíceis naquela época, o que reforça a importância das leis que garantem o bem estar e a dignidade daqueles que vendem a força de trabalho para sobreviver. Fatores como clima, comida, os costumes nacioais também dificultaram e muito a adaptação dos japoneses, e tais fatores foram mais assimiláveis pelos europeus. Aqueles imigrantes japoneses que superaram todas estas adversidades, trabalharam muito, sempre com a esperança de um dia voltarem ao Japão. Muitos, porém, fixaram raízes em terras brasileiras.


Família Sannomiya, imigrantes que chegaram na região de Campinas em 1922
 
 
Campinas foi um destino dos imigrantes japoneses também. O primeiro japonês que se estabeleceu nesta cidade foi Takeji Morita, que nasceu em Kagoshima. Ele era marceneiro e trabalhou na expansão da rede ferroviária da Sorocabana e Paulista. Takeji foi inventor e criou várias ferramentas agrícolas, e trabalhou na Fazenda Monte D`Este (Tozan). Ele casou-se com Tamayo Sakamoto, e juntos tiveram Sancho Morita, o primeiro filho de japoneses registrados em Campinas.


A faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) foi implantada graças aos esforços de especialistas na área, como Sancho Morita, que lecionou aulas práticas de tecnologia mecânica com o aval do reitor Zeferino Vaz.

 
Sancho Morita
 
A Fazenda Monte D’Este recebeu este nome da família Iwakasi, em 1927, e posteriormente foi denominada Fazenda Tozan, tornando-se um empreendimento do conglomerado Grupo Mitsubishi. Esta fazenda foi fundada em 1798, por Floriano Camargo Penteado, como o nome de Fazenda Ponte Alta. Tinha como base a cultura da cana-de-açúcar.




A historiadora Maria Katsuko Takahara Kobayashi, escreveu um livro que aborda a formação da comunidade japonesa em terras campineiras. Este livro se chama “A Comunidade Japonesa de Campinas”, e explica como os imigrantes japoneses organizaram-se nesta cidade. A abordagem destaca o surgimento de quatro grupos distintos de imigrantes, de acordo com suas características.
 
 
 

O primeiro grupo veio de Okinawa e chegou ao Brasil no navio Sanuki Maru, em 1918. Os imigrantes deste grupo vieram diretamente para Campinas para trabalharem nas lavouras, sob a liderança de Teimatsu Gusikuda ou Teisho Shirota. Estas duas denominações são devido as formas diferentes de ler o nome escrito em ideogramas japoneses. Eles trabalharam na Fazenda Itaoca, entre Campinas e Indaiatuba, em um total de 56 pessoas.

O segundo grupo estabeleceu-se na Fazenda Monte D’Este, também conhecida como Fazenda Tozan.

 
 

O terceiro grupo de imigrantes eram comerciantes, e veio do interior do Estado para trabalhar em pequenos comércios nesta cidade. Ijiro Aoki foi um deles. Ele é considerado o primeiro empresário japonês de Campinas e foi proprietário da Fábrica de Balas Aoki.

O quarto grupo veio diretamente do Japão como lavradores contratados e japoneses do interior do Estado de São Paulo e região, principalmente na Fazenda Chapadão.

Os bairros Samambaia  e Tapera foram os primeiros a terem núcleos japoneses no ano de 1946. Já em 1954, surgiu a Colônia Macuco, na divisa da cidade de Valinhos. Em 1956, a Colônia Pedra Branca entre o Rio Capivari e a Estrada Velha de Campinas-Indaiatuba. A Colônia Tozan surgiu em 1957.

Ao longo dos anos, as famílias de imigrantes japonesas espalharam-se pelo cidade de Campinas, mas por muito tempo a concentração maior ficou nos bairros Guanabara, Chapadão e Jardim Eulina.




Voltando à Rua Camargo Paes, no Guanabara, é importante destacar a presença do Instituto Cultural Nipo-Brasileiro de Campinas (ICNBC), inaugurado em 1951, que promove eventos e atividades para fortalecer a cultura japonesa. Neste bairro, os postes têm estilo oriental, ao lado da sede do ICNBC fica a Praça das Cereijeiras, e um poco mais adiante, na Praça Hideyo Noguchi, fica o busto do médico que deu nome a praça, e que esteve em Campinas na década de 1920. Hideyo Noguchi foi indicado três vezes para o Prêmio Nobel. Ele fez importantes descobertas sobre a febre amarela e a Sífilis.

 


 


Fontes:





 
 
 
ALEXANDRE CAMPANHOLA
 
 

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