sábado, 14 de dezembro de 2024

🗣️ NOSSA ALTA SOCIEDADE: FIRMA NÊGA

Quando se fala nos tipos populares de Campinas, aqueles personagens do cotidiano da cidade percebidos pela constante presença nas ruas urbanas e por seus traços característicos, logo nos vem à memória Gilda, Mané Fala Ó, Dito Colarinho, Bozó, Zé Trovão, dentre outros, não é verdade?

Mas, é verdade também que muitos espectadores dos tempos desta Campinas mais inocente e pitoresca, mencionam com certa nostalgia o tal do Firma Nêga, que um dia não escapou das lentes fantásticas e valiosas de Aristides Pedro da Silva, o V8.


Pouco se sabe sobre o Firma Nêga. Até sua imagem foi por muito tempo um mistério para mim. Soube algumas peculiaridades sobre ele através de relatos daqueles que escrevem a história da cidade com suas incríveis lembranças, e vou construir agora um pouco da vida de nossa querido tipo popular através destes relatos.

Segundo um comentário de Davi Silva, o Firma Nêga estava sempre no Mercado Municipal de Campinas, e frequentava o Bar do Pachola.

José Carlos Guireli disse que conheceu o Firma Nêga por volta dos anos de 1970, e que o tipo popular vivia perambulando para os lados da Rua Barão de Jaguara e da Conceição. Toninho Tones Corrêa via o nosso personagem na Rua 13 de Maio e na Costa Aguiar.

Nossa amiga Romilda Casizzi Baldin lembra do Firma Nêga como um senhor que vivia bêbado lá para os lados do Externato São João.

A Mariucia Martinho lembra-se de que havia quem chamava o Firma Nêga de Segura Nêga. Já o Wilson Facchini comentou que o Firma Nêga dormia debaixo da escada da Catedral, falava "Firma Nêga" e um palavrão em seguida. Dione de Grossoli disse que os palavrões eram daqueles bem cabeludos.

O Renato Prado ao comentar deu uma pista sobre o nome do tipo popular. Segundo Renato,  seu pai dava almoço quase todo dia ao Firma Nêga, que, supostamente, chamava-se Damião. Este senhor, o Damião, imitava uma buzina.

Lázaro Narciso Rodrigues recordou do Firma Nêga como um homem bonzinho e humilde, que vivia no Largo da Estação e toda vez que dava uma balançada, para cair quase sempre de fogo, dizia "Firma Nêga", razão do seu apelido.

Jorge Luiz da Costa comentou que o Firma Nêga dizia para as pessoas amarem a mãe, que é única, pois pai tem bastante. Segundo Sueli Aparecida Ferrigo Reis, ele dizia exatamente isso quando parava para conversar nas portas das lojas, na Rua 13 de Maio.

Cássia Toledo Pisa lembra que Firma Nêga andava pelos lados da Prefeitura com livros e flores na mão, e quando via alguém gritava "Firma Nêga!".

Poderia colher mais e mais relatos, e ir tecendo a história deste tipo popular. Mas, como o meu tempo é escasso para tamanha pesquisa, vou esperar que esta publicação desperte o entusiasmo daqueles que conheceram ou observaram o Firma Nêga, e possam confirmar os relatos de seus colegas, e acrescentarem mais informações para que a memória deste personagem querido das ruas campineiras permaneça viva e sempre presente.


✍️ ALEXANDRE CAMPANHOLA 

Campinas, meu amor  


📖 NOSSA ALTA SOCIEDADE é o título dado pelo jornalista Moacyr Castro a uma crônica sobre os chamados "ditos populares", figuras do universo cotidiano de Campinas.

"Eram os maiores amantes da cidade. Jamais ouvi de qualquer um deles um gesto, uma expressão, contra Campinas. Também eram os que mais conheciam nossas ruas, praças, avenidas, becos, cantos e antros. Para muitos, eram loucos. Pela distância do tempo, sinto que eram loucos por esta terra, esses grandes conhecedores da alma campineira e dos campineiros. Palmilhavam Campinas inteira, dia e noite, sempre transbordando a alegria de viver aqui e com os que aqui viviam."


- Moacyr Castro -


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📸 Uma foto de Aristides Pedro da Silva, o V8

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