O Colégio Perseverança foi fundado no dia 5 de março de 1860 por Antônio Ferreira Cesarino e sua esposa Balbina Gomes da Graça, ambos negros, na Rua Alecrim, número 01.
Foi uma conceituada instituição de ensino, uma das mais antigas de Campinas, e uma das poucas, dentre aquelas que surgiram posteriormente, dedicadas à alfabetização da população negra. Também funcionou como externato. Era um colégio dedicado à educação de meninas e moças.
Antes de fundar o Colégio Perseverança, Antônio Cesarino foi aluno de música de Manoel José Gomes, o pai de Carlos Gomes. Também trabalhou na Fazenda de João Francisco de Andrade, e quando saiu de lá, exerceu a profissão de carpinteiro, música e alfaiate.
Na época em que era alfaiate, Antônio Cesarino estudava à noite e obteve um diploma de professor. Sua esposa, Balbina Gomes da Graça também era alfabetizada.
O Colégio Perseverança dedicou-se à educação de meninas negras, de órfãs e pobres, que estudavam com o apoio de bolsas financiadas pela subvenção da Intendência Municipal.
Também era frequentado por alunas brancas de famílias abastadas, durante a tarde. A mensalidade recebida com a educação destas alunas, permitia a manutenção da instituição, e que o conceituado professor Antônio Cesarino proporcionasse ensino noturno às mulheres escravas e negras.
A primeira gestão do externato foi feita por Balbina Gomes da Graça Cesarino. Além de diretora, ela era professora e lecionou no colégio. Mais tarde, O colégio foi dirigido pela dona Bernardina Gomes Cesarino, filha mais velha de Antônio Cesarino. Neste colégio eram ministradas aulas de Primeiras Letras, Matemática, Português, Francês, História, Geografia, Costura, Desenho, Canto e Dança.
Outro ensino que era priorizado no colégio era para formação de excelentes donas de casa, que após o casamento, fossem hábeis na gestão doméstica. Além do ensino que aprimorasse os atributos femininos, de acordo com os padrões da época.
O Colégio Perseverança foi elogiado até pelo imperador Dom Pedro II, em sua visita há alguns estabelecimentos de ensino de Campinas, no ano de 1875, embora ele tivesse atribuído à propriedade do local a um casal pardo, não admitindo que eram negros.
Neste ano, o colégio possuía 50 alunos, algumas delas, pertencentes a importantes famílias da cidade, que pagavam altas mensalidades. O quadro docente, além de Antônio Cesarino e a esposa Balbina, era composto pelas filhas do casal: Amância, Bernardina e Balbina.
O colégio participou da formação de muitos campineiros e nele lecionaram notáveis personalidades, como Leopoldo Amaral, grande jornalista, historiador e cronista da cidade, que se lecionou no externato, e Amador Florence, o filho mais velho do primeiro casamento de Hércules Florence. Ele tornou-se professor de Latim, Francês e Desenho no Colégio Culto à Ciência.
Segundo consta em sua história, Colégio Perseverança foi reaberto em um novo endereço, anos depois da sua fundação, e ficava em frente ao passeio público, atual Praça Imprensa Fluminense, que era um dos lugares mais higiênicos e aprazíveis desta cidade, na antiga Rua do Comércio, atual Rua General Osório, no número 56.
Em 1869, durante a gestão de Amância e Bernardina, filhas de Antônio Cesarino, o Colégio Perseverança passava por dificuldades financeiras, e foi solicitada junto à Câmara Municipal isenção de impostos, pedido que foi repetido em 1873.
Alguns fatores que causaram a crise financeira no colégio foram as instabilidades econômicas que o país passava e algumas mortes na família Cesarino.
O Colégio Perseverança existiu até o ano de 1876, mas há informações de que fim das atividades da instituição foi em 1885.
✍️ ALEXANDRE CAMPANHOLA
Campinas, meu amor
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🔍 As narrativas e os arranjos da terminologia racial no período escravista brasileiro: o caso de Antônio Ferreira Cesarino
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