A Casa Livro Azul foi um empreendimento comercial fundado em Campinas no dia 14 de novembro de 1876, por Antônio Benedicto de Castro Mendes em sociedade com o primo Joaquim Roberto Alves.
A compra da primeira impressora permitiu à impressão de cartões de visitas, e com a ampliação do negócio, logo também passou a contar com uma pequena papelaria, com estoque de caixas e artigos de escritórios, que atendiam os pequenos estabelecimentos que surgiam na época.
A Casa Livro Azul manteve-se em crescimento nos anos seguintes diversificando seus produtos. O empreendimento passou a comercializar produtos vindos do Rio de Janeiro e da Europa, e em 1888, começou a vender pianos importados da Alemanha.
Um dos sócios, Castro Mendes, era um homem culto que
muito contribui para o crescimento da loja. Com grande apreço pelas Artes e
Letras, ele exibia em sua loja uma infinidade de quadros e obras de artistas
reconhecidos. Tamanha sofisticação, atraia personalidades famosas da época como
o maestro Carlos Gomes.
A Casa Livro Azul foi o primeiro estabelecimento
comercial de Campinas a ter luz elétrica
A loja mudou do nome quando Castro Mendes associou-se ao irmão João Baptista de Castro Ferraz, passando a se chamar Castro Mendes & Irmão. Tempos depois, com o fim da sociedade surgiu em Campinas uma concorrente da então Ao Livro Azul, a loja Casa Mascotte, fundada pelo irmão de Castro de Mendes
Em 1900, a Casa Livro Azul era um negócio sólido no ramo da tipografia, papelaria, comércio de pianos e artigos importados, como brinquedos, louças finas e objetos para a casa. Ao final de cada ano, pelo Natal, Ano Bom e Reis, promovia exposições com bonecos articulados, que atraíam uma verdadeira multidão para suas vitrines.
Mas, Castro Mendes sabia que os produtos vendidos em São
Paulo eram de melhor qualidade e preço, e por isso, viajou à Europa, e trouxe
de Leipzig, na Alemanha, conhecida como a cidade do livro, novas tecnologias e
meios de fabricação de livros em branco. Visitou também centros de obras de
arte e comprou mercadorias em bronze, metal fino, mármores, entre outros.
Ainda em 1903, Castro Mendes convidou o professor Coelho
Netto para fundar o Club Livro Azul, um
local onde os artistas e intelectuais se reuniam para concertos, palestras,
cantos e declamações. Surgia assim um ambiente cultural onde aconteciam os chamados Concertinhos do Livro Azul. Nesta ocasião, Coelho Netto escreveu a peça
Pastoral, que foi encenada no Teatro São Carlos, por insistência da Castro
Mendes, com a participação dos membros do Concertinho e que teve uma repercussão muito grande na cidade.
Entre 1906 e 1908, A Casa Livro Azul teve seu momento de apogeu comercial, a solicitação de serviços tipográficos era enorme, e devido à alta demanda, muitas vezes seu horário de funcionamento se estendia, quando o horário habitual de fechamento do comércio de Campinas era às 21 horas.
Em 1934, Cleso de Castro Mendes, filho de Castro Mendes,
começou a gerenciar o negócio tornado-se sócio. Com isso, o empreendimento
mudou de nome e passou a se chamar Castro Mendes & Filho Ltda.
A Casa Livro Azul teve sua ascensão em um época em que Campinas crescia e se desenvolvia em função da produção cafeeira e do surgimento de comércios e indústrias.
Consolidada em seu ramo de atuação, o empreendimento foi símbolo daquele tempo onde uma certa camada da classe média e da aristocracia voltava-se para as artes e para o consumo de certos objetos e padrões estrangeiros.
Além de atender às necessidades de uma cidade em modernização, a uma clientela
diversificada, a diversos profissionais, estudantes, intelectuais, a Casa Livro
Azul também teve importante papel para o entretenimento da cidade, pois
concebeu importantes espaços como o Club Livro Azul, livraria e o espaço
cinematográfico, fruto da iniciativa de Castro Mendes que trouxe da Europa uma máquina de rodar filmes com algumas fitas, e passou a exibi-las em um sobrado vizinho
à sua loja.
A Casa Livro Azul existiu por 82 anos. Durante a Segunda
Guerra Mundial passou por dificuldades devido a problemas com a importação de
matéria-prima e produtos, à perda de importantes clientes importantes, como a Companha
Mogiana de Estradas de Ferro, e o surgimento de muitos concorrentes, mas ainda
assim, existiu por mais 12 anos, encerrando suas atividades em
1958.
Fontes:
https://www.unicamp.br/cmu/sarao/revista02/sarao_re_resenha_foto_02.htm
http://www.livroehistoriaeditorial.pro.br/pdf/marialygia.pdf
TEXTO: ALEXANDRE CAMPANHOLA
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